quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

A esfinge pouco decifrável chamada Raquel Lyra

 

Foto: Sérgio Maranhão 

Por Edmar Lyra

Na mitologia grega, a esfinge era considerada um monstro fabuloso e lendário com garras e cauda de leão, mas com cabeça e busto humano, enigmática e devorava quem não a conseguisse decifrar. Trazendo para os dias de hoje, uma esfinge é alguém misteriosa que pouco fala e de quem pouco se sabe.

As características de uma esfinge representam muito bem a postura adotada pela prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, que pouco fala sobre o seu futuro político e não emite quase nenhum sinal sobre seus próximos movimentos. A postura discreta de Raquel não é novidade, talvez pelo perfil de delegada federal e procuradora estadual antes de ingressar na política, a prefeita de Caruaru tenha por natureza essa característica bastante peculiar para quem atua na vida pública.

Considerada pela classe política, inclusive por alguns governistas, o nome mais competitivo da oposição na disputa pelo governo de Pernambuco este ano, e até mesmo para alguns, a única capaz de surpreender na disputa e talvez impor uma derrota ao PSB na eleição de outubro, Raquel Lyra é tão discreta que abre um precedente para que muitos desacreditem da sua disposição de deixar a prefeitura de Caruaru em abril para tentar o Palácio do Campo das Princesas.

Além da brilhante trajetória no serviço público, existem alguns atributos que justificam sua candidatura a governadora em outubro, como a demanda da sociedade por uma participação feminina mais efetiva na política, bem como pelo seu perfil mais ao centro, de já ter integrado o PSB e não ter se aliado ao presidente Jair Bolsonaro, seria mais difícil imputá-la a pecha de bolsonarista, o que facilitaria uma narrativa de sua candidatura para enfrentar o poderio da Frente Popular nas urnas.

Não há momento melhor para que ela possa deixar a prefeitura de Caruaru e disputar o governo de Pernambuco, reeleita com expressiva votação, presidente estadual de um dos maiores partidos da oposição, com autonomia para decidir sobre sua candidatura, Raquel dificilmente terá outra oportunidade de disputar a cadeira que seu pai, João Lyra Neto, chegou a ocupar, e ainda que não saia vitoriosa, estará consolidando a sua condição de quadro estadual para projetos futuros.

Mas enquanto Raquel não for mais incisiva sobre seu projeto, mesmo que mantenha certa cautela, estará sempre dando margem para interpretações de que lhe falta coragem para deixar a prefeitura de Caruaru e aventurar-se na disputa deste ano.

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