Por
Humberto Pinho da Silva
Finalmente a espessa e pesada
cortina cinzenta, rasgou-se; e o azul cristalino do céu, surgiu, iluminado pelo
Sol quente e rosáceo. Tudo: árvores, ruas, jardins, tornaram-se, de repente
ainda mais coloridos e mais alegres.
Finalmente
chegou a Primavera! O tão desejado Verão chegou! …
E quem fica em casa, no quarto
sombrio, a ler ou a ver televisão, com tempo tão bonito, e não vai passear pela
cidade? Cidade cheia de encanto, como é a nosso Porto?
Após o almoço, desta aprazível
tarde de Primavera, quase Verão, resolvi dar uma volta pela baixa.
Volta dos tristes, como se
dizia no meu tempo de criança, ao circuito, que incluía: “ Santa Catarina”, “
Santo António” e “ Sá da Bandeira”.
Em “ Santa Catarina” deparei um
rio de gente! Rio plácido, onde, em lenta procissão, flutuavam, à tona,
cabecinhas embaralhadas: que iam do negro-ébano, ao branco-prateado, da neve,
passando por belos nuances de doirados.
Eram as cabeleiras dos
transeuntes, que inundavam a rua.
A custo, rompi avalanches
sucessivas de multidões. Multidões, portadoras de: malões, maletas e sacolas.
Cansado de turistas de
smartphone na mão, e olhos no mapa, prossegui para os lados da Trindade.
Foi ai, que vi, o que nunca
pensei ver: jovem, dos seus vinte anos, acompanhada de senhora idosa, colhia,
tranquilamente tulipas amarelas, que embelezavam o jardinzinho público! …
O caso não é inédito. Não vai
há muito, assisti, pasmado, a grupo de turistas, de nacionalidade desconhecida,
a cortar flores nos canteiros que circundam as traseiras da Câmara Municipal!
Fico pasmado, porque sou do
tempo em que não se podia calcar a relva, sem correr o risco de se pagar multa
pesada.
Se, então, havia rigor
exagerado (que servia para educar,) agora há inaudito à-vontade.
Os jardins e as floreiras da
cidade, são de todos. Todos podem usufruir a beleza, olhando; mas nunca colher
flores! …
Além de atrevimento, representa
falta de educação e ausência total de civismo.
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