Por Edmar Lyra
O aumento do IOF anunciado pelo governo Lula é mais um capítulo da saga arrecadatória que vem marcando a atual gestão. A medida, que eleva a alíquota de 1,88% para 3,95% ao ano em operações de crédito empresarial, deve render quase R$ 20 bilhões aos cofres públicos — um alívio temporário para o governo, mas um peso permanente sobre as costas de quem produz, investe e gera empregos.
A decisão escancara a incapacidade do Executivo de fazer o dever de casa: cortar gastos, reformar o Estado e promover uma gestão responsável das contas públicas. Ao invés disso, opta por penalizar o setor produtivo, especialmente os pequenos negócios, que são os mais dependentes de crédito e os mais vulneráveis a esse tipo de medida. A elevação do custo do dinheiro deve provocar o adiamento de investimentos e pode levar muitos empreendimentos à estagnação — ou ao fechamento.
O governo, por meio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta justificar o aumento do IOF como essencial para o cumprimento das metas orçamentárias. Haddad chegou a afirmar que, se a medida não avançar, será necessário cortar gastos em áreas sensíveis. Uma chantagem institucionalizada, que ignora o real problema: a gastança desenfreada do próprio governo, que insiste em manter uma máquina pública inchada, sem tocar em reformas estruturais e sustentando 38 ministérios.
Felizmente, o Congresso começa a reagir. O presidente da Câmara, Hugo Motta, se posicionou contra a medida e afirmou que o clima entre os deputados é de derrubada do decreto do IOF. É um sinal claro de que até mesmo a base do governo começa a reconhecer os riscos de uma política econômica sem rumo, focada apenas em arrecadar mais, sem pensar nas consequências para o crescimento do país.
Essa tentativa de dobrar o IOF se soma a outras 23 medidas de aumento ou criação de impostos desde 2023 — uma a cada 37 dias. A lógica é sempre a mesma: tapar buracos com mais tributos, nunca com cortes.
Se o governo Lula seguir nesse caminho, estará pavimentando a estrada para um colapso fiscal até 2027. O Brasil precisa de responsabilidade, não de improviso; de gestão, não de desespero arrecadatório. Taxar o crédito é sufocar o futuro. E o país não aguenta mais pagar a conta da incompetência.
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