Por Edmar Lyra
A sucessão presidencial de 2026 começa a ganhar contornos mais definidos, e o ex-presidente Jair Bolsonaro parece ter encontrado em Tarcísio Gomes de Freitas o nome ideal para representar seu campo político na disputa contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Atual governador de São Paulo, Tarcísio reúne atributos que o colocam como o principal nome da direita para enfrentar o lulismo: é técnico, militar da reserva, ex-ministro da Infraestrutura de destaque no governo Bolsonaro e tem, sobretudo, demonstrado viabilidade eleitoral.
Tarcísio já aparece bem posicionado nas pesquisas, figurando como o melhor adversário de Lula em todos os cenários testados até agora. Seu desempenho como governador de São Paulo — o maior colégio eleitoral do país — tem lhe garantido boa visibilidade nacional, ao mesmo tempo em que cultiva uma imagem mais moderada, capaz de dialogar com setores do centro. Essa postura o diferencia de Bolsonaro e pode ampliar sua margem de apoio em um eventual segundo turno, sobretudo entre eleitores que rejeitam tanto o radicalismo de direita quanto o retorno de um projeto petista.
Lula, por sua vez, vive seu pior momento desde que chegou ao Palácio do Planalto em 2003. A queda de popularidade, a estagnação econômica, os embates com o Congresso e a dificuldade de entregar promessas de campanha desgastaram seu capital político. Nesse cenário, a candidatura de Tarcísio pode ser tão ameaçadora que há quem considere, nos bastidores, que Lula pode sequer disputar a reeleição. Uma eventual saída do petista da corrida presidencial abriria espaço para uma reedição da disputa paulista de 2022 entre Tarcísio e Fernando Haddad, desta vez em âmbito nacional.
O apoio de Bolsonaro a Tarcísio parece cada vez mais natural. Mesmo inelegível, o ex-presidente mantém forte influência sobre seu eleitorado e sobre o Partido Liberal, e sabe que precisa de um nome competitivo para manter viva a chama da direita bolsonarista. Ao abrir mão de uma candidatura própria e investir em Tarcísio, Bolsonaro preserva sua liderança política e ainda aumenta as chances de vitória do seu campo ideológico.
Caso essa aliança se consolide, a eleição de 2026 poderá marcar um novo capítulo na disputa entre lulismo e bolsonarismo — agora, com outros protagonistas, mas a mesma polarização que definiu o Brasil nos últimos anos.
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