sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Deputada tucana e ex-prefeito de Garanhuns são contra proposta de municipalização do FIG

Pouco mais de um mês após o término da 27ª Edição do Festival de Inverno de Garanhuns, a polêmica se o evento deve ser municipalizado ou continuar sob a batuta do Governo do Estado permanece. A discussão chegou a Assembleia Legislativa de Pernambuco. Dias atrás, a deputada Priscila Krause (DEM), usou da tribuna para defender que o FIG passe a ser gerido totalmente pela Prefeitura de Garanhuns, tal como o São João de Caruaru, (RELEMBRE), mas sua colega de Casa, a tucana Terezinha Nunes tem opinião contrária. Para ela apenas o Governo do Estado tem condições de fazer um festival do porte do FIG. "Como um município do interior poderia bancar um evento desse em tempos de crise? Se o festival ficasse a cargo da prefeitura ia faltar recursos para gastos essenciais," avaliou a parlamentar em pronunciamento feito ontem na ALEPE. 

Ainda segundo Terezinha, já se passaram várias gestões e sempre houve críticas, mas o evento nunca deixou de ser um sucesso. Ela ainda considerou as críticas feitas a edição deste ano descabidas.  A fala da deputada em defesa da Fundarpe foi estimulada por uma declaração do fundador do FIG, o ex-prefeito Ivo Amaral, que disse que municipalizar o FIG seria o começo do fim do Festival.


Leia na Integra o que diz o ex-Prefeito e ex – Deputado Estadual Ivo Amaral, em relação a municipalização do FIG.


