segunda-feira, 20 de abril de 2020

Manifestantes fazem protesto em apoio a Bolsonaro na BR 232

No dia do Exercito, manifestantes fazem protesto para fechar o Congresso

Por: Fillipe Vilar

 (Foto: Paulo Paiva/ DP)
Ignorando os 2.459 casos de Covid-19 confirmados neste domingo (19) pela Secretaria Estadual de Saúde, centenas de pessoas estiveram se manifestando em frente ao Comando Militar do Nordeste, bairro do Curado, Zona Oeste do Recife. Em carros estacionados ao longo do acostamento da BR 232, o grupo pedia “intervenção militar” e apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Também houve faixas pedindo o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional. 

O protesto estava marcado para as 14h e se estendeu até depois das 17h. Por volta das 17h30, o grupo começou a se dispersar do local. Nenhum político identificado com a causa foi visto pela reportagem no protesto. No começo da manifestação, grupos estavam dispersos em frente ao quartel do 10º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada e do 4º Batalhão de Polícia do Exército, que ficam ao lado do Comando Militar, na BR 232. O chamado do protesto na internet dizia para os apoiadores se aglomerarem em frente a quartéis das Forças Armadas. O dia 19 de abril é marcado como Dia do Exército, este foi um dos motes para puxar a manifestação.

Em alguns carros, pessoas colocavam o hino nacional e o hino do Exército para tocar. Como o protesto ocorreu em uma área de jurisdição federal, quem fez o policiamento foi a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que atuou diversos carros que estavam parados de forma irregular no acostamento da rodovia. A viatura da PRF passava e os agentes, de dentro do veículo, filmavam as placas dos carros parados. Segundo Cristiano Mendonça, assessor de comunicação da PRF, não foi possível fazer uma estimativa do número de pessoas. “Mas foram centenas”, disse.

De acordo com Marcílio Valença, do Liberta Pernambuco, um dos grupos organizados que esteve no local, a estratégia de fazer o protesto na rodovia federal foi para evitar a jurisdição da Polícia Militar de Pernambuco. “O governador Paulo Câmara está se comportando como um tiranete, desrespeitando o direito de ir e vir das pessoas. Resolvemos fazer lá porque o governo do Estado reprimiu todas as carreatas que tentamos fazer”, criticou Valença.

“Wilker [Cavalcanti], um dos nossos líderes, foi autuado por estar numa dessas carreatas. As lideranças estão sendo perseguidas. Por isso, o protesto de hoje não tem liderança nenhuma, é uma manifestação espontânea da população contra os desmandos do governo estadual e em apoio ao presidente Jair Bolsonaro”, continuou Valença. Em Pernambuco, desde o dia 24 de março estão proibidas as aglomerações com mais de 10 pessoas. A medida é, segundo o governo, para tentar conter o contágio do novo coronavírus.

O protesto também pedia o fim do isolamento social total. Um homem, que não se identificou, gritou para o carro da reportagem: “Eu sou empresário, quero voltar a trabalhar, não posso ficar parado esse tempo todo”. Os apoiadores do presidente defendem “isolamento vertical”, ou seja, só as pessoas de grupo de risco. Apesar do relato sobre a espontaneidade do protesto, um trio elétrico esteve no local, em frente ao Comando Militar do Nordeste. Alguns manifestantes subiram para discursar. Garrafas de 500 ml de água mineral também estavam sendo distribuídas para apoiadores no local.

Alguns motoristas que passavam no local colocavam o braço para fora dos carros, fazendo o gesto simulando uma arma, popularizado por Bolsonaro em sua campanha eleitoral em 2018. Outros, poucos, gritavam contra o protesto a favor do governo federal. Os caminhões que passavam pela via eram aplaudidos pelos manifestantes. Bolsonaro foi um apoiador da greve dos caminhoneiros ocorrida no fim de maio de 2018, e ainda tem identificação com parte da categoria.

Na noite deste domingo, o governador Paulo Câmara (PSB), sem citar nomes nem locais, criticou o que chamou de “manifestações inconsequentes”. Em seu perfil no Twitter, o socialista afirmou: “Esta grave crise ameaça a vida da população. Precisamos da união de propósitos e de instituições fortes. Falsos conflitos e manifestações inconsequentes são uma lamentável agressão ao país. Vamos vencer na Democracia, com diálogo, responsabilidade e respeito, não com bravatas”.
 
 

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