terça-feira, 31 de março de 2020

Bolsonaro se refere ao golpe de 64 como 'dia da liberdade'

O golpe inaugurou uma ditadura que durou 21 anos, período em que o país teve cinco presidentes militares

Reuters
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se referiu, nesta terça-feira (31), ao aniversário do golpe militar de 1964 como "dia da liberdade". Ao sair do Palácio da Alvorada, o presidente parou para conversar com apoiadores. Questionado por um simpatizante sobre o 31 de março, o presidente respondeu: "hoje é o dia da liberdade".

Capitão reformado do exército, Bolsonaro é um defensor do regime militar que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985. 

O golpe inaugurou uma ditadura que durou 21 anos, período em que o país teve cinco presidentes militares.

Em seu momento de maior repressão política, o regime fechou o Congresso Nacional e as assembleias estaduais.

Relatório final da Comissão Nacional da Verdade, apresentado em 2014, afirmou que 423 pessoas foram mortas ou desapareceram no período que vai de 1964 a 1985. Segundo a comissão, os crimes foram resultado de uma política de Estado, com diretrizes definidas pelos presidentes militares e seus ministros.

Bolsonaro não foi a única autoridade a defender o regime de exceção. O vice-presidente, general Hamilton Mourão, publicou uma homenagem em sua conta no Twitter.

"Há 56 anos, as forças armadas intervieram na política nacional para enfrentar a desordem, subversão e corrupção que abalavam as instituições e assustavam a população. Com a eleição [indireta] do general Castello Branco [o primeiro presidente da ditadura], iniciaram-se as reformas que desenvolveram o Brasil", escreveu o vice.

Além das manifestações do presidente e seu vice, o Ministério da Defesa publicou, na noite de segunda (30), uma ordem do dia alusiva à data. O texto chama a tomada de poder pelos militares de "marco para a democracia brasileira".

A ordem do dia também diz que, à época, "a sociedade brasileira, os empresários e a imprensa entenderam as ameaças daquele momento, se aliaram e reagiram". O ministério se refere às supostas ameaças como "ingredientes utópicos" que "embalavam sonhos com promessas de igualdades fáceis e liberdades mágicas". "O movimento de 1964 é um marco para a democracia brasileira. Muito mais pelo que evitou", conclui o documento.

Nesta terça no Alvorada, Bolsonaro também foi questionado sobre as declarações de seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Na segunda (30), o ministro disse que, diante da pandemia do novo coronavírus, não adianta isolar apenas os idosos, como tem defendido o presidente.

"Qualquer medida que fale em movimentação da nossa sociedade não pode deixar de olhar para esse gráfico aqui. Então é só pegar as pessoas acima de 60 anos e cuidar? Como se essas pessoas estivessem dentro de uma cápsula. Essas pessoas moram com vocês, essas pessoas têm netos, filhos, trabalham, pegam ônibus, são ambulantes. São eles que podem ser [as maiores vítimas], os próprios ambulantes que a gente quer acelerar e cuidar da economia informal", disse Mandetta.

O presidente reagiu à fala nesta terça. Primeiro, disse que não sabia o que seu subordinado tinha falado e em seguida afirmou: "não se esqueça de que eu sou o presidente".

Bolsonaro também usou uma fala do diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, para justificar seus argumentos de que a população precisa voltar a trabalhar para não sofrer os prejuízos econômicos do período de isolamento.

"Vocês viram o que o diretor da OMS falou? Que tal eu ocupar a rede nacional de rádio e TV à noite para falar sobre isso? O que ele disse praticamente? [Que,] Em especial os informais, têm que trabalhar".

Apesar de mencionar o diretor-geral OMS em sua declaração, Bolsonaro não mencionou que o dirigente da organização internacional também destacou que o isolamento social é hoje a principal medida de enfrentamento ao Covid-19.

A entrevista de Bolsonaro nesta terça foi marcada por interrupções de seus apoiadores.

Em determinado momento, um dos simpatizantes, que gravava a conversa, acusou os repórteres presentes de "jogar os ministros contra Bolsonaro" e, aos gritos, os chamou de "canalhas".

Diante das queixas dos repórteres de que o objetivo da entrevista era ouvir o presidente, e não um apoiador, Bolsonaro respondeu: "é [o apoiador] ele que vai falar".

Nesse momento, os profissionais de comunicação presentes na coletiva se afastaram da área de imprensa e se retiraram da entrevista.

