Pouco mais de um mês após o término da 27ª Edição do Festival
de Inverno de Garanhuns, a polêmica se o evento deve ser municipalizado ou
continuar sob a batuta do Governo do Estado permanece. A discussão chegou a
Assembleia Legislativa de Pernambuco. Dias atrás, a deputada Priscila Krause
(DEM), usou da tribuna para defender que o FIG passe a ser gerido totalmente
pela Prefeitura de Garanhuns, tal como o São João de Caruaru, (RELEMBRE), mas sua colega de Casa, a tucana Terezinha Nunes tem
opinião contrária. Para ela apenas o Governo do Estado tem condições de fazer
um festival do porte do FIG. "Como um município do interior
poderia bancar um evento desse em tempos de crise? Se o festival ficasse a
cargo da prefeitura ia faltar recursos para gastos essenciais," avaliou
a parlamentar em pronunciamento feito ontem na ALEPE.
Ainda
segundo Terezinha, já se passaram várias gestões e sempre houve críticas, mas o
evento nunca deixou de ser um sucesso. Ela ainda considerou as críticas feitas
a edição deste ano descabidas. A fala da deputada em defesa da Fundarpe
foi estimulada por uma declaração do fundador do FIG, o ex-prefeito Ivo Amaral,
que disse que municipalizar o FIG seria o começo do fim do Festival.
Leia
na Integra o que diz o ex-Prefeito e ex – Deputado Estadual Ivo Amaral, em
relação a municipalização do FIG.
Municipalizar o Festival de
Inverno é decretar 0 fim do evento!
(*) Ivo Amaral
Quando
criado pela Prefeitura de Garanhuns, na minha gestão à frente da
municipalidade, o FIG ainda não contava com muita estrutura e com os apoios
necessários. O papel de empresários da terra e do empenho dos órgãos municipais
foi fundamental para a gênese do evento. Já no primeiro ano, o Governo do
Estado mergulhou de cabeça, seja com suas secretarias e seu imprescindível
apoio, seja com a organização estrutural da FUNDARPE.
Chegamos
ao 27º ano de um Festival nascido e criado para eternizar no calendário
cultural do nosso Estado e de nosso país, sendo hoje declarado patrimônio
imaterial de Pernambuco, por iniciativa da Deputada Terezinha Nunes, projeto de
lei aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa e sancionado pelo
Governador Eduardo Campos.
Tendo
observado atentamente todas as 27 edições, verifiquei uma saraivada de críticas
infundadas à programação e à estrutura do FIG 2017. Comentários insubsistentes
e que não se seguram por si só, eis que desprovidos de fundamentação real e
cheios apenas de conotação política, numa tentativa de minimizar (alguns dizem
acabar) com o sucesso que a grande festa do período de frio se tornou.
Em
relação à estrutura do Festival, é de conhecimento básico que um evento desse
porte tem que contar com uma correlação de forças atuando em conjunto para
almejar um espaço salutar, agradável e divertido para a população. Não podemos
apenas sonhar que serão investidos milhões de reais quando temos necessidades
mais urgentes em outras áreas de atuação do Governo do Estado e do
Município.
Criado
na minha gestão, idealizado pelo jornalista Marcílio Reinaux e abraçado pelo
Governo do Estado, com o então Governador |Joaquim Francisco que no dizer dele:
‘’comprou a ideia’’, o Festival tomou proporções gigantescas e gera um ativo –
financeiro e cultural – inigualável para Garanhuns, mas necessita que todos
(Estado, Município e empresariado) trabalhem em consonância com o projeto;
acaso um não tenha condições estruturais ou financeiras, o outro auxilia e
presta socorro nesses momentos.
Tenho
ouvido manifestações de excelentes políticos da nova safra, como Priscila
Krause e Daniel Coelho nas respectivas casas legislativas estadual e federal,
pedindo a municipalização do FIG sob o argumento que o Governo do Estado atrasa
a divulgação da programação do Festival e isso traz prejuízos. Apesar do
respeito que tenho aos mesmos, acredito que suas posições são equivocadas e
carecem de esclarecimentos de quem já viveu por dentro uma festa desse porte.
