Por Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo – O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirma que o prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), não está “autorizado” a dar aulas de coerência e moral a ninguém.
“Construí minha trajetória no movimento social. Não foi por sobrenome, não foi por herança familiar. O mínimo que se precisa ter na política, independentemente das diferenças, é respeito”, afirma ele, referindo-se ao fato de Campos ser herdeiro político do pai, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (1965-2014), e bisneto de Miguel Arraes (1916-2005), uma das maiores lideranças da esquerda brasileira.
Boulos reagiu a críticas feitas por Campos na semana passada no programa Roda Viva, da TV Cultura, sobre sua derrota nas eleições municipais de SP. O prefeito do Recife é namorado de Tabata Amaral (PSB), que também disputou o comando da capital.
“A prática precisa caber naquilo que você fala, e o que você fala tem que caber na sua prática”, disparou Campos. “Tem 19 anos que ele [Boulos] se posiciona de um jeito em tudo. Aí, em um ano começa a revisitar todos os posicionamentos. Você acha que o povo não pensa. Mas o povo pensa”, completou o prefeito.
NOTA ZERO
Em entrevista concedida à coluna, Boulos afirmou que “o João Campos conseguiu uma reeleição fenomenal [como prefeito do Recife], tem os seus méritos, sem sombra de dúvida. Mas não creio que ele está autorizado a me dar aulas de coerência”.
Em resposta a críticas de João Campos, Boulos questiona herança política do prefeito
MEMÓRIA
“Em 2020, quando se elegeu prefeito pela primeira vez, o mote dele era PT nunca mais, dizendo que os governos do Lula e do PT eram os mais corruptos da história. O Lula estava inelegível e tinha acabado de sair da prisão. Hoje o Lula é presidente, e ele [João Campos] virou o maior lulista do país. Então, menos para querer dar lição de moral alheia”, segue Boulos.
VENTANIA
“Eu tenho lado. Tenho posições firmes, e isso tem um preço. Eu não vou conforme o vento”, diz o psolista, afirmando que não recuou de posicionamento algum na disputa pela prefeitura da capital paulista.
CASCA
“Queriam que eu pisasse em casca de banana, na campanha inteira teve jornalista e adversário me perguntando sobre aborto, não sei o que. Não pisei, e me chamam de incoerente”, afirma.
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