Coronavírus: Einstein e Sírio afastam 450 funcionários

O Einstein informou que "348 dos 15 mil colaboradores (2%) foram diagnosticados com a doença, e 13 estão internados"

A covid-19 chegou com força ao pessoal médico e de enfermagem e a funcionários que lutam contra a doença nos principais hospitais de São Paulo. Levantamento dos Hospitais Sírio Libanês, com 104 afastados, e Israelita Albert Einstein, com 348, já somam 452 profissionais da área da saúde afetados. Além disso, um levantamento do Sindicato dos Servidores de São Paulo, com dados do Diário Oficial da Cidade, aponta que de 1.º a 28 de março houve 1.080 afastamentos na rede pública por suspeita de contaminação.

Em nota, divulgada nesta segunda-feira, 30, o Einstein informou que "348 dos 15 mil colaboradores (2%) foram diagnosticados com a doença, e 13 estão internados". De acordo com o hospital, "desses, 169 (1%) são da assistência (profissionais com formação em saúde, como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem) e 47 deles já retornaram ao trabalho."

Para a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo, Solange Caetano, a situação dos servidores e funcionários da saúde é muito grave também pela escassez de materiais de trabalho. "Falta macacão, gorros, máscaras, álcool em gel." Ela alertou que os trabalhadores dos hospitais e unidades de saúde estão reclamando da falta de equipamentos de proteção individual (EPI), o que prejudica as condições de trabalho em diversos hospitais, ambulatórios, Upas e Amas.

"Vamos pedir ao governo do Estado que compre mais desses equipamentos de proteção", afirmou ela. "O governo precisa intervir para a produção de máscaras e vestuário de proteção", afirmou.

De acordo com a enfermeira Ana Lúcia Firmino, que trabalha em uma unidade de atendimento especializado em Santana, o material para a enfermagem deve durar somente até o fim desta semana. "Hoje, segunda-feira, temos insumos. Mas o material deve durar somente até o fim desta semana", alertou. A enfermeira contou que a dificuldade ocorre tanto no setor público quanto nos hospitais privados. Já enfermeiros que trabalham no Hospital do Mandaqui relatam que pelo menos dois colegas estão hospitalizados, uma delas ha UTI, com covid-19.

No Sírio, a informação nesta segunda-feira era de que houve 104 afastamentos de funcionários contaminados pela doença. O hospital esclareceu que esse total envolve desde médicos a pessoal da enfermagem, limpeza e auxiliares administrativos. Desde 25 de fevereiro, data do registro do primeiro caso da covid-19, "348 dos 15 mil colaboradores (2%) foram diagnosticados com a doença, sendo que 13 estão internados". O levantamento do hospital aponta que "desses, 169 (1% do total de funcionários) são da assistência (profissionais com formação em saúde, como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem), e 47 deles já retornaram ao trabalho."

Mortes

Nesta segunda-feira, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) anunciou pesar pela morte do técnico de enfermagem José Antonio da Boa Morte, vítima da covid-19. "José Antonio era técnico de enfermagem nos serviços de ambulância e foi afastado do serviço assim que manifestou os sintomas." É a segunda comunicação de morte pela covid-19 feita pela entidade. A primeira foi no dia 29, falando da perda de Viviane Rocha Luiz, de 61 anos, assessora técnica do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).

No inicio da noite de ontem, Lourdes Estevão, ex-conselheira municipal de saúde e integrante do Sindicato dos Servidores do Município de São Paulo, disse que a morte de Jose Antônio é mais um alerta para o que está ocorrendo entre os trabalhadores da saúde em São Paulo. Ela contou que um levantamento da entidade no Diário Oficial da capital mostra que já ocorreram pelo menos 1.080 afastamentos de servidores municipais na área da saúde por suspeita da covid-19. "Os trabalhadores estão apavorados. A cada dia aumenta o número de infectados, de manhã é um quadro, à tarde, outro", afirmou.


Com uma média salarial em torno de R$ 2,5 mil, pessoal de enfermarias e hospitais enfrenta ainda a escassez nos equipamentos, como aventais e máscaras", afirmou. Segundo ela, "já há uma explosão de casos suspeitos".

