
Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
O próximo passo, que já vem sendo construído, é a filiação do governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel. Com isso, depois de ter levado Raquel Lyra, de Pernambuco e agora Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, o PSD de Gilberto Kassab terá rapelado definitivamente o PSDB.
Com isso, depois de ter se tornado em 2024 o partido com maior número de prefeitos, o PSD caminha para ser também aquele com o maior número de governadores. Uma das três maiores bancadas no Senado. Quarta maior na Câmara. Esse será o impressionante cacife que Kassab apresentará para o jogo eleitoral de 2026. Jogo em que marca triplo. Ou quádruplo. Enfim, jogo para ganhar sempre. O que quer que venha a acontecer, terá que passar pelo PSD.
Uma adesão como Eduardo Leite na semana passada nunca é uma adesão solitária. Com ele, vai todo o grupo político que o apoia. Foi assim também com Raquel Lyra. Isso dará ao PSD, com seus números, uma imensa capilaridade como cacife para o jogo de 2026.
O PSD, assim, tem líderes competitivos em todos os estados brasileiros. Se não tiver candidato próprio, será impossível alguém vencer a eleição presidencial de 2026, seja desde o primeiro turno, seja no segundo turno, sem conversar e negociar com ele. E nos termos do PSD.
E quando se fala em jogo triplo, ou quádruplo, os planos para 2026 englobam tudo. Da candidatura própria ao apoio à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passando por alternativas ao centro e à direita. Kassab tem dito mais recentemente que seguirá o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), qualquer que seja o seu plano. Mas, de novo, há aí o cálculo pragmático. Kassab aposta que Tarcísio só vai abrir de uma reeleição quase certa como governador se vislumbrar ser muito forte a chance de ser presidente. Nos dois casos, o PSD sai ganhando. Curioso é como essa construção do PSD depena o PSDB.
Ainda que se conclua a fusão do PSDB com o Podemos, a essa altura parece a união de dois partidos menores, que perderam a capacidade de expressão. E, no fundo, a fusão acabou sendo a justificativa para a saída de Eduardo Leite e outros. O PSDB perdeu mesmo o seu B…
O PSD vai, assim, dando mais um passo rumo à consolidação do seu projeto, espelhado no que era o antigo PSD pré-1964: ser o grande garantidor da estabilidade política. Que sustenta a governabilidade sem solavancos. Com quem se tem de beijar a mão.
Entre 1945 e 1964, essa foi a garantia das velhas raposas pessedistas. Quando se compôs em 1960 a chapa de Jânio Quadros pela primeira vez sem elas, o quadro político degringolou. Um ano depois, Jânio renunciou. E o golpe militar aconteceu três anos mais tarde.
Para virar o antigo PSD, porém, Kassab só precisa ainda ter seus próprios quadros na disputa. O velho PSD fazia seus arranjos a partir de seus próprios nomes, como Juscelino Kubtischek. Do contrário, acabará ficando mais parecido com o MDB mais recente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário