Por Junior Almeida
O capoeirense Expedito Leandro Silva, de 54 anos, é Professor Doutor em Antropologia, atuando na área das culturas populares. Docente da Universidade Santo Amaro e integrante do Grupo de Estudos de Práticas Culturais Contemporâneas PUC – Pontífice Universidade Católica de São Paulo - estará seguindo no próximo dia 22 de Setembro para a cidade de Columbia nos Estados Unidos, onde ministrará uma palestra na University of Missouri atendendo ao convite do Departamento de Estudos Culturais Brasileiro daquela instituição.
TEMA DA PALESTRA:
Cultural Elements of Amazonian and Caribbean Brazil in the State of Pará (Elementos culturais do Brasil amazônico e caribenho no estado de Pará).
A palestra do pernambucano pretende analisar como e em que dimensão uma cultura de massa e popular, excluída da grande mídia, interage para conquistar e manter o seu espaço, assim como a música popular do estado do Pará, especificamente o estilo brega, como manifestação lúdica e interativa na sociabilidade da cultura popular paraense, além de sua importante relação e proximidade com a musicalidade caribenha. Considerando a contribuição do bolero e o mambo cubano, o merengue dominicano, a cúmbia colombiana, o calypso de Trinidad Tobago e da Guiana Francesa na composição do estilo musical brega/tecnobrega que interagem com o panorama da indústria cultural brasileira e a musicalidade local, especificamente o carimbó como gênero musical, oriundo da cultura indígena paraense. O estilo brega é compreendido como uma manifestação popular que traz em si suas heranças históricas, hoje denominada de brega calypso. O movimento tecnobrega introduziu um modelo de mercado fonográfico e cultural, inspirado na tecmusic que não se restringe à questão econômica, mas também aos fatores sociais da cultura local.
OBJETIVO
O professor Expedito Leandro pretende com sua palestra fazer com que as pessoas reflitam sobre a composição da música popular paraense e sua interação com a musicalidade caribenha, especificamente a influência do bolero e o merengue como um dos elementos rítmicos e musicais no contexto sociocultural da Amazônia.
Ele quer também que os americanos e principalmente os brasileiros compreendam que parte da Amazônia brasileira, mais especificamente os estados do Pará, Amapá e Roraima, participam da convivência e apropriação dos ritmos musicais dos países vizinhos, formando um regionalismo cultural que ultrapassa a área geográfica.
A fala do docente nos Estados Unidos pretende também identificar o carimbó como gênero da música local que acolheu os ritmos e estilos musicais externos, ou seja, posteriormente incorporados como um dos elementos de identidade da cultura local.
Expedito Leandro foi alfabetizado na zona rural de Capoeiras, estudou no Colégio Municipal José soares de Almeida e se formou em história na Universidade de Pernambuco, campus Garanhuns. Em 1994 seguiu para São Paulo onde fez pós graduação na Universidade de São Paulo - USP, mestrado na Cásper Líbero e doutorado na [Universidade] Pontífice Universidade Católica - PUC. O capoeirense já tem três livros acadêmicos publicados, sendo que no primeiro ele falou da formação de uma metrópole, no caso específico, Guarulhos em São Paulo. No seu segundo trabalho, Expedito Leandro voltou às origens, e em sua tese de mestrado, publicou “Forró no Asfalto”, onde fala da identificação do nordestino com o gênero que teve como ícone maior Luiz Gonzaga.
Agora o professor/escritor com seu novo trabalho vai até a terra do Tio San, mostrar a riqueza da música brasileira para os americanos.
O convite foi gerado por meio conhecimento do livro Tecnobrega: do Bordel às Aparelhagens, lançado em São Paulo pela editora Intermeios em 2014, fruto da minha pesquisa de doutorado em Antropologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Disse Expedito.
Expedito Leandro já trabalha no seu próximo trabalho, onde em sua tese de pós doutorado abordará a origem das músicas de vaquejada, como o aboio e o forró, esse último com todas as suas transformações, desde o pé de serra, com seus gêneros dentro do gênero, xote, xaxado e baião, passado pelo dito forró universitário e o forró “de plástico”. Quem gosta da cultura nordestina está ansioso por mais esse trabalho do estudioso, e cobra ao professor, que ele agilize a publicação do seu livro.
*Foto: Professor Expedito Leandro com seu filho Bento.
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