A dirigente disse ainda que os suspeitos de infecção também não estão sendo testados para o novo coronavírus. "Não há testes para eles. Estão angustiados", afirmou. "Tem de proteger essa gente porque eles poderão vir a ficar doentes e terão de ocupar leitos da covid-19, que poderiam estar prontos para o restante da população", argumentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mais de 8,7 milhões de idosos já foram vacinados contra a gripe

 Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe começou no dia 23 de março e segue até 22 de maio

Reuters
Mais de 8,7 milhões de idosos já foram vacinados contra a gripe em todo o país até o início dessa segunda-feira (30). Isso representa 42,12% do total desse público-alvo a ser alcançado. Em relação aos trabalhadores de saúde, foram vacinados 1,7 milhão (34,81%) da meta. O Ministério da Saúde já enviou 23 milhões de doses para os estados.

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe começou no dia 23 de março e segue até 22 de maio. Neste período, serão realizadas mais duas fases em datas e para públicos diferentes. A meta é vacinar, pelo menos, 90% de cada um desses grupos, até o dia 22 de maio. O dia “D” de mobilização nacional para a vacinação ocorrerá no dia 9 de maio.

O estado do Amapá e o Distrito Federal foram os primeiros a atingir a meta de cobertura vacinal para o grupo de idosos, ultrapassando 90%.

Segundo o ministério, os dados sobre a vacinação são repassados pelos municípios e secretarias estaduais. “Até o momento, 9,22% dos municípios (514) ainda não registraram a quantidade de doses aplicadas no Sistema de Informação”.

Caminhoneiros

Os caminhoneiros e portuários serão o próximo alvo da campanha de vacinação contra gripe. Os profissionais de transportes terão prioridade no cronograma do Ministério da Saúde.

O anúncio foi feito, ontem, pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, ao lado do ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta, durante entrevista à imprensa.aTarcísio reforçou a necessidade de ações preventivas de combate ao novo coronavírus (covid-19), para as duas categorias.
Com informações da Agência Brasil


IRRESPONSABILIDADE: Witzel diz que Bolsonaro pode ser julgado por crime contra a humanidade

Ações que podem aumentar a pandemia podem ser caracterizados no artigo 7 do estatuto de Roma, crime contra a humanidade. Tome as atitudes que sua consciência determine e seja depois responsabilizado pelos seus atos", disse Witzel

Reuters
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O governador Wilson Witzel (PSC) apontou, ao ser questionado sobre o passeio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pelo Distrito Federal neste domingo (29), que ações que podem aumentar a pandemia de Covid-19 podem ser caracterizadas como crime contra a humanidade.

"É um chefe de estado e não se admite que vá na contramão de organizações internacionais das quais o Brasil é signatario, como ONU e OMS. Ações que podem aumentar a pandemia podem ser caracterizados no artigo 7 do estatuto de Roma, crime contra a humanidade. Tome as atitudes que sua consciência determine e seja depois responsabilizado pelos seus atos", disse Witzel, em entrevista nesta segunda-feira (30).

O governador não citou o nome do presidente, mas respondeu a uma pergunta de um repórter sobre a caminhada feita por Bolsonaro, que causou aglomeração de pessoas, no momento em que a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o próprio Ministério da Saúde recomendam isolamento social no combate ao novo coronavírus.

"Não estou aqui para fazer prejulgamento de ninguém, mas se pudesse dar um conselho como jurista diria que está colocando em risco a sua liberdade. Se puder dar um conselho é: não desafie as autoridades sanitárias, pois amanhã a responsabilidade virá, e infelizmente ela pode ser muito dura", analisou o governador do Rio de Janeiro.

O passeio de Bolsonaro ocorreu um dia após o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ter reforçado a importância do distanciamento social à população nesta etapa da pandemia do coronavírus. Witzel, inclusive, elogiou o ministro, após ouvir pronunciamento em que o médico voltou a apoiar o isolamento social. "O ministro Mandetta tem procurado orientar o presidente da melhor forma possível, tem cumprido sua missão. Deu entrevista que não deixa dúvida sobre a conduta de todos nós.

A entrevista que ele deu sábado (28) foi esclarecedora e eu não tenho dúvidas do que estamos fazendo é de acordo com o que determina ministro, secretário e OMS", analisou o governador do Rio.

No aniversário do golpe de 1964, Mourão exalta ditadura pelo Twitter

O secretário executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Paulo Abrão, também lembrou a data como "o dia que a democracia foi extinta"

Reuters
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, usou sua conta no Twitter para publicar uma mensagem exaltando o golpe que iniciou o período da ditadura militar no Brasil. A intervenção militar no País, que começou a partir de um movimento iniciado na noite de 31 de março de 1964 e na madrugada de 1º de abril, completa 56 anos nesta terça-feira.

