quarta-feira, 5 de maio de 2021

Depoimento de Mandetta sinaliza para prejuízo a Bolsonaro

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Por: Edmar Lyra

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi o primeiro ocupante da pasta a ser inquirido pela Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado que investiga as ações de combate à pandemia da Covid-19 por parte do governo federal e demais entes federativos.

Mandetta ficou aproximadamente dezesseis meses no cargo, entre janeiro de 2019 e abril de 2020, quando foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro por divergências no tocante ao combate à pandemia.  No depoimento no Senado, Mandetta fez duras críticas ao presidente e ao ministro da Economia, Paulo Guedes, enfatizando o que já havia dito durante sua participação no Folha Política em 24 de março. Para Mandetta, Guedes é desonesto intelectualmente por dizer que o ex-ministro tinha R$ 5 bilhões e não comprou as vacinas, uma vez que na sua época ainda não havia venda de imunizantes por parte dos laboratórios.

Sobre o presidente Jair Bolsonaro, Mandetta fez críticas ao fato de o presidente não ter defendido o isolamento social, e apostar no isolamento vertical, para Mandetta era muito difícil o ministro trilhar um caminho e o presidente outro, dificultando muito o trabalho, o que acabaria culminando na sua saída em abril do ano passado.

Sobre a vacinação, Mandetta reforçou que se o governo brasileiro tivesse comprado os imunizantes de diversas marcas em agosto, a vacinação teria sido iniciada em novembro, o que certamente teria acelerado a imunização coletiva, e talvez o país não tivesse atingido 410 mil mortes, que segundo Mandetta é o que separa o presidente dele.

A fala do ex-ministro da Saúde serviu para reforçar a narrativa da oposição de que o presidente Jair Bolsonaro foi relapso com a pandemia, e naturalmente sua postura negacionista teria sido fundamental para que o país chegasse a um número tão elevado de mortes, sendo um dos maiores do mundo. A expectativa recai para o depoimento do também ex-ministro Nelson Teich, marcado para esta quarta-feira, que poderá reforçar as declarações de seu antecessor.

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