Em assembleia geral, os acionistas da Petrobras aprovaram, na segunda-feira (27), a venda de 100% do Complexo Químico e Têxtil de Suape, que inclui a Petroquímica Suape e a Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco - Citepe. A transação com a mexicana Alpek tem valor total de US$ 385 milhões (R$ 1,2 bilhão). A informação foi publicada pelo jornal Valor Econômico.
De acordo com o jornal, a votação havia sido convocada em janeiro deste ano, porém foi adiada depois que a Justiça Federal de Sergipe determinou a suspensão da venda, decisão revertida em fevereiro. O mercado reagiu à notícia da aprovação com a valorização das ações da Petrobras, as quais subiram mais de 2% ontem.
A venda do complexo havia sido suspensa pela Justiça sob a alegação de que o valor negociado (R$ 1,2 bilhão) está muito abaixo do investido na construção do empreendimento (aproximadamente R$ 9 bilhões). Ex-assessor da presidência da Petrobras e ex-presidente da Associação de Engenheiros da companhia (AEPET), o engenheiro Ricardo Maranhão define a transação como uma “entrega” do complexo. “É no mínimo temerária a venda de ativos patrimoniais em momentos de crise econômica, quando eles estão depreciados”, avaliou.
Além do valor de venda baixo, ele aponta a venda como não estratégica e enviou, inclusive, uma carta ao governador do Estado, Paulo Câmara, elencando aspectos negativos da negociação. Um dos argumentos é que, se aprovada, a venda para a mexicana Alpek estabeleceria um monopólio privado estrangeiro sob a produção do ácido tereftálico (PTA). Isso porque o empreendimento é o único produtor na América do Sul, mas o produto - usado na fabricação da resina PET, aplicada em garrafas, por exemplo - concorre com as importações de PTA do México, as quais são isentas de tarifas no Brasil. “Vamos denunciar ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)”, afirmou.
Além dessa ameaça, ele reforça a possibilidade de perda de três mil empregos diretos do empreendimento, incluindo concursados. O especialista ainda diz que a outra parte do empreendimento, a Citepe, produz fios de poliéster, um produto de muito valor para o País. “O problema é que a unidade produtora (POY) já estava com o maquinário comprado, mas não ficou pronta porque a Petrobras decidiu parar de investir”.
Diante dos prejuízos apresentados pela Petroquímica Suape, cujo fechamento de 2016 foi de baixa de R$ 1,3 bilhão e perdas de R$ 1,2 bilhão na Citepe, demandando aportes de capital, a Petrobras já havia afirmado que analisava a possibilidade de fechamento dos empreendimentos, caso não houvesse a possibilidade de venda. Maranhão diz que os prejuízos aconteceram porque as empresas ainda não atingiram a sua maturidade. Ele ainda criticou o plano de desinvestimento da Petrobras como um todo. “Eles querem vender US$ 35 bilhões em ativos e isso vem sendo feito de forma muito rápida e sem critérios”, avaliou.
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