quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

R E L E R

* Givaldo Calado de Freitas

Disse a um amigo outro dia: "Reli seu texto. E reli de novo. Fiquei alegre, quase eufórico."

Ah! Como é bom conhecer o coração das pessoas de quem a gente gosta, através de palavras expressas no papel. Porque elas ficam. E para sempre.

Têm saber e poder de cobrança.

Não! Não gosto das palavras que me dizem à toa. Porque elas vêm e vão embora, não raro pra maioria das pessoas ao nosso redor, quer elas de boa ou de má fé.

Outro dia alguém me disse que “palavras não valem nada.” Noutro dia, me disseram que elas “saem da minha boca e pronto. Meros apelos. Ficções.” 

Entende, amigo, porque não gosto de palavras sem matéria? Sem riscados no papel. Estes, ficam para sempre e são eternos. 

Ah! Já se fora o tempo em que as palavras pronunciadas eram como se fossem leis, e todos a elas estivessem vinculados. 

Palavras, portanto, têm que ter  materialidade. Estas, sim, podem nos assegurar uma noite mais tranquila. 

E são dessas noites de que estamos tanto a precisar.

Entrementes, vem-me à lembrança outro amigo que me dissera que tanto faz a palavra falada quanto a palavra escrita. 

A esse amigo respondi que seria muito bom que fosse assim. Disse-o que "as palavras escritas conferem, pelo menos, um mínimo de salvaguardas". 

Admito, todavia, que tanto uma quanto a outra careçam das virtudes da lealdade, da sinceridade e da honestidade. 

No dizer de Cervantes. 

“Letras sem virtude são pérolas no monturo.”

No que pese, continuo a apreciar mais as palavras escritas com os ingredientes das virtudes.

* Acadêmico. Figura Pública.

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