domingo, 26 de novembro de 2017

REFLEXÃO

·         Givaldo Calado de Freitas



Um casal amigo me procurou essa semana. Estava aflito. “Givaldo, sabemos de nossa amizade. Amizade construída ao longo de tantos anos. Sempre estivemos a conversar durante esses anos todos. E nós, como você, sempre tivemos uma conversa séria e leal. Além de civilizada e respeitosa. De sorte que viemos, aqui, conversar com você para pedir uma orientação. Na verdade, sua ajuda.”.
De repente, descamba o casal a falar de fatos pretéritos, ocorridos em nossas vidas. E a conversa se prolonga e se prolonga, e o casal amigo não entra no assunto que o trouxera ao meu escritório. Olhei para o relógio. Sempre o faço quando atendo às pessoas. Não por não gostar de atendê-las. Claro   que gosto. E muito! Para mim uma satisfação. Mas porque tenho que administrar meu tempo para atender a tantas outras.
Verifiquei que quase uma hora se passara, e nada de o assunto sair. Resolvi sugerir. “Amigos por que não marcamos para conversar sobre o assunto lá, em casa? Vocês viram, não é verdade? Tenho tantos e tantas, ainda, para atender.”.
Combinamos com o casal amigo para conversarmos nesse final de semana. Às 20h, lá, em casa.
Às 20h, estávamos, eu e Emília, prontinhos para esperar o casal amigo. E nada de chegar. Quando os dois aportaram lá, em casa, já passava das 21h. Mas, tudo bem... O que fazer?
O casal amigo começou a falar de seu filho que casou, já faz alguns anos, e que estava passando por “um probleminha de relacionamento com sua esposa”.
Pediu desculpa pela digressão que fizera em meu escritório, e nos falou, a mim e a Emília, que ia direto aso assunto. Aos meus botões disse: “Graças a Deus!”. 
E começou: “Soube que meu filho estaria participando de uma conferência na Igreja.”. E se apressou de dizer a ele: “Filho, eu quero dizer que fiquei muito feliz quando soube do ‘Encontro’ que você estará fazendo nesse final de semana.”.
Penso que, na vida, há momentos em que devemos parar um pouco para analisar as nossas vidas e mudar os rumos a que a ela estávamos dando.


“Você está tendo esse momento. Prenda-se a ele. Peça ao nosso Deus a Sua ajuda. Ajuda para você. Ajuda para sua esposa. Forças para vocês poderem vencer, juntos, esse momento difícil porque estão passando. E que, para superá-lo, depende de vocês com a ajuda e a benção de Deus. E Ele quer fazer isso por vocês. Aliás, Ele já está fazendo, levando-o para esse Encontro.”.
“Quer saber: Todos ou quase todos passamos pelo que vocês estão passando. Bom? Horrível! Gostoso? Terrível!”.
“Lembrei à sua mãe, outro dia: nós também passamos por esses momentos. Mas nos lembramos de você – sim, do nosso filho. Único filho. Do que havíamos construído juntos até ali. Do que nos ocorreu dizer, lá atrás, perante o Senhor. E de forma espontânea.”.
“Como você está indo ao encontro do Senhor, vá! Mas vá pensando em se reencontrar com sua família. Em conquistar força para continuar a sua caminhada...”.  
“Lembre-se: vocês têm dois filhos maravilhosos que precisam de vocês. Porque amam vocês. E por eles todo ‘sacrifício’ que vocês fizerem para mantê-los perto de vocês, na convivência de vocês, ainda será pouco diante das bênçãos que vocês terão do Senhor em suas vidas. E para sempre.”.
“Estou, portanto, muito feliz em saber que você vai a esse ‘Encontro’ à procura de ajuda. Depois de alcançada a graça que venha ao seu lado o reencontro de você e sua esposa. Com a Santa Igreja.”.


“É o que peço, todo dia, ao Senhor para você, meu filho.”.
“Para mim, só peço a Deus paz e saúde para poder, em vida, assistir à ascensão de meus netos. Às suas conquistas que advirão com as graças do Senhor. E para minha felicidade plena.”
“Fiz bem, Givaldo, em dizer-lhe tudo isso? Você acha que com essas palavras que o disse, ele vai acabar com essa ideia maluca de separação?”
Fiz-lhe ver da imprevisibilidade do que acontecerá daqui para frente. Mas elogiei sua postura de pai, dizendo-lhe ser provável que diante de seus exemplos, de seus conselhos, de suas ponderações, seja previsível um entendimento do casal. E, ademais, o “Encontro” terá tudo a ver. Suas palavras, dirigidas ao seu filho, saíram do seu o coração. E ele haverá de entender. Foram palavras pronunciadas pelo experimento de vida que você mesmo tivera.
Vi, já tarde, o casal sair de minha casa, feliz. Não sei se pelas palavras que dirigi a ele, ou se pelo vinho que degustáramos. Eu, Emília e eles. Nós quatro.
De uma coisa, no entanto, estou certo: temos que ter paciência para ouvir. Com ela você pode fazer verdadeiros milagres. Fui pra cama, feliz. Pelo bem que penso ter feito àquele dileto amigo. 

·         Figura pública. Advogado de empresas. Empresário.

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