sexta-feira, 25 de julho de 2025

China ofereceu um poderoso arsenal militar ao Exército, que prometeu revolucionar as Forças Armadas brasileiras: entre eles, o Sky Dragon 50, capaz de proteger todo o espaço aéreo de Brasília

Comprar material bélico da China significa apoiar a ditadura chinesa ou são apenas negócios? Conheça o poderoso arsenal que a China ofereceu ao Exército Brasileiro

por Thaís Souza


China ofereceu um poderoso arsenal militar ao Exército, que prometeu revolucionar as Forças Armadas brasileiras: entre eles, o Sky Dragon 50, capaz de proteger todo o espaço aéreo de Brasília

Você já imaginou o Exército Brasileiro operando um sistema antiaéreo tão poderoso que protegeria sozinho todo o espaço aéreo de Brasília? Pois é exatamente isso que estava em negociação com a China. A parceria militar entre os dois países prometia marcar uma virada histórica na forma como o Brasil se posicionaria no cenário global de defesa. Mais do que compra de equipamentos, tratava-se de uma proposta ousada de transferência de tecnologia, que prometia deixar as Forças Armadas brasileiras muito mais autônomas, modernas e prontas para responder a ameaças externas.

A proposta, que inclui desde tanques de guerra até drones kamikaze, foi tratada com discrição em Brasília. O responsável por essa articulação estratégica foi Celso Amorim, ex-assessor especial da Presidência, que vinha defendido uma postura de neutralidade ativa no xadrez geopolítico. E o que foi colocado na mesa podia mudar completamente o futuro da indústria de defesa do país.
A nova doutrina de segurança proposta por Celso Amorim

Para entender o que estava acontecendo, é preciso voltar algumas páginas da história recente. Celso Amorim, que já foi ministro da Defesa e conselheiro direto do presidente Lula em assuntos internacionais, tinha uma visão muito clara: o Brasil não pode ficar preso a um único grupo de fornecedores de armamentos. Segundo ele, “não se pode colocar todos os ovos no mesmo cesto”, como declarou em diversas entrevistas.

Essa frase, aparentemente simples, traduz um pensamento estratégico profundo: a segurança nacional brasileira deve ser protegida contra qualquer instabilidade geopolítica. Isso significa, na prática, buscar parceiros fora do eixo tradicional da OTAN — grupo do qual fazem parte os principais fornecedores atuais do Brasil, como França, Alemanha, Suécia e Estados Unidos. Todos esses países compartilham uma mesma visão de mundo e alianças militares. Caso entrem em conflito com um rival estratégico, como a China, o Brasil poderia ficar sem acesso a equipamentos ou peças essenciais para manter sua defesa funcionando.
Missão chinesa no Brasil marcaria reaproximação estratégica

Foi seguindo essa lógica que Amorim convenceu, na época, o presidente Lula a abrir as portas do Exército Brasileiro para uma comitiva chinesa. Em 2023, 18 militares da China, incluindo 17 oficiais-generais da poderosa Universidade de Defesa Nacional (NDU), visitaram o Quartel-General do Exército em Brasília e a Escola Superior de Guerra no Rio de Janeiro. O objetivo não era apenas diplomático. A missão foi liderada pelo general sênior Zheng He, e teve encontros com o Escritório de Projetos Estratégicos do Exército, chefiado pelo general Rocha Lima.

De acordo com nota oficial divulgada pelo próprio Exército Brasileiro, a visita marcou a retomada das relações presenciais após o fim das restrições da COVID-19 e teve o claro propósito de estreitar laços técnicos e operacionais entre as duas forças.
Arsenal militar chinês oferecido ao Brasil: o que estava em jogo?

A partir dessa visita, uma equipe brasileira do Escritório de Projetos Estratégicos foi enviada à China para conhecer de perto os equipamentos militares que poderiam ser fabricados no Brasil, em parceria com empresas nacionais. As informações foram reveladas pela coluna Radar, da Veja, e depois confirmadas por outros veículos como a Revista Oeste.

Entre os sistemas oferecidos, estava o impressionante Sky Dragon 50, um conjunto de artilharia antiaérea capaz de neutralizar aeronaves, mísseis e drones a até 20 km de altura e 50 km de distância. O alcance é suficiente para proteger integralmente uma cidade como Brasília. O sistema utiliza os mísseis DK10A e inclui radares tridimensionais, lançadores móveis e centros de comando digitalizados.

Outro destaque da lista foi o obuseiro autopropulsado SH15 6×6 de 155mm, com capacidade para disparar munições de precisão e, teoricamente, até bombas nucleares táticas compactas (embora o Brasil, como signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear, jamais possa receber esse tipo de armamento). Segundo analistas da Janes, o SH15 está entre os mais modernos do mundo em sua categoria.

Conheça o poderoso o Sky Dragon 50 oferecido ao exército brasileiro

Tanques, blindados e drones: um arsenal completo na mesa

A lista de ofertas chinesas foi robusta e muito além da artilharia antiaérea. Também foi colocada à disposição do Exército Brasileiro o carro de combate VT4, com 52 toneladas, blindagem de última geração e canhão de 125mm, além de possibilidade de integração com a torre do Centauro II de 120mm.

Outro blindado que chama atenção é o VN-20, um veículo de combate de infantaria com aproximadamente 50 toneladas, considerado o mais bem blindado do mundo em sua classe. A proposta chinesa incluia ainda drones kamikaze e sistemas de rádio definidos por software, além da prometida transferência de tecnologia para fabricação local, uma das exigências mais importantes do governo brasileiro.
E o risco político? Comprar material bélico da China é apoiar sua ditadura?

Essa é uma pergunta recorrente nos bastidores de Brasília e também na opinião pública. Mas a visão do governo brasileiro é mais pragmática. A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil, e ampliar essa relação para o setor militar não significa, necessariamente, um alinhamento político. Na verdade, como apontou o próprio Amorim, trata-se de uma questão de sobrevivência estratégica.

Em entrevista à DW Brasil, o ex-chanceler afirmou: “O Brasil precisa se manter fora das polarizações e buscar relações amplas, com todos os polos de poder”. Isso inclui tanto os Estados Unidos quanto a Rússia e, claro, a China.

A movimentação estratégica iniciada por Celso Amorim não foi apenas sobre tanques e mísseis, ela representou uma mudança profunda na postura do Brasil frente ao mundo. Apostar em múltiplos fornecedores, incluindo países que estão fora da órbita da OTAN, coloca o país em uma posição mais autônoma, flexível e resiliente.

Mais do que isso, o Brasil podia passar a ser produtor de tecnologia militar de ponta, com acesso a sistemas que poucos países dominam. Em um mundo cada vez mais tenso, essa decisão pode fazer toda a diferença.

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