terça-feira, 26 de junho de 2018

AMIGO


·       Givaldo Calado de Freitas

Tenho sido muito procurado por um amigo. Ligações? Inúmeras... Passagens por meu escritório? Já se vão várias. Em minha residência? Outras tantas. Em uma delas, lá vem Emília: “Givaldo, ele está aí. O que o digo?” Pensei: “Ora, ora, Emília! Você está me vendo, aqui? Diga-o que não estou. Que saí. Que fui comprar picolé... Enfim, que sumi.” “Mas... Givaldo...”, insiste Emília.
“Tá bom. Tá bom... Vou lá. Vou lá.
Você sabe o que ocorre? Ele vive a me pedir explicação de tudo. E nem aos inimigos, que não tenho, se explica. Quem dirá a um amigo querido como ele... E depois, eu não gosto de quem me põe em dúvida. Ou confia ou não confia. E ponto final.”
Cheguei a ele e fui logo dizendo:
Amigo! Você vem me deixando triste. E essa tristeza faz-me mal. Queres-me essa doença da moda? Como é mesmo o nome dela?”
É que, amigo, não gosto quando se põe em dúvida o que digo. Sou-lhe claro: Ao amigo, peço que me acredite, no que pese o ditado árabe, que diz: ‘Nunca se explique. Os amigos não precisam. Os inimigos não acreditam’.”
E mais: Ainda não sou capaz de tirar as meias sem antes tirar os sapatos.
Nisso, chega Eraldo. Pergunto-o, na presença desse amigo sem fé: “Eraldo, você acredita em mim? Preciso estar lhe dando satisfação a todo hora sobre tudo que faço?”
Eraldo deixa de lado sua conhecida timidez e diz: “De jeito nenhum, Givaldo. Você é meu amigo. Sou seu amigo. Em você confio. E nada lhe pergunto quando as obviedades estão à mesa. E, com você, elas sempre estão.”
Voltei para o amigo e perguntei: “Sabe, agora, da diferença do amigo para o inimigo?” E disse mais: “Continuo aprendendo a arte de fazer política. Mas sei que o feio dela jamais aprenderei, porque não o absolvo. Porque assim fora formado pelos meus pais e pelos meus mestres no passado. E, a cada dia, me convenço mais de que preciso dos conselhos dos verdadeiros amigos. A M I G O S!”
O gol não saía. Via todos nervosos. Ora gritando. Ora aplaudindo. Gritando, cobrando de nossos heróis. Aplaudindo, saudando suas grandes jogadas.
E eu, aqui, de olho na telinha. E eu, aqui, tecendo essas linhas. E o danado do gol sem sair.
De repente, uma amiga: “Que fazes?” Disse-lhe: “Uma crônica sobre esse amigo, ali. Seu título: AMIGO”. 
De repente, de novo, o primeiro; o segundo, e eu já na crônica “GOL SUADO”, em adiantado estado de gestação.
Quase ensurdeci. Porque concentrado nas linhas. Porque felicitado nas jogadas. Que, afinal, fizeram registrar, no painel, Brasil 2 X 0 Costa Rica.

·        Acadêmico. Figura Pública.

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