Por: Antonio Candido de Souza (*)
Detesto pessoas que não se sensibilizam com a dor humana. Enxergam os
que sofrem mais como um estorvo que um necessitado. Esses são os egoístas de
carteirinha que encontramos no dia-a-dia em cada esquina.
Tenho verdadeira ojeriza a quem tem a incumbência de servir e se sente
como a fazer favor. São os boçais de
plantão em cada esquina das nossas repartições. Temos desses aos montes nos
quatro cantos do país.
Deploro pessoas que esquecem a cortesia no trânsito. São os que pensam
que direção é competição. São os que nos impedem de sair de um estacionamento
aumentando a velocidade para que não saiamos; são, ainda, os que não param
antes da faixa de pedestres e, ainda, buzinam como possessos quando alguém pára
para um transeunte numa rua movimentada.
Não gosto de condutores de motocicletas que ultrapassam pela direita,
achando que têm todo o direito e razão de proceder de tal forma. São as bestas
humanas que põem em risco sua integridade física, colocando-nos em risco de
cometer acidentes.
Sinto-me incomodado com os que sofrem da síndrome do caipira. Estes são
todos os que se deliciam em tocar nos seus sons automotivos, em altura que
ofendem a audição humana, músicas – músicas? – de qualidade duvidosa, onde só
se ouve ruído de vibração de placa. Todos acham que estão abafando.
Na reflexão de fim de ano, senti que não gosto dos que não cumprem
promessas. Palavra deve ter peso de documento. Estes são os sem crédito que
acabam totalmente desacreditados.
Não gosto, também, de extremismos e
extremistas, sejam eles de esquerda ou direita, religiosos ou filosóficos e,
ainda, os esportivos. São todos imbecis cobertos de estupidez e, como
imbecilidade e estupidez não pagam impostos, temos deles a mãos cheias.
Detesto a pregação gratuita, seja ela política ou religiosa. Na hipótese
de me encontrar errado na escolha da ideologia ou da promessa do paraíso, só a
mim compete a decisão, que é de foro íntimo. Faço minhas as palavras de
Fernando Pessoa no seu Poema LISBON REVISITED:” ...é assim, como sou, tenham
paciência! Vão para o diabo sem mim, Ou deixem-me ir sozinho para o diabo! Para
que havemos de ir juntos?”.
Não gosto mais de viajar de avião. Antigamente até podíamos dormir
durante o vôo. Hoje se viaja imprensado, pernas encolhidas, sem contar o regime
de fome a que todos são submetidos nas viagens mais longas. É a gana de ganhar
mais em detrimento do conforto de passageiros, tudo sob o beneplácito da
agência reguladora.
Detesto calor, sol de praia, areia cheia de excrementos de animais,
música ruim de carros de som, bêbados inconvenientes. São estes os ingredientes
de praia em período de férias.
Detesto a ingratidão como forma de recompensa ao esforço dos outros.
Devemos sempre ser gratos aos que nos estendem as mãos. O mundo precisa
aprender esta lição.
Por último, não gosto das pessoas que não lêem, estas, no dizer de Mario
Quintana “são as pessoas que permanecem burras o dia inteiro”.
(*) É membro da Academia de Letras e Artes de
Garanhuns.
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