Municipalizar o Festival de Inverno é decretar 0 fim do evento!
(*) Ivo Amaral

Quando criado pela Prefeitura de Garanhuns, na minha gestão à frente da municipalidade, o FIG ainda não contava com muita estrutura e com os apoios necessários. O papel de empresários da terra e do empenho dos órgãos municipais foi fundamental para a gênese do evento. Já no primeiro ano, o Governo do Estado mergulhou de cabeça, seja com suas secretarias e seu imprescindível apoio, seja com a organização estrutural da FUNDARPE.
Chegamos ao 27º ano de um Festival nascido e criado para eternizar no calendário cultural do nosso Estado e de nosso país, sendo hoje declarado patrimônio imaterial de Pernambuco, por iniciativa da Deputada Terezinha Nunes, projeto de lei aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa e sancionado pelo Governador Eduardo Campos.
Tendo observado atentamente todas as 27 edições, verifiquei uma saraivada de críticas infundadas à programação e à estrutura do FIG 2017. Comentários insubsistentes e que não se seguram por si só, eis que desprovidos de fundamentação real e cheios apenas de conotação política, numa tentativa de minimizar (alguns dizem acabar) com o sucesso que a grande festa do período de frio se tornou.
Em relação à estrutura do Festival, é de conhecimento básico que um evento desse porte tem que contar com uma correlação de forças atuando em conjunto para almejar um espaço salutar, agradável e divertido para a população. Não podemos apenas sonhar que serão investidos milhões de reais quando temos necessidades mais urgentes em outras áreas de atuação do Governo do Estado e do Município. 
Criado na minha gestão, idealizado pelo jornalista Marcílio Reinaux e abraçado pelo Governo do Estado, com o então Governador |Joaquim Francisco que no dizer dele: ‘’comprou a ideia’’, o Festival tomou proporções gigantescas e gera um ativo – financeiro e cultural – inigualável para Garanhuns, mas necessita que todos (Estado, Município e empresariado) trabalhem em consonância com o projeto; acaso um não tenha condições estruturais ou financeiras, o outro auxilia e presta socorro nesses momentos.
Tenho ouvido manifestações de excelentes políticos da nova safra, como Priscila Krause e Daniel Coelho nas respectivas casas legislativas estadual e federal, pedindo a municipalização do FIG sob o argumento que o Governo do Estado atrasa a divulgação da programação do Festival e isso traz prejuízos. Apesar do respeito que tenho aos mesmos, acredito que suas posições são equivocadas e carecem de esclarecimentos de quem já viveu por dentro uma festa desse porte.
Concordo que a programação traz um certo atraso que pode vir causar transtornos; mas a estrutura de pessoas qualificadas, o denodo e o empenho da FUNDARPE, da Secretaria de Cultura e Turismo do Estado e dos demais órgãos estaduais envolvidos suplantam qualquer argumento que o melhor seria a municipalização.
Pelo contrário! Nem os Governos estaduais contrários a mim, nem os Prefeitos que me sucederam tiveram a coragem de trabalhar contrariamente ao Festival, na tentativa de municipalizar o evento. Não porque quem estava lá era o adversário político deles, Ivo Amaral, mas porque ali estava um evento consolidado e que traria frutos para Garanhuns e levaria nosso nome além das fronteiras locais, isso sem falar no enriquecimento cultural que trouxe. Todos trabalharam em conjunto sem pensar em vaidades...
Esse tempo de forte crise e escassez de dinheiro é um momento necessário de união de esforços de sonhos. A indústria sem chaminé – o turismo – não polui, enche os bolsos dos restaurantes, bares, hotéis e do comércio em geral. Nossos pontos turísticos são visitados, conhecemos novas pessoas, coisas diferentes (mantendo a tradição cosmopolita de Garanhuns) e tudo isso nos enriquece.
Vivemos uma crise política sem precedentes nos últimos 30 anos, e a reboque vieram os infindáveis problemas financeiros, grassando pelas esferas federal, estadual e municipal; seria o momento oportuno para que todos dessem as mãos e auxiliassem os Governos do Estado e do Município nessa missão – pois o formato atual, com o Governo do Estado com sua equipe, que comanda o FIG desde sua criação – é único capaz (estrutural e financeiramente) de manter um evento dessa magnitude e diversidade e até mesmo de ampliar suas funções e atividades.
Sobre a programação do FIG 2017, acredito que os parcos recursos que o Estado conseguiu aplicar foram colocados corretamente, em pessoas de valor, com cultura e educação suficientes para abrilhantar o Festival. Precisamos ter em mente q  eu o FIG não é somente a esplanada Mestre Dominguinhos, são as artes cênicas, como o teatro, o circo, as oficinas e também a excelente programação do Pau Pombo, no palco Instrumental, as artes visuais e audiovisuais e, também, a literatura, as palestras, as exposições e o palco popular Ariano Suassuna, a dança, a música erudita, os mamulengos. Isso sem falar no ‘’Som na Rural’’, no palco Forró, fotografias, artesanato e gastronomia, entre outros.
Estamos tendo a oportunidade de ver shows que raramente chegam por aqui, verdadeiras lendas e ícones em suas áreas, tudo trazido pelo Governo do Estado, em um esforço sem precedentes. Agradeci quando vi uma bela programação, honrando a grandeza da festa, sem que tivéssemos que ouvir as músicas plastificadas, com refrãos repetitivos e sem nenhum sentido que campeiam em shows sertanejos universitários e cantores fugazes, que são famosos durante uns dois anos e depois somem.
Finalizando, a municipalização do evento é um equívoco que se assim for levado a cabo é o decreto do fim do Festival de Inverno. Estou triste pelas críticas infundadas ao Governo do Estado, mas nesses tempos de dinheiro curto, como diria o homenageado Belchior: Viver é melhor que sonhar! E vivemos um grande festival mais uma vez.
O Festival de Inverno de Garanhuns não é um legado que deixarei, ele é indissociável daqueles que amam a nossa terra e não querem ver acabar a maior manifestação multicultural do Brasil. Essa batalha eu, a população de Garanhuns, o empresariado local e os Governos do estado e do Município travaremos até o fim; pois como eu sempre disse: ‘’O FIG não pertence ao Governo do Estado ou do Município a nenhum Prefeito ou Governador, mas sim ao povo de Garanhuns e ao pernambucano’’.

(*) Ivo Tinô do Amaral foi Prefeito de Garanhuns em duas oportunidades, Deputado Estadual em dois mandatos, é funcionário Público aposentado, empresário de radiofusão e apaixonado por Garanhuns.

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