Às vésperas do São João, o programa Diálogos Culturais em Rede, exibido pelo canal da Secult-PE no Youtube, sempre às terças-feiras, às 19h, traz uma conversa sobre os ritmos que não podem faltar no São João em Pernambuco: o coco, o forró e a ciranda.
Para essa conversa, foram convidados Patrimônios Vivos de Pernambuco: Mestra Ana Lúcia Nunes, a coquista de Amaro Branco, em Olinda, a Mestra da ciranda, Cristina de Andrade, e Salatiel D’Camarão, que não é patrimônio vivo, mas filho de um, o já falecido Mestre Camarão. Salatiel é historiador e forrozeiro.
Como mediadora, a convidada é a historiadora e pesquisadora na área de cultura popular, Carmem Lélis.
Patrimônio Vivo
“O concurso do registro do Patrimônio Vivo do estado de Pernambuco faz parte de um conjunto de políticas de salvaguarda do patrimônio imaterial e, nessa perspectiva, são valorizados as pessoas e os grupos que mantêm atividades ligadas aos saberes artísticos e tradicionais em diferentes segmentos", esclarece Marcelo Renan, historiador, pesquisador e gestor da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).
“Esse reconhecimento é direcionado à pessoa, àquele sujeito que, por conta de sua trajetória dentro de diferentes áreas artísticas e dos saberes tradicionais, garante a continuidade desses saberes e a transmissão para novas gerações. Por isso é tão importante reconhecê-los não apenas com o valor financeiro pelas bolsas a que têm direito os Patrimônios Vivos do estado, mas reconhecer o conjunto de atividades que eles realizam nas suas comunidades, apoiando e fomentando também outros momentos em que as tradições culturais deles acabam acontecendo”, completa Renan.
Filho de um dos primeiros Patrimônios Vivos do estado, Mestre Camarão, Salatiel D’Camarão concorda: “A política pública do Patrimônio Vivo proporciona nova formação de plateia, além de formar novos profissionais na área. Tenho muita sorte de ser filho do mestre. Fui filho, amigo e aluno do mestre. Pude usufruir do conhecimento e da vivência, ser ´doutrinado´”.
O São João, para Salatiel, tem cheiro, imagem, som, movimento. “Traz muitas lembranças sensoriais. É o melhor período do ano, quando podemos confraternizar desde com nossos ancestrais até com nossos filhos”, conta ele.
Já a Mestra Cristina de Andrade relata que aprendeu a ser cirandeira “dentro da ciranda”, já que toda a sua família é cirandeira. Ser Patrimônio Vivo é um reconhecimento que vem pra ela depois de muito trabalho. “Valoriza muito o trabalho da gente”. Saudades do São João tem muitas: tinha dia que cantava em cinco lugares diferentes. “Era a época que a gente mais praticava”, relembra.
Quase como se tivesse cantando um coco, Mestra Ana Lúcia diz: “Eu amo o coco e amo o São João. No coco, já encontrei todo mundo trabalhando. Tô aqui pra contar a história pra vocês. Estamos trabalhando por amor”, fala. “Faço tudo por amor à São João Batista e Santo Antônio”. Nascida no meio do coco, disse uma vez pro marido, caso ele implicasse com a escolha dela: “Você pode ir, que o coco é meu!”.
Os Patrimônios Vivos de Pernambuco são o elo entre a cultura e o povo. Em agosto, o Conselho Estadual de Preservação de Patrimônio Cultural divulga novos Patrimônios Vivos.
Diálogos Culturais em Rede
O webprograma “Diálogos Culturais em Rede” está promovendo, em junho, uma série de conversas sobre uma das festas mais tradicionais do Nordeste, o São João. O próximo programa, do dia 29 de junho, será em parceria com a Cepe Editora e tem como tema "Literatura e Canção Popular: o Forró na berlinda".
Quando: Terça, 22/06/21, às 19h
Onde: youtube/secultpe
Minibio dos participantes
Carmem Lelis – Mediadora
Nascida no Recife, Carmem Lélis é historiadora e pesquisadora na área de Cultura Popular. Atualmente é assessora técnica de Políticas Culturais da Secult/Recife.
Mestra Ana Lúcia Nunes
Com mais de 70 anos dedicados à cultura popular, cresceu ouvindo seu pai cantarolar enquanto trabalhava. Ainda menina, se envolveu com o samba de coco e desde então fez desse saber sua vida. Ainda por herança, tornou-se mestra do Pastoril Estrela de Belém, Foi mestra do grupo de coco do Amaro Branco e posteriormente fundou o grupo de coco Raízes do Coco.
Mestra Cristina de Andrade
Representante de manifestações da cultura popular como a ciranda, o pastoril, o Urso de Carnaval, a Bandeira de São João, a Lapinha, entre outras, Cristina Andrade é ligada à cultura pernambucana desde criança. Cristina também se tornou cantora e organizadora dos corais dos blocos: Após Fun, Bloco do Amor, Diversional da Torre e Urso Cangaçá, colecionando diversos títulos em todos os folguedos que participa. Também tem preservado e transmitido seus valores para filhos, netos e bisnetos. Aos 74 anos de idade, a mestra cirandeira e carnavalesca é reconhecida como uma grande liderança dos folguedos.
Salatiel D'Camarão
Forrozeiro e historiador, tem uma formação empírica proporcionada através da vivência com seu pai, um dos primeiros Patrimônios Vivos do estado de Pernambuco, o forrozeiro Mestre Camarão. Com formação técnica pelo Conservatório Pernambucano de Música, tem também o diploma de licenciatura em História com pós-graduação em História do Nordeste pela Funeso.
Mais informações e contatos para entrevista:
Coordenação Núcleo Cultura PE Digital
Paula Melo: 988017977
Andréa Mota: 999960142
Romero Araújo: 985986432
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