Por Edmar Lyra
A relação entre Miguel Coelho e Raquel Lyra é marcada por uma guerra fria política que persiste desde antes das eleições de 2022. Miguel desejava ter Raquel como sua candidata ao Senado em sua chapa ao governo, mas ela seguiu em voo solo, vencendo o pleito e, mesmo após receber seu apoio no segundo turno, optou por não integrá-lo ao seu governo. Desde então, os dois seguiram caminhos paralelos, sem rompimento formal, mas com nítida distância política.
Em busca de espaço, Miguel iniciou uma reaproximação com o PSB, partido que fora seu principal alvo na campanha passada. A entrada de Antonio Coelho na gestão de João Campos, como secretário de Turismo do Recife, foi o primeiro gesto concreto dessa reaproximação. A contrapartida veio com o apoio socialista à reeleição de Simão Durando em Petrolina. Agora, Miguel articula para ser candidato ao Senado na chapa de João em 2026.
O problema é que o espaço está disputado. Miguel preside o União Brasil em Pernambuco, partido federado com o PP de Eduardo da Fonte, aliado de Raquel Lyra. Para levar a União Progressista à Frente Popular, Eduardo só aceitaria com a garantia da vaga ao Senado, o que bloquearia o caminho de Miguel. Além disso, na base de João já estão na fila do Senado nomes como Humberto Costa e Silvio Costa Filho.
Nesse cenário, Miguel até poderia trocar de partido e ingressar no MDB para tentar uma indicação a vice, mas ali também há uma fila competitiva: Fernando Dueire, Iza Arruda e Raul Henry. A alternativa mais viável, portanto, seria um entendimento com Raquel Lyra, disputando o Senado em sua chapa, numa composição em que a federação União Progressista teria força para indicar dois nomes majoritários.
Ainda que a relação entre ambos seja marcada por desconfianças e rusgas, a lógica eleitoral poderá forçar uma reconciliação pragmática. A ausência de entendimento deixaria tanto Miguel quanto Raquel fragilizados para 2026. Nesse contexto, a política cobrará maturidade: ceder para sobreviver. E, embora a aliança possa soar improvável hoje, o calendário e a necessidade eleitoral se encarregarão de torná-la inevitável.
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