A primeira matéria feita pelo V&C sobre o avanço de uma enorme erosão, (chamada pelos ambientalistas de voçoroca), na Rua Miguel Arraes, na Cohab II, aqui em Garanhuns, data de janeiro de 2011. De lá pra cá, foram mais de 10 publicações sobre o assunto no portal onde abrimos espaço para o desabafo dos moradores que residem no local.
Em 2015, diante do risco à população, finalmente o Governo Municipal resolveu agir e iniciou uma obra de recomposição da erosão em caráter emergencial. O projeto visava resolver definitivamente o problema da localidade e ainda incluía serviços de pavimentação das ruas e de sistema de drenagem com descida em degraus, além de dissipador de energia. Os trabalhos começaram, mas logo foram paralisados. É que o Ministério Público atendeu a um pedido do Codema e embargou a obra. A alegação do órgão era de que o projeto de contenção estava sendo feito sem drenagem, o que poria em risco a nascente do Rio Mundaú, mas a prefeitura, à época, rebateu essa tese argumentando que a drenagem estava prevista no projeto de execução e seria feita.
Obra parou ainda na fase de aterramento |
A retomada do serviço depende de uma licença ambiental. O projeto foi enviado ainda em 2015 para a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) para o devido licenciamento, mas, cinco anos depois, o assunto anda esquecido pelo poder público e autoridades. Quem não esquece mesmo do drama são os moradores da localidade, como Alex Anderson, por exemplo. Depois de nove anos de luta e apelos ele acabou perdendo a casa para a erosão e ficando sem o único tero que tinha para morar. "O buraco derrubou minha casa. Não estamos mais lá. A voçoroca só aumenta e ninguém faz nada por nós. Comprei o terreno lá com muito esforço em 2009, e em 2014 me mudei para o local. Em 2015 a prefeitura iniciou a obra de contenção do buraco, mas foi rapidamente paralisada. No mesmo ano, após uma chuva torrencial, a água invadiu minha casa e, desde esse dia, o imóvel passou a apresentar rachaduras e afundamento do piso. Em 2017, após uma forte chuva, temi pela minha segurança e da minha família e fui morar na casa da minha mãe. Pouco depois que a gente saiu começaram a roubar as coisas que ficaram no imóvel, o portão da entrada, o poste de energia, as janelas, os fios da instalação elétrica e até os tijolos das paredes", frisou o morador, que espera ser indenizado pelo enorme prejuízo material e moral que sofreu.
Casa foi abandonada por morador após risco de desabamento |
O sofrimento dos moradores é apenas uma parte do drama. A outra é o dinheiro público desperdiçado que foi empregado na obra, antes de ser paralisada. Esse, tal como a casa de Alex Anderson, não volta mais. De acordo com o último levantamento sobre obras paralisadas feito pelo TCE, em fevereiro de 2019, o valor contratado para a recomposição da erosão foi de 495 mil reais, mas não se sabe quanto desse montante foi usado até a recomendação do MPPE que resultou no embargo. Ainda de acordo com a auditoria do TCE, apesar de ter o contrato rescindido, o município de Garanhuns não apresentou nenhuma menção quanto às medidas adotadas para a retomada dos serviço, portanto, para o TCE, a obra se mantém desde 2015 na categoria de "inacabada".
LINHA DO TEMPO
(2011)
Em 2011, uma matéria feita pelo Portal V&C chamava a atenção do problema da enorme erosão que ameaçava derrubar casas na Rua Miguel Arraes, na Cohab 2.
Voçoroca no bairro da Cohab II |
"Esse terreno a pessoa já compra com dificuldade, pra acontecer uma coisa dessas e ninguém toma as providências. O prejuízo é só da gente mesmo”, disse um morador do local em janeiro de 2011. "Quem tem filho pequeno não vive tranqüilo. O medo é quando eles passam por aqui, a terra tá fofa, é arriscado desabar”, se queixou uma dona de casa na referida matéria exibida pelo portal em 2011.
(2014)
"Essa cratera começou a se formar há uns 4 anos e, de lá pra cá, só aumenta comprometendo a estrutura de nossas casas. A prefeitura já veio olhar, sempre promete que vai solucionar o problema, mas até agora nada. Enquanto isso vivemos com medo", disse o morador Alex Anderson.
Rua Miguel Arraes, como muitas em Garanhuns,
ficam intransitáveis durante as chuvas
|
(2015)
Em outubro, a Prefeitura de Garanhuns inicia a obra de contenção, mas os serviços são paralisados por recomendação do Ministério Público Estadual logo após a terraplanagem.
Casa alagada em 2015 |
Em dezembro do mesmo ano uma forte chuva alagou a casa de um morador. Era véspera de Natal. A água invadiu a casa danificando móveis e aparelhos eletrônicos. "Fiquei desesperado e tive que alugar uma máquina porque a da prefeitura não estava disponível. Se não fosse isso, a chuva tinha levado minha casa", revelou o morador ( a casa de fato cairia dois anos depois) VER FOTO AO LADO.
(2016)
Em outubro de 2016 moradores voltam a cobrar retomada da obra."Estamos com medo. A prefeitura tem que refazer o aterro novamente porque a água já levou boa parte do que tinha sido feito em outubro do ano passado. Não sei mais o que fazer. Já procurei o Ministério Público, que ficou de marcar uma reunião com os moradores e o secretário responsável, mas até agora nada. (depoimento de morador do local)
(2017)
Em dezembro, de 2017 uma chuva forte foi a gota d'água para o morador Alex Anderson deixar o local. "Passamos a noite sem dormir, angustiados e com medo. Estamos preocupados. A Prefeitura nunca veio aqui depois que a obra foi paralisada. A gente pensava que os trabalhos iam continuar porque isso implica necessariamente em nossa segurança, mas até agora nada" (depoimento do morador) Poucos dias depois, ele abandonaria a própria casa temendo pela segurança da família.
(2019)
TCE inclui o serviço de contenção da erosão na Cohab 2, em Garanhuns, no seu rol de obras inacabadas.
MAIS FOTOS:
Local onde ficava a casa que caiu |
NÃO PERCAM A PRÓXIMA REPORTAGEM DO PORTAL SOBRE OBRAS PARADAS OU NÃO INICIADAS EM GARANHUNS. CONSTRUÇÃO DO NOVO COLÉGIO MUNICIPAL DE GARANHUNS.
Com informação e imagem do Portal V&C Garanhuns
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