quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Suspeita de febre amarela: autoridades monitoram morte de 17 macacos no DF

Pelo menos 17 primatas foram encontrados mortos no DF este ano. Amostras são analisadas para determinar a causa dos óbitos. A principal suspeita é de que eles tenham sido vítimas de febre amarela

71 mil doses da vacina contra a doença foram aplicadas no DF este ano

Autoridades sanitárias monitoram a morte de 17 macacos na capital federal. As amostras estão no Instituto Evandro Chagas (IEC), no Pará, para comprovar a causa do óbito. A principal suspeita é de febre amarela — o surto da doença infectou 274 pessoas no Brasil. Quatro regiões administrativas registram mortes de animais. Além dos casos deste ano, há 24 óbitos de primatas registrados em 2016 em investigação. Goiás notificou 36 casos semelhantes. Em dois anos, 13 macacos morreram com febre amarela no DF. O IEC não tem data para divulgar o resultado das amostras.

Para monitorar a situação, a Secretaria de Saúde treinou 250 profissionais, que estarão mobilizados contra a febre amarela e nas notificações de macacos mortos. A rápida comunicação dos casos de primatas adoecidos ou mortos é de extrema importância, segundo o Ministério da Saúde,  para o controle da doença, pois permite a imediata adoção de ações preventivas, como o bloqueio vacinal da região. A morte de macacos é alerta para a circulação da febre amarela e o quanto ela tem se aproximado da cidade.

A única forma de combater a febre amarela é com a vacinação. Este ano, a Secretaria de Saúde aplicou mais de 71 mil doses no DF. O pesquisador Lúcio Freitas, do Instituto Butantan, alerta para os deslocamentos no período de carnaval. “É preciso alertar a população para a vacina. O risco de disseminação é maior em viagens curtas e rápidas, como as que ocorrem neste período do ano”, destaca o especialista. A imunização deve ocorrer com, no mínimo, 10 dias de antecedência da viagem.

Lúcio alerta para os entraves do controle da doença. “Fazer esse monitoramento é um desafio monumental. A grande incidência de mosquitos em áreas populosas é uma bomba prestes a explodir. A dengue, por exemplo, foi algo que se difundiu rapidamente. Estamos desenvolvendo drogas e aperfeiçoando a vacina para esse enfrentamento”, conclui.

A Secretaria de Saúde de Goiás investiga a morte de macacos em 24 municípios. Houve casos em Luziânia, distante 60km de Brasília, Caldas Novas e Pirenópolis, destinos altamente procurados por brasilienses nos fins de semana e feriados, e Anápolis. “Diante da notificação de epizootia nos primatas, é realizada a pesquisa entomológica de possíveis vetores silvestres e pesquisa viral, em situação suspeita de febre amarela”, destaca a pasta em nota.

Pesquisas
Um grupo de 200 estudiosos da Universidade de Brasília (UnB) começa, em abril, um levantamento para medir a circulação de vírus entre os primatas. A pesquisa custará R$ 1,5 milhão. “Queremos saber se existe circulação viral nesses animais. O bicho que sobrevive vai albergar o vírus para o resto da vida e ele não tem problemas quanto a isso. Identificamos a presença da febre amarela por meio da produção de anticorpo”, argumenta o presidente da Sociedade brasileira de Primatologia, Danilo Simonini.

Ele também é professor da Faculdade de Agronomia e Veterinária e coordena a parte de animais silvestres da pesquisa. O estudo também contempla doenças como dengue, zika e chicungunha. “Essas informações são importantes porque o macaco é sentinela. Ele está na mata, onde o vírus é endêmico. O bicho não é o vilão, mas sim uma espécie de anjo da guarda. Por isso, temos de avaliar a circulação no DF e identificar esses vírus, quais são as áreas mais sensíveis e de onde eles vêm. A zika, por exemplo, tem a mesma cepa que ocorreu no Nordeste?”, argumenta.

A Secretaria de Saúde resumiu, em nota, que a Subsecretaria de Vigilância à Saúde faz todas as ações de manejo ambiental e bloqueio vacinal nas áreas onde foram encontrados os macacos mortos. A Secretaria de Saúde recomenda a solicitação de inspeção em casos de óbitos de primatas. “A recomendação é não tocar no macaco, ir ao posto de saúde mais próximo, confirmar a situação vacinal de febre amarela e ligar na Vigilância Ambiental”, finaliza o texto.

Panorama
O Ministério da Saúde atualizou os casos de febre amarela. No Brasil, são 274 confirmados e 92 mortes. Há, ainda, 898 suspeitas da doença e 113 óbitos esperando diagnóstico. Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Tocantins e Rio Grande do Norte têm casos investigados. As primeiras manifestações da febre amarela são febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos. Nos casos mais graves, compromete fígado e rins, provoca icterícia (olhos e peles amarelados), sangramentos e queda de pressão arterial.

Comunique
 Telefones para notificação de casos de macacos mortos
99269-3673 — Vigilância de Epizootias e Zoonoses
99157-0815 — Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde
99243-8508 — Promoção em Saúde
99287-6635 — Vigilância Entomológica


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