terça-feira, 17 de junho de 2025

Lula estagna, oposição avança: Datafolha escancara fragilidade do governo rumo a 2026

Foto: Nelson Almeida/AFP

Por Edmar Lyra

A nova pesquisa Datafolha divulgada neste fim de semana revela um cenário político desafiador para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com apenas 28% de avaliação positiva e 40% de ruim ou péssimo, o governo mostra sinais de desgaste precoce — e a tendência é de alerta vermelho no Planalto. A frustração econômica, a perda de protagonismo político e a falta de uma agenda mobilizadora junto ao eleitorado de centro e de periferia corroem o capital eleitoral de Lula a menos de um ano do início efetivo da campanha.

Nos cenários de primeiro turno, Lula até mantém a dianteira em cinco dos seis quadros simulados pelo Datafolha. No entanto, essa liderança se dá sempre com índices entre 36% e 38%, ou seja, longe da maioria absoluta. Além disso, há empate técnico com Jair Bolsonaro (36% a 35%), revelando que o ex-presidente segue como o principal polo de oposição, mesmo inelegível. Contra Michelle Bolsonaro, Lula vence com margem (37% a 26%), e com folga em relação a Flávio e Eduardo Bolsonaro, que pontuam com 20%. Já Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, tem 21%, mas com potencial de crescimento, pois agrega menos rejeição e é visto como nome “viável e novo”.

O sinal mais preocupante para Lula, no entanto, está nos cenários de segundo turno. Em abril, o petista vencia todos os confrontos. Agora, empata tecnicamente com Jair Bolsonaro (44% x 45%), com Tarcísio de Freitas (43% x 42%) e aparece com vantagem apertada sobre Michelle Bolsonaro (46% x 42%). A leitura é clara: a margem pró-Lula diminuiu, e seu governo não conseguiu transformar a presidência em trunfo eleitoral.

Outro ponto que enfraquece a candidatura do atual presidente é a rejeição, que atinge 46% do eleitorado — a mais alta entre todos os nomes testados. O petismo, que antes se beneficiava de forte recall popular e capacidade de mobilização em massa, agora enfrenta um país dividido e com desconfiança crescente em relação ao futuro.

Enquanto isso, a oposição ensaia reorganização. Michelle Bolsonaro desponta como opção com menos rejeição que o marido e pode ampliar o discurso para segmentos do eleitorado feminino e conservador. Já Tarcísio, com 15% de rejeição e 42% num eventual segundo turno, aparece como opção palatável ao centro e ao empresariado, podendo crescer fora da sombra do bolsonarismo raiz.

Em resumo, Lula ainda lidera, mas com fôlego curto. A reeleição, antes tratada como caminho natural, agora parece depender de variáveis externas: melhora da economia, retomada de obras, crescimento da renda e, sobretudo, reconstrução da confiança popular. Do contrário, o presidente poderá reviver, em 2026, o mesmo cenário de tensão que o elegeu em 2022 — mas, desta vez, partindo de dentro do governo e com menos margem de manobra. 

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