"Há 56 anos, as FA intervieram na política nacional para enfrentar a desordem, subversão e corrupção que abalavam as instituições e assustavam a população. Com a eleição do General Castello Branco, iniciaram-se as reformas que desenvolveram o Brasil. #31deMarçopertenceàHistória", escreveu Mourão.

O vice não foi o primeiro a exaltar a ditadura nesta data. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, já havia emitido um comunicado na segunda-feira, 30, no qual chamou o golpe militar de 1964 de "marco para a democracia brasileira".

"Os países que cederam às promessas de sonhos utópicos ainda lutam para recuperar a liberdade, a prosperidade, as desigualdades e a civilidade que rege as nações livres. O Movimento de 1964 é um marco para a democracia brasileira. Muito mais pelo que evitou", escreveu Azevedo e Silva.

A ditadura militar durou até 1985 e é lembrada pelo fim das eleições diretas, pelo fechamento do Congresso Nacional, por censura, tortura e assassinatos praticados pelo Estado brasileiro.

Ditadura Nunca Mais

Entidades como a Associação Nacional de História (ANPUH) e o Instituto Vladimir Herzog, que leva o nome do jornalista morto pela ditadura em uma instalação do Destacamento de Operações de Informações (DOI), departamento do Centro de Operações de Defesa Interna, (CODI) do Exército, fizeram subir na rede social a hashtag #DitaduraNuncaMais. A campanha recebeu o apoio de líderes políticos e organizações.

O ex-ministro do Esporte e deputado federal por São Paulo, Orlando Silva (PCdoB), afirmou que o período militar foi o mais tenebroso da história brasileira. "Perseguição, tortura e assassinatos, terrorismo de Estado, fechamento do Congresso e do Supremo não podem ser enaltecidos."

O secretário executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Paulo Abrão, também lembrou a data como "o dia que a democracia foi extinta". "Um ato autoritário tão vergonhoso que até hoje tenta se justificar", afirmou.

O ex-presidenciável Guilherme Boulos (PSOL) classificou a data como "marco do autoritarismo, torturas e perseguição covarde". Em referência ao comunicado escrito pelo Azevedo e Silva, Boulos disse: "marco para a democracia brasileira foi o movimento das Diretas, que encerrou essa noite sombria de 21 anos."

Já o deputado federal Paulo Pimenta (PT-SP) afirmou que "em um governo repleto de militares", é necessário lembrar da data para que a história "não se repita".

Justiça dá prazo de 96h para fundo eleitoral ser usado contra covid-19

Bolsonaro e Davi Alcolumbre (DEM-AP) terão 96h para decidir sobre o uso do fundo eleitoral para contar a pandemia do coronavírus

Reuters
A Justiça Federal do Rio de Janeiro deu prazo de 96 horas para o presidente Jair Bolsonaro e o presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), decidirem sobre a transferência dos recursos do Fundo Especial de Financiamento das Campanha - o fundo eleitoral - para medidas de combate ao coronavírus. A liminar determinou que, se o prazo expirar sem a deliberação, a medida será tomada pela Justiça.

O fundo tem R$ 2 bilhões para serem usados nas eleições municipais deste ano. A liminar atende a pedido de ação popular apresentada pelo advogado Sergio Antunes Lima Junior. A deliberação pelo Congresso deverá ser realizada pelo plenário virtual. A liminar foi concedida pela juíza Federal Frana Elizabeth Mendes, da 26ª vara Federal do Rio de Janeiro.

Em permanente atrito com o Congresso, o presidente Bolsonaro e aliados, desde o início da crise de saúde provocada pela pandemia da covid-19, têm sugerido aos congressistas que destinem o dinheiro do fundo eleitoral para medidas de enfrentamento dos impactos negativos do alastramento do vírus no Brasil.

Na decisão, a juíza argumenta que, num país de dimensões continentais como o Brasil, com mais de duzentos milhões de habitantes, "já tão castigado em situação de normalidade pela ineficiência crônica do sistema de saúde", não pode haver recursos paralisados para futura e incerta utilização no patrocínio de campanhas eleitorais.

Ela cita que o Brasil discute a alocação de recursos para o combate da covid-10 em um pouco mais de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto em outros países o socorro alcança até 17%, como no Reino Unido e Espanha. "Nos EUA, a proporção já chega a 6,3% do PIB, podendo chegar até 11,3%, e na Alemanha e França, ao equivalente a 12% e 13,1% do PIB", diz a juíza.

