O aumento das alíquotas de PIS/Cofins sobre os combustíveis, já a partir de hoje, não vai impactar no seu bolso apenas na hora de abastecer o carro. Os reajustes na gasolina, diesel e etanol serão apenas o início de um ciclo de altas que o consumidor poderá enfrentar nos próximos dias. Basta lembrar que os combustíveis são itens básicos da cadeia produtiva, desde as indústrias, o transporte público e até mesmo a geração de energia elétrica.
De forma imediata, a gasolina vendida nos postos será a grande vilã: ficará até R$ 0,41 mais cara a cada litro. Tudo isso vai acontecer porque o governo federal precisa arrecadar mais de R$ 10 bilhões para cumprir a meta fiscal do ano que prevê um déficit de R$ 139 bilhões. Ainda assim, a equipe econômica afirmou que será necessário contingenciar R$ 5,9 bilhões dos gastos previsto no Orçamento da União de 2017, aprofundando o arrocho na máquina pública e pondo em risco a continuidade de serviços no próximo mês.
Segundo nota do governo federal, esse valor deve ser compensado por "receitas extraordinárias que ocorrerão ainda este ano". Segundo o Governo, o presidente Michel Temer resistia ao aumento de tributos, mas acabou cedendo porque, com a crise política, não foi possível aprovar a reforma da Previdência ou medidas que trariam mais receitas extraordinárias, como o programa de refinanciamento de dívidas de empresas com a Receita. "A política atrapalhou, infelizmente", disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, logo após a divulgação da nota conjunta dos ministérios da Fazenda e Planejamento, a qual confirmava o reajuste das alíquotas de PIS/Cofins. "Ninguém gosta de aumentar impostos. Nosso objetivo é diminuir a carga fiscal, mas não podíamos comprometer o avanço que já tivemos".
Já o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o aumento de tributos era a única saída neste momento para elevar as receitas do governo, que vêm diminuindo com a recessão. Só que a decisão, avaliam economistas, pode, na verdade, atrapalhar a recuperação da economia por se tratar de uma medida que vai afetar todos os setores da sociedade. "Alguma coisa o governo tinha de fazer, mas mexer em combustível é ruim porque é uma medida generalizada e pega a economia inteira, que está estagnada há 20 meses e parecia começar a dar sinais de retomada", avalia o economista Geraldo Biasoto, professor da Unicamp e ex-coordenador de política fiscal do Ministério da Fazenda.
Os donos dos postos são livres para estabelecer preços desde 2002. Porém, o valor do imposto na gasolina, por exemplo, praticamente dobrou, passando de 0,3816 para 0,7925 centavos por litro. Os preços do diesel e do etanol também vão subir em R$ 0,21 e R$ 0,19, respectivamente. Na avaliação do diretor da rede EcoPostos, Rafael Coelho, será difícil para o empresário não repassar o valor total. "Nunca testemunhamos um aumento tão grande. Será ruim para todo mundo", comenta. (Com informações do Jornal do Commercio. CONFIRA)
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