quarta-feira, 29 de novembro de 2017

CONSCIÊNCIA HUMANA

·         Givaldo Calado de Freitas

Outro dia li uma expressão do ator, Morgan Freeman, que me deixou absorto e enigmático. Fui ao espelho. Lá, tomei um susto ao tentar sorrir como de costume. De repente disse a mim mesmo que meu sorriso estava a parecer o sorriso de Gioconda, obra genial de Leonardo da Vinci. Enigmático, indecifrável... Pensei: não, isso não sou eu. O que me levou a ficar assim? Como disse: absorto e enigmático. Todavia, na medida em que absorvia a lapidar expressão de Morgan Freeman, acometia-me da certeza, que sempre tivera, no sentido de que, enquanto o homem não entender que somos todos iguais; enquanto esse entender não chegar ao seu coração, a ponto de se fixar, e de se converter em consciência, difícil... Muito difícil continuará sendo a convivência fraterna entre os homens.
Mas o que expressara o grande ator, a ponto de me deixar absorto e enigmático?  Disse ele: “O dia em que pararmos de nos preocupar com Consciência Negra, Amarela ou Branca e nos preocuparmos com Consciência Humana, o racismo desaparece.”.
Ainda não havia lido nada igual sobre o assunto. Que atordoa o homem. Porque tira sua paz de espírito. Porque confunde seus sentimentos. Porque rouba seu bem estar. Porque, enfim, desumaniza e perturba sua convivência com seus semelhantes.
Pensei: Morgan Freeman, antes de ser um grande ator, para mim ele passa a ser um grande pensador. Porque não defende supremacia de raças. Porque se limita só, e tão só, a pregar a “Consciência Humana” na busca incansável do sumiço, da extinção... desse mal perverso que muitos carregam em seus corações, causa e efeito de tantas barbaridades hediondas.
Não! Não cabe mais hediondez entre os homens. Sobretudo na sociedade em que vivemos. De grandes conquistas. De grandes realizações. De concretização de sonhos, ontem, inimagináveis. De grandes... E o homem autor e ator de todas essas maravilhas. De todos esses “milagres”. De todos...  Ele, branco, amarelo ou negro, ainda pensa em dia de consciência de raças.
Não! Não é por aí que devemos continuar caminhando. Muito menos, dizendo como Gilberto Gil, há exatos dez anos, lá, na Serra da Barriga no estado de Alagoas, na entrega do Memorial Quilombo dos Palmares: “...negros que irmanam minha origem, meu caráter, minha história, minha liberdade, minha capacidade de resistir e existir no mundo.” Porque todas essas qualidades que são intrínsecas ao homem. Nele, devem estar presentes. Seja esse homem, branco, amarelo ou negro. Todos com seus caracteres, histórias e desejos de existirem nesse mundo. Posto que, este, ainda perdido na procura, na busca... do caminho que o leve à assunção da desejada “Consciência Humana.”
Penso que é por aí. Ou seja: que o homem tem que perseguir, de forma obstinada, a conquista da “Consciência Humana”, e esse homem não importa que seja branco, amarelo ou negro. Importa que seja homem. E só. E de qualquer dos continentes. Até porque essa consciência terá que envolver a todos. Terá que ser universal. Portanto, de todo planeta.
Fácil? Claro que não. Mas temos que trabalhar, no entanto, nessa direção. Na certeza de que a consciência unilateral de raças não resolve o problema. Pelo contrário, a mim me parece que adensa o preconceito entre raças, gargalo maior nesse caminhar à conquista da “Consciência Humana”.


·         Figura pública. Advogado de empresas. Empresário.

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