terça-feira, 22 de julho de 2025

em Bolsonaro, a economia determinará o fim da Era Lula

 

Foto: Wilton Júnior/Estadão Conteúdo

Por Edmar Lyra

A decisão do ministro Alexandre de Moraes de impor o uso de tornozeleira eletrônica a Jair Bolsonaro elimina qualquer resquício de dúvida sobre o destino jurídico do ex-presidente. A prisão, que antes parecia uma possibilidade remota ou politicamente arriscada, agora se apresenta como inevitável — e pode ocorrer até outubro. Com isso, consolida-se o cenário de uma eleição sem a presença física e política do principal líder da direita brasileira.

Enquanto Bolsonaro caminha para trás das grades, o Supremo Tribunal Federal dobra a aposta. Mesmo com o aumento de pressão internacional, como a taxação de 50% imposta pelo presidente Donald Trump ao Brasil e a suspensão de vistos de ministros e autoridades por supostas violações de direitos humanos e liberdade de expressão, o STF mantém o enfrentamento. A crise ganha contornos inéditos no ambiente institucional brasileiro.

Inelegível e prestes a ser encarcerado, Bolsonaro se torna carta fora do baralho de 2026. Sem presença nas ruas, repete-se o fenômeno de Lula em 2018, quando, mesmo preso, conseguiu transferir parte de seu capital político a Fernando Haddad — que obteve 44% dos votos válidos. A diferença é que o antipetismo segue presente, mas o antibolsonarismo perde sua referência direta. Isso abre uma avenida para que um nome de centro herde o eleitorado órfão da direita.

No Palácio do Planalto, Lula enfrenta outro dilema. A ausência de Bolsonaro na eleição desmonta o discurso de polarização que o beneficiou em 2022. Soma-se a isso uma crise econômica crescente, com reflexos na inflação, no desemprego e no consumo popular. O discurso de soberania nacional pode colar em palanque, mas se dissolve no cotidiano das dificuldades sociais.

Lula venceu apenas no Nordeste em 2022, perdendo nas demais quatro regiões do país. E, passados quase três anos, não conseguiu reverter esse cenário — pelo contrário, enfrenta sinais de desgaste até em seu reduto tradicional. A base popular que lhe garantiu o terceiro mandato começa a dar sinais de impaciência, e a defesa incondicional do PT já não é mais automática.

Com o fim do dualismo Lula-Bolsonaro, o centro político pode emergir como protagonista em 2026. A direita buscará reorganização em torno de uma nova liderança, e o lulismo enfrentará a disputa sem o espantalho bolsonarista para alimentar sua militância. Sem uma Geni, o debate será sobre resultados. E como disse James Carville nos anos 1990: “é a economia, estúpido!”

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