Muitos fazem acampamento ao ar livre, protegidos apenas por cobertores, e só vão deixar o estádio quando os corpos chegarem à cidade
Chapecó — A madrugada foi de vigília do lado de fora da Arena Condá. Cerca de 30 integrantes da Torcida Jovem, a maior organizada do clube, dormiram ao ar livre, ao longo do meio frio. Na noite fria, apenas cobertores eram usados para aquecer o corpo e a dor causada pelo acidente com o avião que transportava a delegação da Chapecoense até Medellín, que seria palco nesta quarta-feira do jogo de ida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional.
Cristian Xavier, 19 anos, falou ao Correio Braziliense em nome do grupo. Era um dos poucos acordado às 5h45 da manhã. “Vamos ficar aqui até os corpos chegarem. Ainda não estamos acreditando no que aconteceu. É uma dor muito grande. A gente convivia com os caras, encontrava com eles nas ruas, nos restaurantes, nos supermercados. O goleiro Danilo esteve com a gente na véspera da viagem acompanhando o jogo do time sub-20 pelo Campeonato Catarinense. Sinceramente, eu não acredito que isso seja verdade. É cruel”, desabafou Cristian.
Clubes do mundo inteiro prestam solidariedade à Chapecoense. Uns prometem reforço financeiro e até empréstimo de jogadores para a reformulação do elenco, mas Cristian Xavier pondera. “Podem mandar o Cristiano Ronaldo, o Messi ou o Neymar que jamais vai ser a mesma coisa. O carisma daqueles caras era impressionante, era um time de família, mesmo. Dificilmente a Chapecoense vai ter isso de novo. O esforço de todos é válido, mas a dor que a gente sente não tem remédio.
Com frio, Fernando Américo, 17, era o único acampado em uma barraca. “Nós deixamos velas acesas lá dentro da Arena Condá. Esperávamos estar lá dentro, mas não foi possível. Não tem problema. A gente só sai daqui quando os corpos chegarem. Não tem frio que tire a gente daqui. Nós amamos os nossos jogadores queremos prestar a última homenagem”, afirmou.
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