Concordo
que a programação traz um certo atraso que pode vir causar transtornos; mas a
estrutura de pessoas qualificadas, o denodo e o empenho da FUNDARPE, da
Secretaria de Cultura e Turismo do Estado e dos demais órgãos estaduais
envolvidos suplantam qualquer argumento que o melhor seria a municipalização.
Pelo
contrário! Nem os Governos estaduais contrários a mim, nem os Prefeitos que me
sucederam tiveram a coragem de trabalhar contrariamente ao Festival, na tentativa
de municipalizar o evento. Não porque quem estava lá era o adversário político
deles, Ivo Amaral, mas porque ali estava um evento consolidado e que traria
frutos para Garanhuns e levaria nosso nome além das fronteiras locais, isso sem
falar no enriquecimento cultural que trouxe. Todos trabalharam em conjunto sem
pensar em vaidades...
Esse
tempo de forte crise e escassez de dinheiro é um momento necessário de união de
esforços de sonhos. A indústria sem chaminé – o turismo – não polui, enche os
bolsos dos restaurantes, bares, hotéis e do comércio em geral. Nossos pontos
turísticos são visitados, conhecemos novas pessoas, coisas diferentes (mantendo
a tradição cosmopolita de Garanhuns) e tudo isso nos enriquece.
Vivemos
uma crise política sem precedentes nos últimos 30 anos, e a reboque vieram os
infindáveis problemas financeiros, grassando pelas esferas federal, estadual e
municipal; seria o momento oportuno para que todos dessem as mãos e auxiliassem
os Governos do Estado e do Município nessa missão – pois o formato atual, com o
Governo do Estado com sua equipe, que comanda o FIG desde sua criação – é único
capaz (estrutural e financeiramente) de manter um evento dessa magnitude e
diversidade e até mesmo de ampliar suas funções e atividades.
Sobre
a programação do FIG 2017, acredito que os parcos recursos que o Estado
conseguiu aplicar foram colocados corretamente, em pessoas de valor, com
cultura e educação suficientes para abrilhantar o Festival. Precisamos ter em
mente q eu o FIG não é somente a
esplanada Mestre Dominguinhos, são as artes cênicas, como o teatro, o circo, as
oficinas e também a excelente programação do Pau Pombo, no palco Instrumental,
as artes visuais e audiovisuais e, também, a literatura, as palestras, as
exposições e o palco popular Ariano Suassuna, a dança, a música erudita, os
mamulengos. Isso sem falar no ‘’Som na Rural’’, no palco Forró, fotografias,
artesanato e gastronomia, entre outros.
Estamos
tendo a oportunidade de ver shows que raramente chegam por aqui, verdadeiras
lendas e ícones em suas áreas, tudo trazido pelo Governo do Estado, em um
esforço sem precedentes. Agradeci quando vi uma bela programação, honrando a
grandeza da festa, sem que tivéssemos que ouvir as músicas plastificadas, com
refrãos repetitivos e sem nenhum sentido que campeiam em shows sertanejos
universitários e cantores fugazes, que são famosos durante uns dois anos e
depois somem.
Finalizando,
a municipalização do evento é um equívoco que se assim for levado a cabo é o
decreto do fim do Festival de Inverno. Estou triste pelas críticas infundadas
ao Governo do Estado, mas nesses tempos de dinheiro curto, como diria o
homenageado Belchior: Viver é melhor que sonhar! E vivemos um grande festival
mais uma vez.
O
Festival de Inverno de Garanhuns não é um legado que deixarei, ele é
indissociável daqueles que amam a nossa terra e não querem ver acabar a maior
manifestação multicultural do Brasil. Essa batalha eu, a população de
Garanhuns, o empresariado local e os Governos do estado e do Município
travaremos até o fim; pois como eu sempre disse: ‘’O FIG não pertence ao
Governo do Estado ou do Município a nenhum Prefeito ou Governador, mas sim ao
povo de Garanhuns e ao pernambucano’’.
(*)
Ivo Tinô do Amaral foi Prefeito de Garanhuns em duas oportunidades, Deputado
Estadual em dois mandatos, é funcionário Público aposentado, empresário de
radiofusão e apaixonado por Garanhuns.
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