domingo, 26 de abril de 2020

Os percalços do presidente Bolsonaro


Cássio Rizzonuto
O primeiro impacto causado por essa crise política ao vir à tona, na coletiva do ministro Sérgio Moro (ao anunciar sua saída da Pasta da Justiça), foi de profunda tristeza e prostração. Quem torce pelo Brasil sabe que, em clima de conturbação, forças malévolas e malignas se infiltram e buscam impor pauta de ruína e desmando.
O Brasil vem há séculos mergulhado na ignorância: analfabetismo (são raríssimos os que abrem um livro) e clima de alienação. A maioria exibe consciência herdada de ganhar dinheiro e sair fora para outras paragens (Portugal virou nosso apêndice), sem contar a impunidade dos que se apropriam dos cofres públicos e fica por isso mesmo.
Lutar contra tal estado de coisas não é tarefa simples, a se resolver entre dois dias e uma noite. Vejam como se formaram os potentados da comunicação que chegaram aos nossos dias. A Rede Globo é um escárnio, atentado ao bom senso. Os jornalões, que ainda não entenderam a era tecnológica, acreditam possuir o mesmo peso de antes.
Todos se acostumaram a facilidades imediatas dos recursos públicos, notabilizando-se na chantagem, pois dispunham de quase total audiência. A limitação intelectual de nossa população criou esses monstros repetidores de mantras desprovidos de sentido, onde a pornografia não combatida e a mentira pavimentam nossa derrocada.
A grande maioria dos altos postos de nossas instituições é ocupada por bandidos coniventes com o cenário descrito. Vejam o Poder Judiciário: quando aparece magistrado do quilate de Sérgio Moro é incensado e elevado à categoria de semideus. Nossa carência, nosso abandono, santifica quem age corretamente. Mas as pessoas não são perfeitas!
Culpou-se Bolsonaro por ter convidado Henrique Mandetta (DEM), para a Saúde, quando se sabia que responde a processos por roubos e desvios na distante Campo Grande (MS). O próprio Jesus Cristo colocou Judas entre seus apóstolos e um outro (Pedro) o negou por três vezes. O ser humano é incompleto. Todos nós temos falhas terríveis.
Quem não conhece a história de Jesus perdendo a paciência, chicote às mãos para expulsar os vendilhões do Templo? Sérgio Moro pecou porque agiu contra três leis das constelações sistêmicas, segundo a brilhante formulação de Bert Hellinger (1925-2019): 
Pertencimento, Equilíbrio e Ordem.

O ex-juiz federal não mostrou ter noção de pertencer a um grupo. Agiu sozinho, à margem, dependendo apenas dele mesmo. Não deveria sair falando, expondo relação que diz respeito apenas à ligação íntima do sistema. Seu ego inflado falou mais alto. Esqueceu milhões de pessoas que nele depositam confiança e quis desmontar o sistema.
A segunda lei violada foi a do equilíbrio. Funciona assim: um dá e o outro recebe. “Quem recebe fica grato e, de certa forma, em dívida. Portanto, dá de volta”. O ideal será dar um pouco mais, pois quem recebe fica em dívida e irá retribuir. É nesse vínculo que o amor cresce. Não se deve chutar o balde, mas aprender como funciona o equilíbrio.
A terceira lei é estabelecida pela ordem de chegada no sistema. Hierarquia cronológica. “Quem veio antes, precisa ser reconhecido como tal”. Sem esse reconhecimento e o respeito há um desequilíbrio no sistema. Existe a ordem de precedência: Moro chegou ao Ministério levado por Bolsonaro. Deveria respeitar!
O presidente precisa de apoio para levar adiante as reformas indispensáveis. O estado brasileiro é estado criminoso, as distorções são enormes. Se houver dispersão, agora, tudo poderá ser desmontado. Bem ou mal, o presidente é a esperança de mudança. Moro terá sua chance mais à frente. Mas não deveria jogar pedra em quem o acolheu.
As forças contrárias começaram a se arregimentar, para sequenciar o projeto de derrubar o presidente. Com argumentos falaciosos e velharias. Os que defendem o Brasil têm de se unir para impedir que frágeis conquistas sejam jogadas na sarjeta. Nossa esperança é a união em torno de princípios. As forças do mal estão vindo a todo vapor.

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