Trabalho será realizado em todas as comunidades e também se estende à zona rural
por EDMÉA UBIRAJARA
De acordo com levantamento da Secretaria da Mulher de Garanhuns, entre os 1.577 atendimentos registrados em 2017, 60% das mulheres se declararam católicas praticantes e 20% evangélicas. Os números motivaram a criação da ação Religião e Violência Doméstica: Revendo Paradigmas, que leva orientação às instituições religiosas que podem atuar como suporte para as vítimas. No fim de semana, a Paróquia contemplada foi a de São Sebastião, na Boa Vista e os próximos a receber as profissionais da Secretaria serão os pastores presbiterianos, no dia 26 de fevereiro.
A secretária da Mulher, Walkiria Alves, adianta que a igreja pode despertar para o papel social que possui e transformar a realidade. “Diante dos números vemos que esse trabalho tem que ser feito, de não aceitar violência como um fardo que santifica, nem que a torna mais sábia porque ‘a mulher sábia edifica sua casa’”, reflete. Os dados podem ser justificados, segundo Walkiria, porque existe o olhar de que a mulher deve suportar, ser fortaleza e aí ela não denuncia. “Então é isso que a gente precisa transformar, trabalhar isso de forma linear ao longo do ano, não somente ações pontuais. As ações pontuais despertam, mas se não tem uma continuidade”, completa.
O trabalho vem sendo feito desde o ano passado, mas em 2018 o apoio de lideranças cristãs está ainda maior e envolve todos os grupos das igrejas para que haja a abordagem em todos os âmbitos e faixas etárias sobre a violência contra a mulher. Ao final da Quaresma Cristã será realizado um momento de culminância e outro ciclo recomeça. “Mesmo devagar, começamos a despertar para a não normalidade da violência e para a necessidade de transformar isso porque é um caso de saúde pública que envolve segurança pública, mercado de trabalho, polícias, Poder Judiciário e outros tantos setores”, destaca a secretária.
Para Sandra Paes de Araújo, do distrito Caluête, a discussão desse tema na igreja é válida uma vez que torna todos mais atentos aos sinais. “Nunca vi na minha comunidade, mas sei que acontece muita violência como ela falou agora. É muito bom levar projeto para dentro da comunidade, conversar, tentar reunir as pessoas para ir mudando aos pouquinhos, porque do jeito que tá é complicado”, declara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário