Sivaldo com ministros e com Marília Arraes
Aos poucos o prefeito Sivaldo Albino (PSB) vai consolidando uma liderança num estilo bem diverso do seu antecessor, Izaías Régis, que governou oito anos filiado ao PTB.
O gestor anterior gostava de falar muito, fazia autoelogios e procurava sempre passar a ideia de ser um talento nato em termos de administração pública.
Sivaldo é comedido, mede as palavras, não alardeia seus feitos, deixando para a equipe de comunicação divulgar o que está sendo feito.
As dificuldades do mandato têm sido grandes. O socialista venceu uma eleição difícil, pegou o município na pior fase da pandemia, com muitas pendências para resolver e setores da sociedade insatisfeitos por perder privilégios que vinham de mais de duas décadas.
O prefeito, no entanto, sabe onde quer chegar. Procura trabalhar com planejamento e tem dito reiteradamente que no momento certo as obras esperadas pela população vão aparecer.
Uma qualidade do socialista é a capacidade de dialogar com diferentes setores, não importa a ideologia.
Isso ficou claro no último domingo, quando recebeu em seu gabinete dois ministros do presidente Jair Bolsonaro.
Sivaldo certamente não vai apoiar a reeleição do atual dirigente do país, é bem provável que esteja no palanque de Lula, caso o PSB coligue com o PT, como se cogita.
Na eleição de 2018 defendeu o nome de Fernando Haddad em praça pública.
Mas nem por um minuto pensou em hostilizar os ministros, nunca abriu a boca em reuniões ou entrevistas para criticar Bolsonaro.
Sabe que precisa se relacionar bem com o Governo Federal, pois em Brasília é que se consegue dinheiro para trabalhar e realizar obras.
Assim, embora seja estreitamente ligado a Paulo Câmara, do Partido Socialista Brasileiro, apesar de ter na base de apoio a vereadora Fanny Bernal, do PT, o líder político garanhuense também tem ao seu lado, na Câmara, o vereador Thiago Paes, bolsonarista de carteirinha.
Sivaldo Albino se dá muito bem com o deputado Doriel Barros, presidente do Diretório Estadual do PT e recebeu no Palácio Celso Galvão, dias atrás, a deputada federal Marília Arraes, que além de ser do Partido dos Trabalhadores foi a principal adversária de João Campos na disputa pela prefeitura do Recife, o ano passado.
Isso se chama fazer política. Ter capacidade de somar, de conviver com os contrários, de encontrar pontos de convergência mesmo quando há divergência.
Brigar com governador não leva a nada. Garanhuns já viu esse filme e sabe o que perdeu. Trombar com o presidente da República é pior ainda.
Quando chegar a eleição, se faz política, cada um se posiciona do lado que considera melhor. Agora, em primeiro lugar estão os interesses do município e quem está no comando do Poder Executivo não pode se comportar como militante de DCE.
Graças a essa linha de ação, é que o prefeito de Garanhuns tem conseguido as coisas pra cidade.
Quando Sivaldo assumiu o cargo o município não tinha um leito de UTI para enfrentar a Covid. A cidade toda possuía 14 leitos de retaguarda.
Atualmente, são 20 Unidades de Terapia Intensiva e mais 10 estão sendo instaladas no Hospital Regional Dom Moura, que possivelmente nunca recebeu tantos investimentos quanto agora.
A Covid em Garanhuns já matou mais de 200 pessoas, as cidades da região enfrentam um momento terrível, até o Secretário Estadual de Saúde, André Longo, desconfia que alguma cepa mais letal do vírus chegou no Agreste, devido à gravidade da situação.
Dá pra imaginar como estaria a cidade se não tivessem vindo as UTIs, caso o número de leitos não tivesse mais que triplicado? É melhor nem pensar.
Na prefeitura, na Codeam, Sivaldo Albino consolida um estilo de liderança que pode render muitos dividendos a Garanhuns e ao Agreste Meridional.
Prestigiando os políticos, mas também os empresários, os profissionais de saúde, os professores, os funcionários públicos, os trabalhadores da limpeza.
O estilo cordial, porém, não impede que o prefeito tome medidas impopulares. Como quando trocou médicos, enfermeiras, dentistas e diretores de escolas que se perpetuavam em seus cargos há 15 anos ou mais, acomodados, em alguns casos, criando verdadeiros feudos nas comunidades.
Mais recentemente, o gestor assinou um decreto ampliando as restrições determinadas pelo governador Paulo Câmara, proibindo inclusive a venda de bebidas alcóolicas em qualquer tipo de estabelecimento.
Alguns comerciantes estão insatisfeitos, queriam estar de portas abertas o dia todo, inclusive nos finais de semana, mas quem lidera precisa ter responsabilidade e o mais importante agora é preservar a vida, tentar conter a propagação do vírus, preparar o município para quando a pandemia passar e for possível festejar na rua a vitória contra o inimigo traiçoeiro e invisível.
Claro que é cedo para julgar Sivaldo. Ele foi eleito para trabalhar quatro anos e ainda está começando o sexto mês de governo.
A fase é de plantio. A colheita vem mais adiante. Importante é que o prefeito tem uma meta, adotou um estilo, optou pelo diálogo, com os vereadores, com a sociedade, com Marília, Fernando Rodolfo, Felipe Carreras, Gonzaga Patriota, Paulo Câmara, os ministros Marcelo Queiroga e Gilson Machado, todos que de alguma forma podem colaborar com Garanhuns.
O município deve estar em primeiro lugar. Esse é o caminho. Quando chegar a hora o estilo de Sivaldo Albino como líder há de ser reconhecido e certamente vai render frutos a Garanhuns, uma cidade que precisa se livrar do Complexo de Peter Pan para, enfim, deslanchar, crescer e oferecer ao seu povo muito mais.
Potencial de desenvolvimento nós temos. Depende de nós todos e sobretudo do líder, que precisa ter uma visão ampla, pensar grande e nos tirar definitivamente da condição de província.
Por Roberto Almeida
Nenhum comentário:
Postar um comentário