A AGU já recorreu ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região para derrubar a decisão, sob a alegação de que o entendimento da juíza "gerará uma situação de grave lesão à ordem pública e à ordem administrativa, interferindo de maneira absolutamente sensível na separação de poderes, usurpando competências legitimamente concedidas não só ao Poder Executivo, como também ao Legislativo (Congresso Nacional), colocando em risco a normalidade institucional do País".

"Não é demais salientar que ao Poder Judiciário não é dado formular políticas públicas, ainda mais em matéria tão sensível quanto a orçamentária, o que dá conta de quão inconstitucional e antinstitucional é a decisão", sustenta a AGU no recurso.

Nas redes sociais, críticas ao presidente superam apoio

Um levantamento com base em hashtags (palavras-chave) relacionadas a Bolsonaro no Twitter revelou que os opositores superaram os apoiadores na rede

 Reuters
O número de opositores do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais superou o de apoiadores nas duas últimas semanas, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Desde que Bolsonaro foi a um ato contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal em frente ao Palácio do Planalto, em meio à pandemia do coronavírus, 1,4 milhão de perfis do Twitter atacaram o presidente, enquanto 1,2 milhão o defendeu. O levantamento foi feito pela consultoria Bites entre os dias 15 e 26 de março, com base em hashtags (palavras-chave) relacionadas ao mandatário na plataforma.

No período da análise, Bolsonaro minimizou os efeitos do coronavírus, uma "gripezinha", em suas palavras, fez um pronunciamento em rede nacional de TV para criticar medidas de isolamento social, como o fechamento do comércio e de escolas, e intensificou o embate com governadores, a ponto de discutir com o paulista João Doria (PSDB) durante uma reunião por videoconferência.

Embora a quantidade de apoiadores do presidente tenha sido menor, eles fizeram mais publicações: 5,1 posts por perfil, em média, ante 2,1 mensagens de cada opositor. Isso mostra que, mesmo perdendo espaço nas redes sociais, os simpatizantes de Bolsonaro estão atuando para não deixar a narrativa da oposição ficar mais forte, segundo o professor da FGV Marco Antônio Teixeira. "É nítido que cresce uma opinião pública contrária ao presidente, sobretudo com o coronavírus, quando ele assume posições ambíguas ao próprio Ministério da Saúde", afirmou Teixeira.

Ao analisar o movimento nas redes sociais desde o dia 15, o diretor de Relações Governamentais da Bites, André Eler, lembrou que no dia em que participou do ato, Bolsonaro começou a ser criticado por influenciadores digitais que já o apoiaram, como o humorista Danilo Gentili e o youtuber Nando Moura. Três dias depois, foram registrados panelaços contra o presidente em 22 capitais. Segundo o levantamento da Bites, no dia 18, as referências ao presidente no Twitter atingiram um pico de 2,5 milhões, ante uma média diária de 500 mil. Foram 498 mil mensagens contra o governo e 330 mil a favor.

No dia seguinte, porém, o bolsonarismo voltou a equilibrar a disputa nas redes com a crise causada pelas declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) contra a China e a reação da embaixada chinesa, que exigiu um pedido de desculpas.

Governadores

Em evidência desde que passaram a recomendar o isolamento social, medida criticada por Bolsonaro, os governadores se fortaleceram nas redes sociais, aponta o levantamento. Governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) registrou o maior ganho porcentual entre 20 e 27 de março - 23,9%. No período, viu o número de seguidores em suas redes saltar de 469.241 para 581.420. Na primeira quinzena do mês, quando a pandemia do novo coronavírus ainda não era discutida, apenas uma publicação de Barbalho superou 5 mil curtidas. Entre 16 e 26 de março, 26 posts ultrapassaram a marca.

"Como a população está assustada e Bolsonaro é essa figura errática, as pessoas encontraram referência nos governadores", disse o cientista político e professor do Insper Carlos Melo. Também aumentaram suas bases no período os governadores de Santa Catarina, Comandante Moisés (PSL), 19,76%; do Ceará, Camilo Santana (PT), 15,13%; e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), 11,56%.

Um dos principais opositores de Bolsonaro, Doria conquistou 56.062 novos seguidores e reverteu uma tendência de perda que o acompanhava desde o início do seu mandato como governador. Ele concentra 30% do volume de seguidores no Twitter, Instagram, YouTube e Facebook entre os chefes dos Executivos estaduais. Já Wilson Witzel (PSC), do Rio, embora ainda tenha menos seguidores que Doria, tem sido mais citado, de acordo com a Bites. Nos últimos 12 meses, 336 mil usuários do Twitter o mencionaram, enquanto 231 mil falaram sobre Doria.

