Por Givaldo Calado de Freitas*
Nesta sexta-feira (26). 2 dias, apenas. 48 horas antecedem as eleições do próximo domingo (28) quando, em segunda rodada, a nação brasileira escolherá seu novo presidente.
Desde ontem, tenho recebido algumas mensagens pelo WhatsApp sobre essa importante decisão. Coisa que me parece natural.
A maioria dessas mensagens, a mim enviadas por amigos pessoais e virtuais, é de aplausos pela decisão que tomei desde o primeiro turno desse embate. A outra parte, no entanto, nem tanto. Três dessas mensagens, todavia, deixaram-me bastante reflexivo diante de suas colocações, sobretudo por terem partido de pessoas que têm tudo para ser, minimamente, racionais nessas horas. Afinal, em jogo as nossas vidas. Nosso futuro. De toda nação.
A primeira mensagem, fundada na defesa da propriedade, reveste-se de arroubos alarmistas e patéticos, próximos do autoritarismo e da intolerância. Encerra ar de selvageria e se imbui de raias do ridículo. A par disso, recheada de ameaça e terror. “Você pode perder todo seu patrimônio, hipótese de vencer o comunista travestido.”
A essa mensagem digo que nem respondi, diante das asneiras e dos boçais bochechos apontados, lembrando os anos da segunda década do século passado, ou seja: da Revolução de 1917. Sim, a bolchevista, na Rússia e os tempos do Muro de Berlim.
O bolchevismo virou pó, há anos. O Muro de Berlim fora abaixo, há décadas. Quis dizer. No entanto, abstive-me, por respeito educado.
A segunda mensagem veio-me com uma história de que o PT representa uma ameaça à democracia. Que a roubalheira, de todos conhecidas, teriam partido de seus membros, etc. e etc.
A essa resolvi responder: “De tudo que me diz, fico só com cinco letrinhas e um sinal, que me seguem: B A S T A! E continuei: Tenho que escolher um dos dois para votar. Nulo ou em branco, nunca! Voto sempre em alguém. Agora, vou a fundo à análise do caráter e da trajetória de vida desse alguém. Sem enxergar partidos, porque, para mim, todos iguais. Todos! E, aí, reside o equívoco que muitos estão a cometer.”
Apontar pra um ou outro partido - PT ou PSDB, não me parece correto. Estudar a vida do homem ou da mulher candidato, esse estudo, sim, é que deve presidir nossas decisões.
O roubo e o assalto ao erário público vêm de longe. Contudo, esse fato não lhes justifica. Antes, criminaliza por nossa desatenção. Por falta de estudar as vidas de quem se propõe a nos representar, ou nos dirigir. Por isso, esses roubos e assaltos são endêmicos. Felizmente, no entanto, hoje, expostos à gente. Pela democracia, pela liberdade em que vivemos em nossa pátria. E, por isso, vemos os malfeitos de todos. Todos!
A terceira mensagem veio de um médico, deixando-me além de tocado, reflexivo e penalizado. Tocado por suas equivocadas palavras. Reflexivo porque fiquei sem entender tantos equívocos, partindo de pessoa de formação superior. Penalizado porque, a despeito desta, fez-me entender que, segundo diz, não viveu a época da tortura, e que, portanto, dela nada poderia falar.
Pensei: será que o mensageiro, embora não tendo vivido a época da tortura não tenha pelo menos lido sua história? Esta, ainda hoje, contada por tantos e tantos cronistas?
Tudo que diz sua mensagem ou quase tudo sobre a saúde em nosso país penso que não pode ser debitada a conta de um ou outro partido. E, depois, temos que reconhecer que tudo ou quase tudo é obra do descaso e do desrespeito de nossos governantes, por lhes faltar um mínimo de governança.
Temos que obtemperar: não podemos olvidar que eles lá estão ou estiveram por nossa decisão. Portanto, no mínimo, todos nós, somos cúmplices e coautores dessa vergonha nacional.
A tortura de que se fala, no entanto, é outra. É a da privação da liberdade. Do direito de ir e vir. Do direito do livre falar e dizer. Do direito à vida. Enfim, do atentar contra o humano, seja ele pobre ou rico; amarelo, branco ou negro. Do não conhecer as palavras do Cristo Nosso Senhor. E dessas privações não podem, nem devem estar sujeitas a ameaças.
Essa a maior das torturas. E que o Senhor nos livre dela porque, hoje, à nação são anunciadas, sem os disfarces, felizmente, daquelas ocorridas em 1937 e 1964.
E finalizei sobre essa: também não vivi os porões da tortura, mas isso não me impediu que lesse a sua história para poder dizer: “Deus nos livre da volta àqueles tempos”. E poder defender, hoje, um Brasil decente e honesto, sim. Também, humano e igualitário e, portanto, mais feliz.
* Acadêmico. Figura Pública.
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