Festival contou com protestos antes mesmo da abertura dos portões no primeiro dia. Público ainda reivindicou as medidas que ameaçam a Amazônia
O Rock in Rio é um velho palco de manifestações políticas tanto dos artistas, quanto do público. Neste ano, não foi diferente. O primeiro fim de semana do evento foi marcado por gritos contra o atual presidente Michel Temer e as ameaças à Amazônia.
Na última sexta-feira, antes da abertura dos portões da Cidade do Rock, o “fora, Temer” ecoou. Quem aguardava para entrar se manifestou diante de câmeras de TV, que mostravam a expectativa para o festival. Mais tarde, em apresentações como de Pabllo Vittar, Fernanda Abreu e em uma homenagem ao samba, com cantores como Criolo, Alcione e Martinho da Vila, o grito de protesto foi novamente entoado pelo público.
No sábado, o “Fora, Temer” chegou ao palco, na boca da cantora Mariana Aydar, integrante do tributo ao músico João Donato. Depois, viria a Blitz. A banda carioca, em seu show no Rock in Rio de Janeiro de 1985, saudara o recém-eleito presidente Tancredo Neves. Na ocasião, um jovem Herbert Vianna, além de Cazuza, cantou por dias mais felizes no Brasil que se anunciava.
Já o Evandro Mesquita de 2017 convocou: “Vamos mudar o Brasil!”. Pôs um cocar na cabeça e clamou pela Amazônia – numa referência à liberação da mineração numa área protegida: “A Amazônia está seriamente ameaçada por políticos corruptos, mineradores, pecuaristas, por cobiça. O governo Temer quer salvar seu pescoço sucateando a Amazônia. Demarcações já!”. A falta de popularidade do atual presidente refletiu também no show de Johnny Hooker, Liniker e Almério, quando o telão mostrou a frase: “Amar Sem Temer”.
A escolha de músicas de cunho político foi outra ferramenta para marcar o posicionamento dos artistas. A Blitz fez um cover de Aluga-se, de Raul Seixas, que em 1980 já zombava: “Os estrangeiros eu sei que eles vão gostar/ Tem o Atlântico com vista pro mar/ A Amazônia é o jardim do quintal/ E o dólar dele paga o nosso mingau”. Frejat, neste domingo, lembrou Ideologia e Pro Dia Nascer Feliz, ambas carregadas de simbologia. Ao ouvir um sonoro “fora, Temer” da plateia, retrucou: “Tá na hora”.
No sábado, o discurso de Samuel Rosa, do Skank, não fez menção a um político em específico, mas à classe. “A gente não se parece com vocês, políticos brasileiros. Vocês são piores do que ladrões. Graças a Deus, a apatia do povo está se dissipando.”
A proteção da Amazônia, causa encampada pelo Rock in Rio com o projeto Amazônia Live, de restauração de árvores, já estava presente no Palco Mundodesde sexta-feira, nas vozes de Ivete Sangalo e Gisele Bündchen. O festival tem como parceiro o Ministério do Meio Ambiente.
(Com Estadão Conteúdo)
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