'Pibinho'

O presidente Jair Bolsonaro começou a perder apoio virtual no último dia 4, quando foi anunciado o resultado do PIB de 2019, de 1,1%, segundo análises feitas pelas empresas Bites e Arquimedes, especializadas em medir o comportamento nas redes sociais. Naquele dia, de acordo com levantamento da Arquimedes, Bolsonaro contou apenas com seus apoiadores mais fiéis, perdendo a adesão de setores liberais e conservadores.

Segundo os analistas, desde então, o presidente tentou reagrupar seus apoiadores, que estavam divididos entre ataques ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e ao PT. Disse, sem apresentar provas, que a eleição de 2018 foi fraudada, explorou uma reportagem do médico Drauzio Varella com uma presidiária trans e atacou o Parlamento.

Na semana seguinte, com as quedas das bolsas e a alta do dólar, Bolsonaro teve o pior desempenho no Twitter desde que tomou posse. No dia 15, quando grupos bolsonaristas foram à ruas contra o Congresso e o Supremo, o presidente voltou a ter popularidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

ATÉ QUANDO ELE VAI AGUENTAR: Bolsonaro estimula apoiadores a hostilizar jornalistas

Os jornalistas presentes na entrevista coletiva deixaram o local

POR ESTADÃO CONTEÚDO
Mais isolado ainda - Reuters
Jornalistas que fazem a cobertura diária do Palácio da Alvorada se retiraram de entrevista concedida pelo presidente Jair Bolsonaro na manhã desta terça-feira, 31, após ele estimular apoiadores a hostilizarem os repórteres que estavam no local.

O presidente havia sido questionado sobre declarações do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que tem defendido o isolamento social para evitar a propagação do coronavírus no País, na contramão do que tem dito o próprio Bolsonaro.

"Eu não sei o que ele falou. Eu parto do princípio que eu tenho que ver, não só ler o que está escrito", começou a responder Bolsonaro. Um apoiador, porém, o interrompeu e passou a hostilizar os jornalistas, com xingamentos. Instado a continuar a responder, o presidente afirmou que quem responderia seria o apoiador, que se identificou como "professor opressor".

"É ele que vai falar", disse. Neste momento, os repórteres que estavam no local, uma área cercada na entrada da residência oficial, se retiraram do local.

A atitude surpreendeu Bolsonaro, que questionou: "Vai embora? Vai abandonar o povo? A imprensa que não gosta do povo", disse o presidente.

Sem a imprensa, o presidente continuou a conversar com apoiadores, destacando uma declaração do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, sobre a necessidade de se preservar empregos durante a crise do coronavírus. Na fala, o diretor do órgão internacional cita que, em alguns países, medidas de isolamento e restrições de circulação podem custar a sobrevivência de pessoas mais pobres pelo impacto na economia.

O presidente levou o discurso de Ghebreyesus anotado em folhas de sulfite para consultar durante a conversa com jornalistas e apoiadores.

Desde a semana passada, quando fez um pronunciamento em rede nacional de TV e rádio, Bolsonaro tem criticado medidas adotadas por governadores e prefeitos, como fechamento do comércio e de escolas. O argumento do presidente é de que, com isso, muitas pessoas que trabalham na informalidade perderão seu emprego e sua renda.

O isolamento da população, no entanto, é uma recomendação de especialistas e da própria OMS como forma mais eficaz de se evitar a propagação da covid-19, que já matou mais de 38 mil pessoas no mundo - 159 só no Brasil até esta segunda-feira (30).

MAIS RECURSOS PARA SAÚDE: Mário Faustino vai pedir ao Deputado federal João Campos, que destine recurso para O Hospital Dom Moura



Mário Faustino vai apelar ao deputado federal, João Campos, que neste momento difícil que passamos com a pandemia do coronavírus, destine recursos, através de emenda parlamentar, para beneficiar o Hospital Regional Dom Moura, que atende uma população de mais de um milhão de habitantes.. Faustino alerta que o Hospital Dom Moura, conta com uma equipe de mais de mil funcionários, que estão na linha de frente e que deve estarem protegidos, com máscaras cirúrgicas, máscaras Nº 95, capote cirúrgicos descativável e álcool gel.

