Como previsto por este blog, o cantor Edson Cordeiro lotou completamente as dependências da Catedral de Santo Antônio, nesta sexta (28) à tarde, quando se apresentou como contratenor com a Orquestra Jovem de Pernambuco, regida pelo maestro Rafael Garcia.
O público começou a chegar a partir das 13h30 e quando a apresentação começou, pouco após às 16h, todos os bancos estavam ocupados, havia muita gente em pé e outros se espalharam sentando no chão da Igreja Matriz da cidade.
Era uma plateia selecionada, com a presença de juízes, médicos, advogados, professores, jornalistas, funcionários públicos, empresários e intelectuais.
Muita gente de Garanhuns e também turistas.
Rafael Garcia, que é chileno, defendeu a apresentação de boa música para o povo e destacou que existe um tipo de som que faz bem aos ouvidos e outro que traz apenas poluição sonora.
Ele ressaltou que a Orquestra presente à Catedral garanhuense é formada por jovens que saíram do Coque, um dos bairros mais pobres do Recife.
Hoje, muitos desses músicos têm contratos com orquestras sinfônicas em diferentes estados do Brasil e alguns se apresentam até no exterior.
Alguns números de música clássica foram apresentados até que foi chamado ao púlpito do templo católico o contratenor Edson Cordeiro.
Mesmo sem a cabeleira farta (a cabeça está completamente raspada) de quando estourou no Brasil nos anos 90, Edson tem ainda o aspecto jovem, é simpático, demonstra simplicidade e cativou os fãs com um largo sorriso.
Os jovens músicos pernambucanos apresentaram peças de Mozart, a ópera Carmen (Georges Bizet) e outros grandes nomes dos clássicos e Edson fez o que quis com a voz, arrancando calorosos aplausos quando cantou A Rainha da Noite (que gravou num dos seus primeiros discos, quando ainda morava no Brasil), a espanhola Granada e outras canções que exigem recursos vocais que poucos artistas têm.
Edson Cordeiro mora na Alemanha há 10 anos e é um nome de prestígio em toda a Europa. Vê-lo em Garanhuns foi um raro privilégio de quem foi à Catedral e as pessoas que lotaram a igreja estavam absolutamente encantadas com a apresentação e por testemunhar um momento mágico proporcionado pela música do brasileiro que conquistou o mundo.
Coube a Rafael Garcia, com seu sotaque “castelhano”, dar uma alfinetada no desinteresse pela boa música ou pela cultura no Brasil.
O maestro disse que tem cinco filhos atuando na área artística e todos tiveram que viver fora do país, que não oferece condições de se trabalhar com boa música.
Frisou, ainda, que Edson Cordeiro hoje é um grande nome da música na Alemanha e outros países da Europa, mas no Brasil não é mais divulgado por nenhum meio de comunicação.
Infelizmente o músico tem razão: No Brasil não há o hábito da leitura, de se ouvir boa música, de visitar museus e galerias de arte, de frequentar teatros e assistir filmes de arte.
Nesse contexto, não é de admirar que um Festival com uma programação bem cultural seja tão criticado, pois o desejo de alguns é que o FIG seja prostituído com uma programação que contemple quem está na mídia, como Wesley Safadão, Luan Santana, Michel Telô e Marília Mendonça.
Muitos, por má fé ou ignorância, gostariam de ver o Festival de Inverno com uma programação de vaquejada.
Muitos, por má fé ou ignorância, gostariam de ver o Festival de Inverno com uma programação de vaquejada.
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