Por Edmar Lyra
A primeira pesquisa DataTrends sobre a sucessão presidencial de 2026 escancara um cenário já conhecido do eleitor brasileiro: a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro segue viva, mas com um novo componente — a competitividade de nomes como Tarcísio de Freitas e Michelle Bolsonaro, que redesenham a correlação de forças no campo da direita. O levantamento, realizado entre 1º e 4 de julho com 2 mil eleitores por telefone, mostra que a corrida começou antes do previsto e com sinais claros sobre forças, fragilidades e possibilidades.
Jair Bolsonaro aparece com 35% no cenário mais tradicional de primeiro turno, em empate técnico com Lula, que tem 34%. Esse desempenho, mesmo fora da Presidência e sem presença ativa nas redes sociais e eventos oficiais, confirma sua força consolidada junto a uma parcela significativa do eleitorado. No segundo turno, o ex-presidente venceria Lula por 46% a 38%, e também derrotaria Fernando Haddad com ainda mais folga (47% a 32%). Bolsonaro se mantém como principal referência da direita e mostra fôlego eleitoral, mesmo diante das incertezas jurídicas que rondam sua elegibilidade.
Por outro lado, Lula demonstra fragilidade frente ao avanço de novos nomes da direita. Embora ainda lidere nos cenários de primeiro turno, o petista perde para Bolsonaro, Michelle e Tarcísio no segundo turno. O empate técnico com Eduardo Bolsonaro (39% a 39%) também indica uma perda de margem de manobra. A imagem de Lula resiste, mas enfrenta sinais de desgaste após três eleições mandatos protagonizados pelo líder petista. Sua vitória em 2022 não garante hegemonia em 2026, especialmente se a oposição conseguir se reorganizar em torno de um nome competitivo.
É neste ponto que surge Tarcísio de Freitas como peça central. O governador de São Paulo pontua com 32% no primeiro turno, quase colado em Lula (35%), e vence o petista no segundo turno por 46% a 42%. Mais do que isso, Tarcísio aparece como o nome com maior potencial de unificação do campo conservador: é técnico, tem experiência administrativa, transita entre bolsonaristas e setores moderados e apresenta baixo índice de rejeição. Contra Haddad, sua vantagem é ainda mais expressiva (48% a 28%), o que mostra sua capacidade de crescer com a saída de Bolsonaro da disputa.
Com forte polarização, enfraquecimento do centro e múltiplas alternativas à direita, a corrida de 2026 promete ser tão imprevisível quanto decisiva para o futuro político do país.
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