PROGRAME-SE PARA ESSA SEXTA: 'La Casa de Papel' chega à última temporada; relembre o que já aconteceu e o que falta ser respondido

Quarta temporada da série estreia na sexta-feira, 3, na Netflix

Por: Agência Estado


Em 'La Casa de Papel', grupo de criminosos diz cometer crimes por ideologia - FOTO: Foto: Netflix/Divulgação

A terceira temporada de La Casa de Papel chegou ao fim com seu famoso grupo de ladrões em grandes apuros. E deu a deixa para os fãs: o bando liderado pelo Professor (Álvaro Morte) encararia o mais absoluto caos na quarta temporada da série espanhola, que estreia na sexta-feira, 3, na Netflix.

Mais uma vez, o plano perfeito do Professor - desta vez, o roubo ao Banco da Espanha - saiu do controle. Logo no primeiro episódio da nova temporada, Nairóbi (Alba Flores) aparece entre a vida e a morte, após levar um tiro de um franco-atirador da polícia, e a ex-inspetora Raquel, agora Lisboa (Itziar Ituño), sendo interrogada depois de ser capturada. E Lisboa, amor da vida do Professor, enfrenta o dilema de preservar os companheiros ou entregar todos para não ir à prisão e perder a guarda da filha.
O universo do grupo está em colapso. Crises, brigas, traumas, traições, reviravoltas, descontroles, e a polícia fechando o cerco. E, ainda assim, eles precisam correr contra o tempo e manter o plano de roubar o ouro de dentro do banco, para poderem sair vivos de lá.
Na semana passada, Álvaro, Alba e também Darko Peric e Luka Peros, intérpretes, respectivamente, de Helsinki e Marsella, falaram sobre La Casa de Papel e a nova temporada, em uma videoconferência com jornalistas da América Latina, do qual o jornal O Estado de S. Paulo participou. Todos, claro, em suas respectivas casas. Os quatro atores estão na Espanha, que já ultrapassou a China no número de casos de coronavírus. A reportagem do Estado perguntou a eles sobre a situação preocupante do país e de como estão se cuidando. "As cifras de contágio, de falecimentos apresentados todos os dias...
Temos todos que levar isso muito a sério, sermos responsáveis, e ficarmos em casa", diz Álvaro.
Darko contou que eles estavam há duas semanas confinados. "Cuidar-se. Cuidar uns dos outros", aconselha ele. "O mesmo aqui", emenda Luka. "Tem que se cuidar muito, isso não é brincadeira, é muito sério. Temos que ter paciência, isso passará com certeza, mas com muito tempo", completa o ator. Alba disse também que o momento exige responsabilidade e de se ficar em casa. "E estou muito orgulhosa dos profissionais de saúde aqui de Madri, de toda a Espanha e do mundo também. Saímos todos os dias nas janelas para aplaudi-los", afirma a atriz.
Alba interpreta uma das personagens populares da série. Aliás, Nairóbi foi ganhando espaço, e relevância, ao longo das temporadas. É dela frases marcantes, como ‘Que comece o matriarcado’. Muito disso é mérito da atriz, que personaliza Nairóbi com sua atuação. Não é possível imaginar outra atriz nesse papel. Sobre essa transição de sua personagem, Alba diz que ficou surpresa, mas também acredita que tem sorte.

Desdobramentos

Nesta 4ª temporada, Nairóbi está no cerne do caos, como um desdobramento do que aconteceu na temporada anterior. Ali, ela caiu na isca da polícia e foi atingida com um tiro, e agora, está lutando pela vida. Essa situação extrema faz com que todos os companheiros voltem seus esforços para salvá-la. Eles baixam a guarda enquanto os inimigos, no lado de dentro e de fora do banco, aproveitam para avançar algumas casas nesse jogo.
Juntam-se a isso a captura de Lisboa, a desestabilização do Professor quando a polícia forja a morte de sua amada, os traumas de Rio (Miguel Herrán) após ser submetido a torturas, entre outros percalços que não podemos citar aqui. "Dentro do Banco da Espanha, vai se desenvolver muito a idiossincrasia do grupo, quem é leal a quem, a parte das relações pessoais entre os membros do grupo. Também, nesta temporada, há movimento nesse sentido. Parece que, em vez de unir mais o grupo, num momento de tanto estresse, eles estão se separando", analisa Alba.
Assim como o público, os atores contam que também são pegos de surpresa pelo roteiro. "Te surpreendem. Eu não sabia que Helsinki é gay. Não é como qualquer série de suspense, de ação", diz Darko.
Produção bem-sucedida da Netflix, La Casa de Papel pode ganhar outra temporada. Álvaro conta que procura não pensar na pressão que naturalmente o sucesso da série traz. "Falo por mim: temos que deixar fora do set essa pressão; se não, fica impossível se concentrar. Se você está pensando que tem que cobrir uma expectativa, você não vai conseguir dar 100% do que quer dar diante da câmera", diz o ator. "Quando estamos trabalhando, deixamos tudo isso à parte e nos contentamos com o que estamos fazendo. Trabalhar com coração, 100%, com todo amor do mundo."

