terça-feira, 28 de junho de 2022

A culpa vai além do PSB

POR MAGNO MARTINS


Pernambuco começou o ano de 2022 com quase 44% da população na pobreza, exatamente 4,2 milhões de almas vivas espalhadas em todos os recantos do Estado, não apenas, como antigamente, nos grotões, nos chãos de vidas secas.

Foi a primeira vez que o indicador ficou acima de 40% na série. O maior percentual até então havia sido o de 38,2%, em 2012. Isso é mais do que preocupante, é dramático, porque Pernambuco está muito pior do que o Nordeste em geral, que iniciou 2022 com 39.54% do total da população em estado de pobreza. Ou seja, o Estado está 11% muito mais miserável do que o Nordeste como um todo.

De quem é a culpa por essa situação vergonhosa? Obviamente, o PSB é o primeiro responsável, com base nos seus 16 anos ininterruptos de poder. Uma eternidade sem operar mudanças em favor dos descamisados. Mas o PSB não é unicamente o culpado. Toda a chamada elite política pernambucana, especialmente os que dividiram o poder com o PSB e depois caíram fora, têm responsabilidade direta e indireta na Biafra que Pernambuco virou.

Para ser mais preciso, todos os candidatos a governador, com exceção do Jones Manoel do PCB, foram ligados ao esquema de poder em Pernambuco em parte relevante desses 16 últimos anos. Em determinado momento, ou eram diretamente do PSB ou de partidos associados aos socialistas de Pernambuco. Portanto, existe uma responsabilidade coletiva.

Todos têm culpa no cartório. Os que se apresentam na oposição e enchem a boca em nome da mudança são parte da elite política de Pernambuco, parte desse vergonhoso estado de coisas. Essa é a verdade que dói, embora a dor maior seja dos 4,2 milhões de pernambucanos jogados na sarjeta. Como superar essa vergonha geral? Não resolve ficar só buscando culpados.

Há de se buscar um caminho sério, objetivo, viável, para transformar Pernambuco num lugar com o mínimo de dignidade da pessoa humana, como acontece hoje na Bahia e no Ceará, que deixaram Pernambuco para trás. Chegou a hora de cada candidato se posicionar sobre as soluções concretas e não demagógicas.

Campeã em miséria – Na Região Metropolitana do Recife, a renda média passou a ser a terceira pior dentre as metrópoles brasileiras: R$ 831,66. No recorte dos mais pobres, é na capital pernambucana onde a situação de vulnerabilidade mostra-se ainda pior. O Grande Recife, em geral, detém o título de metrópole onde os mais pobres têm o pior rendimento do País. A pobreza é maior entre crianças, negros e moradores e se acentua de forma tão dramática que é duas vezes pior que a miséria espalhada no resto do Brasil.

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