Muito se tem falado em Autismo ou Transtorno do
Espectro Autista. Mas o que é o Autismo e qual a importância de se saber sobre
este tema? Nossa sociedade ainda engatinha e tem muito a evoluir quando falamos
sobre o Autismo ou como caracterizamos atualmente os Transtornos do Espectro
Autista (TEA).
Doenças como a dengue ou o diabetes, por serem
difundidas e bem assimiladas pela nossa população há muitos anos, são
atualmente bem compreendidas pelas pessoas leigas. Resultado de anos de
cartazes, folders, medidas de prevenção empreendidas pela nossa sociedade
organizada, estas doenças estão na língua do povo e comentadas frequentemente
pelas pessoas quando alguém começa a ter seus sintomas.
Então voltemos agora a questão do autismo e a
necessidade de compreender melhor do que se trata. Para parte de um grupo de
especialistas, autismo é uma doença, para outros, uma deficiência e, para
alguns, é um transtorno. Vamos compreender com calma cada um desses aspectos.
Pessoas com autismo possuem, sim, uma dificuldade social, verbal e de conhecer
coisas novas, e isso é um grande obstáculo para conseguir ter uma vida
independente e em sociedade. Essas características são parte de um transtorno,
e são, juntas, uma deficiência. Esses comportamentos precisam ser tratados para
que a criança com autismo venha a ter uma vida plena, independente e feliz. As
barreiras que uma
pessoa autista enfrenta fazem jus a que ela seja beneficiária
dos direitos de pessoas com deficiência, porque verdadeiramente é uma dessas
pessoas.
Durante muito tempo as pessoas autistas eram
consideradas anormais. Depois compreendeu-se ser um distúrbio que, quando
orientadas, passam a ter uma vida normal e até com as mesmas qualidades de vida
de qualquer outra. Mas antes de tudo é bom que compreendamos que há vários
graus de autismo e cada um com maior ou menor complexidade para a vida de
relação do portador. É muito complexo definir os tipos de autismo e seus
tratamentos, como educador, de forma didática, passo uma das classificações
clássicas dessa doença e seus sintomas:
São sintomas e características do autismo infantil:
• Dificuldade na interação social, como contato
visual, expressão facial, gestos, dificuldade em fazer amigos, dificuldade em
expressar emoções;
• Prejuízo na comunicação, como dificuldade em
iniciar ou manter uma conversa, uso repetitivo da linguagem;
• Alterações comportamentais, como não saber
brincar de faz de conta, padrões repetitivos de comportamentos, ter muitas
"manias" e apresentar intenso interesse por algo específico, como a asa
de um avião, por exemplo.
O tratamento vai depender do tipo de autismo que a
criança possui e do seu grau de comprometimento, mas pode ser feito com:
• Uso de medicamentos prescritos pelo médico;
• Sessões de fonoaudiologia para melhorar a fala e
a comunicação;
• Terapia comportamental para facilitar as
atividades diárias;
• Terapia de grupo para melhorar a socialização da
criança.
Apesar do autismo não ter cura, o tratamento,
quando é realizado corretamente, pode facilitar o cuidado com a criança, tornando
a vida dos pais um pouco mais facilitada. Nos casos mais leves, a ingestão de
medicamentos nem sempre é necessária e a criança pode levar uma vida bem
próxima do normal, podendo estudar e trabalhar, sem restrições. Em alguns, o
autismo é tão leve ou tão complexo que é de difícil identificação.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), as
causas do autismo não são totalmente esclarecidas, mas sabe-se que esta
síndrome pode estar relacionada a:
• Deficiência e anormalidade cognitiva de causa genética
e hereditária, pois observou-se que alguns autistas apresentam cérebros maiores
e mais pesados e que a conexão nervosa entre suas células era deficiente;
• Fatores ambientais, como o ambiente familiar,
complicações durante a gravidez ou parto;
• Alterações bioquímicas do organismo
caracterizadas pelo excesso de serotonina no sangue;
• Anormalidade cromossômica evidenciada pelo
desaparecimento ou duplicação do cromossomo 16.
A dificuldade em saber as causas ocorre porque as
alterações não estão presentes em todos os autistas. Sabe-se que o autismo nem
sempre limita.
A medicina atual já pode detectar o autismo em
crianças a partir de dois anos de idade. Destacamos, a seguir, vários autistas
que ficaram famosos levando uma vida sem problemas e até com destaque e alguns
foram até mais longe que as pessoas ditas normais. Para ilustrar citamos:
• Lionel Messi – jogador de futebol
• Michael Phelps – nadador
• Tim Burton – cineasta
• Lewis Carrol – escritor
• Bill Gates – fundador da Microsoft
• Mozart e Beethoven – músicos
Temos a ideia de que uma criança que é autista tem
a sua vida limitada para sempre, mas muitas pessoas com esse transtorno têm a
fala e a inteligência desenvolvidas sem problemas. Em grande parte dos casos,
as pessoas autistas são fechadas e distantes ou presas a regras muito
rígidas.
OBSERVAÇÕES:
1. Por se tratar de um artigo bastante técnico
foram usados alguns textos da área médica, da revista Medicina e Saúde, bem
como as classificações da doença feita pela OMS.
2. Como é um tema que ainda está dando os seus
primeiros passos nos estudos, o autismo ainda apresenta uma grande discórdia
entre os seus estudiosos.
3. Em breve, mostraremos de forma bem objetiva como
tratar o autismo em sala de aula, lembrando o que diz a OMS: Autismo não tem
tratamento e sim acompanhamento, faremos então as devidas orientações de acordo
com as determinações legais e as novas Normas Técnicas.
Prof. Albérico Luiz Fernandes Vilela
Membro da União Brasileira de Escritores
Membro da Academia Pernambucana de Educação
Diretor Pedagógico da UNIC – Universidade da
Criança
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