Por Edmar Lyra
A governadora Raquel Lyra vive um dos momentos mais difíceis que um governante em Pernambuco já enfrentou na história recente. Não por ser um governo ruim de ações e de entregas, mas por ter dificuldade na relação. Os poderes constituídos, legislativo, judiciário e órgãos de controle, como TCE, Ministério Público, Defensoria, precisam de uma interlocução com o executivo, que é mais do que o cumprimento do repasse de seus respectivos duodécimos. Política é a arte de ternurar, se o governador não tem tempo ou não se dispõe a isso, precisa que seus auxiliares o façam.
A crise política escalou substancialmente entre o final de 2024 e início de 2025, em que pese a relação de idas e vindas com o presidente Álvaro Porto, seu aliado, que chegou ao cargo sobretudo pela eleição de Raquel, se fosse outro governador, dificilmente ele seria o presidente da Alepe, é indiscutível que o fator do não pagamento das emendas escalou a crise e fez com que a governadora sofresse reveses na Casa de Joaquim Nabuco, como as comissões que poderiam garantir uma tranquilidade ao governo, mas tornou-se o calcanhar de Aquiles. Uma vez que os empréstimos, indicações da governadora e outras questões ficaram prejudicadas por adversários dela ocuparem o comando das comissões.
Evidentemente que há interesses de deputados de oposição em inviabilizar o governo, mas o cerne da questão é o de que o não pagamento das emendas prejudicou oposicionistas e governistas, fortalecendo o sentimento de corpo dentro da Casa.
A essa altura do campeonato não se discute quem está certo ou quem está errado, não adianta mais, o efeito prático seria um pacto de governabilidade mínima a partir do cumprimento das emendas por parte do governo, uma vez que o sentimento geral é que o impasse tende a se arrastar para 2026, pois os problemas que travaram os pagamentos das emendas permanecem.
As emendas são o instrumento que os deputados possuem para se fazerem presentes em suas bases. Pagá-las independente de o deputado ser governo ou oposição, é de fundamental importância. Evidentemente que os casos em que seja impossível pagar por questões formais, não tem o que resolver, mas os outros casos podem ter uma força tarefa para que na volta dos trabalhos legislativos o clima na Casa seja de menor impasse.
Ninguém está confortável com isso, é algo que tem causado preocupações para todos os envolvidos, uma vez que a queda de braço entre o presidente e a governadora não beneficia nenhum dos dois. Raquel, que já foi deputada e já foi prefeita, precisa encontrar uma solução definitiva, para poder voltar a uma mínima paz institucional e com isso os empréstimos saiam do papel e fatores externos não comprometam o funcionamento do governo, como estamos observando nos últimos dias.
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