Nota de Gilberto Prazeres, secretário de João Campos (PSB), diverge dos dados da própria Prefeitura do Recife
Por André Beltrão – Pressionada por mais um desastre causado pelo deslizamento de barreira, a gestão João Campos (PSB) acendeu o sinal de alerta diante da repercussão negativa da má administração no enfrentamento às chuvas e distribuiu uma nota à imprensa nesta sexta-feira (7), tentando desmentir o vereador Eduardo Moura (Novo) sobre os números apresentados a respeito da execução orçamentária da cidade e os erros nas prioridades elencadas pela gestão do PSB.
Os dados apresentados pela gestão municipal, no entanto, não coincidem com as informações disponibilizadas pela própria Prefeitura em seu Portal da Transparência. A administração afirma ter gasto, nos últimos quatro anos, “mais de R$ 300 milhões” em ações de macrodrenagem. No entanto, os dados da ação “manutenção e retificação dos sistemas de macro e microdrenagem do Recife” apontam para uma despesa de R$ 236 milhões no mesmo período, R$ 74 milhões a menos que o valor apresentado pela administração municipal.
Ainda mais grave é a distorção dos dados relacionados às obras de contenção de barreiras (urbanização de áreas de risco). Enquanto a gestão João Campos declara um investimento de R$ 508 milhões, o valor realmente executado — considerando os empenhos liquidados — foi de R$ 292 milhões, 40% a menos do que o orçamento dos últimos quatro anos reservou para esse tipo de investimento (R$ 486,4 milhões).
O fato é que a gestão João Campos gastou, entre 2021 e 2024, R$ 609 milhões em shows, eventos e propaganda institucional, 159% a mais do que o valor investido em drenagem, o que revela os equívocos nas prioridades da gestão diante de uma cidade com problemas crônicos no enfrentamento às chuvas.
O fato de a gestão ter tentado desmentir o vereador — que assumiu o cargo em janeiro — mostra que as críticas ao “estilo João de governar” (muito voltado às redes sociais e à política de shows e eventos, negligenciando problemas estruturais mais difíceis de serem resolvidos) começam a desgastar sua imagem, até então inabalável.
Confira a nota enviada pelo secretário de Imprensa, Gilberto Prazeres para a imprensa. É tudo mentira:
“A Prefeitura do Recife informa que é falsa a informação. Nos últimos quatro anos, foram investidos mais de R$ 808,1 milhões em obras em áreas de morro e em ações de drenagem e mitigação de pontos críticos. Somente nas áreas de risco, são cerca de R$ 508,1 milhões na realização de 6.334 intervenções, das quais 6.021 já foram concluídas, entre construção de encostas, obras do Programa Parceria, aplicação de geomanta, recuperação de escadarias e implantação de corrimãos.
No que se refere à ações de drenagem, a Prefeitura do Recife investiu mais de R$ 300 milhões nos últimos quatro anos em ações de macrodrenagem de limpeza de canais, barragens móveis, microdrenagem, recuperação de paredes de canais e obras de drenagem através do Programa Rua Tinindo. Apenas na supressão de pontos de alagamento, foram investidos mais de R$ 25 milhões nos últimos quatro anos, em 21 pontos estratégicos para a mobilidade da cidade como Ruas Imperial e Concórdia (São José), Estrada do Encanamento (Casa Forte), Rua Lins Petit (Ilha do Leite), Rua Amélia (Espinheiro) e na junção da Avenida Conselheiro Aguiar com rua Bruno Veloso, em Boa Viagem.
Também está sendo finalizada a primeira etapa da dragagem do Tejipió, no bairro do Barro. A intervenção alcançou 85% de sua execução e abrange 850 metros do rio. A inauguração do novo Parque Alagável, no IPSEP, que teve investimentos de R$ 2,5 milhões, além das obras de alargamento do Rio Tejipió já contribuíram para mitigar o impacto das chuvas na bacia do rio. Por meio do ProMorar também estão sendo construídos os 3 primeiros reservatórios que têm o objetivo de reter parte da água para que não acumule no pavimento e não atinja os imóveis. Foram iniciadas as construções nos bairros que mais sofrem alagamentos na bacia do Tejipió, priorizando Ipsep e Imbiribeira.”
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