Governo de Pernambuco desmente fake news sobre morte associada ao coronavírus

Diferente do que circulou nas redes sociais, a morte do homem de 57 anos não constou nos boletins epidemiológicos como mais um caso de coronavírus

Por: Carolina Fonseca

O governo de Pernambuco divulgou uma nota para desmentir notícias falsas que circularam nas redes sociais nos últimos dias - FOTO: Foto: Divulgação

Após postagens em redes sociais associarem a morte de um homem a um caso negativo para covid-19 que supostamente teria sido computado como um caso positivo, o governo de Pernambuco usou as redes sociais, na tarde desta segunda-feira (30), e publicou uma nota para desmentir a informação.

De acordo o governo, no último dia 23 de março, o Hospital Maria Lucinda registrou a morte de um homem de 57 anos e, na declaração de óbito, a médica que acompanhou o paciente registrou três possibilidade para a causa: síndrome respiratória aguda, covid-19 e pneumonia comunitária não-especificada
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Posteriormente, conforme o procedimento padrão, a vigilância epidemiológica testou as amostras do paciente e o resultado foi negativo para covid-19 e positivo para Influenza A. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, este óbito nunca constou nas estatísticas de mortes por covid-19. “Os óbitos pelo novo coronavírus não são contabilizados a partir de atestados, mas sim por testagem realizada pela Vigilância Epidemiológica do Estado”, afirma a nota.
Por ter colocado três possibilidades para a morte do paciente, informações que foram repetidas no atestado de óbito, o Hospital foi notificado sobre a incorreção no preenchimento da declaração de óbito. A SES-PE também encaminhou cópia do exame que identificou a testagem positiva para Influenza A e negativa para covid-19 do paciente em questão.
A SES-PE lamentou a utilização do momento de dor de famílias que perderam entes queridos e recomendou que a população se informe por meio de canais oficiais para evitar a divulgação de notícias falsas.

Boletins do coronavírus

De acordo com o boletim epidemiológico desta segunda-feira, Pernambuco confirmou 77 casos da doença e seis mortes. Entre os óbitos, um homem de 79 anos e um homem de 69 anos (ambos falecidos no Hospital Português), um homem de 82 anos (falecido no Hospital dos Servidores), um homem de 85 anos (falecido no Hospital Oswaldo Cruz), uma mulher de 69 anos (falecida no Hospital São Marcos) e um homem de 62 anos, (falecido no Hospital dos Servidores do Estado).

Estados26/2 — 30/3MortesLetalidade
Acre
042
00,0%
Amazonas
0151
10,7%
Amapá
08
00,0%
Pará
021
00,0%
Rondônia
06
00,0%
Roraima
016
00,0%
Tocantins
010
00,0%
Total - Norte
0254
10,4%
Alagoas
017
00,0%
Bahia
0176
10,6%
Ceará
0372
51,3%
Maranhão
023
14,3%
Paraíba
015
00,0%
Pernambuco
077
67,8%
Piauí
016
318,8%
Rio Grande do Norte
077
11,3%
Sergipe
016
00,0%
Total - Nordeste
0789
172,2%
Espírito Santo
072
00,0%
Minas Gerais
0261
10,4%
Rio de Janeiro
0657
182,7%
São Paulo
11,5k
1137,4%
Total - Sudeste
12,5k
1325,3%
Distrito Federal
0312
10,3%
Goiás
061
11,6%
Mato Grosso do Sul
044
00,0%
Matro Grosso
018
00,0%
Total - Centro-Oeste
0435
20,5%
Paraná
0155
31,9%
Santa Catarina
0197
10,5%
Rio Grande do Sul
0241
31,2%
Total - Sul
0593
71,2%
Brasil
14,6k
1593,5%