quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

COVID-19: A urgência da vacina para o bem da saúde e da economia de Pernambuco e do Brasil

 

Por Antonio Fernando
Deputado Estadual

Apenas a título de sugestão, gostaria de propor à sociedade em geral, instituições civis e mesmo Organizações Não Governamentais (ONG´s) o lançamento imediato de uma campanha social de reivindicação, através das redes sociais, em Pernambuco e no Brasil: “Vacinação Já!” Basta pensar um pouco e reunir meia-dúzia de dados concretos para chegar à conclusão de que já estamos atrasados nas medidas urgentes e necessárias para o início das ações de imunização maciça da população brasileira contra o novo Coronavírus.

Há um mês (exatamente no dia 07.12.2020) tive a oportunidade de alertar o Secretário Estadual de Saúde, Dr. André Longo, durante um evento virtual da Assembleia Legislativa, sobre a necessidade de Pernambuco não ficar a reboque do Governo Federal para a vacinação contra a COVID-19. E, ao que parece, infelizmente, nossas previsões estavam certas: o País está postergando uma medida fundamental para a retomada das atividades na economia e na vida das pessoas, atingidas pela pandemia do novo Coronavírus.

A meu ver, não há razões que justifiquem o Brasil ainda não ter iniciado a vacinação contra a COVID-19. Afinal, todos sabem: a imunização em massa é o único caminho seguro para vencer a pandemia. A começar pelas razões técnicas de saúde pública: qual o motivo de vacinas já aprovadas por agências de saúde internacionais, como a Agência de Regulação de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos – FDA; o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (National Health Service – NHS); o serviço de controle de medicamentos do governo Japonês; e até mesmo a Organização Mundial de Saúde – OMS; não serem ainda reconhecidas pela Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária?

Se o momento é emergencial, por que não apressar os trâmites, aceitando os testes já realizados por tantos órgãos mundialmente reconhecidos? Alguns dos nossos vizinhos, como a Argentina e o Chile, que apesar terem economias menos poderosas do que o Brasil, partiram na frente e já estão vacinando. A flexibilização desta decisão é questão de vida ou de morte, já que os dados mais recentes apontam números acima de 600 mortes por dia no País. E desde o início da pandemia já se perderam quase 200 mil vidas (196.029 óbitos) no Brasil, com registro de 7 milhões e 700 mil casos da doença. Números realmente assombrosos, já que o Brasil é o vice-campeão mundial de contaminados, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Não é preciso ir muito longe para perceber a gravidade da situação e a urgência da vacinação.
Tomemos o exemplo do Sertão do Araripe, que dispõe de 38 leitos de UTI-COVID (30 em Araripina e 8 em Ouricuri), todos lotados. Botando na ponta do lápis, cada leito “não-ocupado” custa R$ 800,00 por dia, como forma de indenização aos hospitais, só para reserva-los para os casos de coronavírus. E se o leito estiver ocupado por paciente COVID, esse custo dispara para R$ 1.600,00 diários. Ou seja: só os leitos de UTI do Araripe podem chegar a custar a bagatela de R$ 1 milhão e 824 mil mensais para o SUS. Agora, no caso de lotação total com casos de COVID-19, multiplique isso pelos mais de 12 mil leitos de UTI já instalados pelo SUS nos 26 Estados brasileiros e no Distrito Federal, que o número poderia atingir até R$ 500 milhões mensais. São custos maiúsculos, verdadeiramente estratosféricos!

Em contrapartida, numa pesquisa rápida, identificamos que o preço de cada dose das vacinas contra a COVID, já aprovadas e disponíveis no mercado mundial, custam entre R$ 100,00 e R$ 197,00. Assim, tomando-se por base o menor valor, só o custo mensal das UTI’s do Araripe (que são poucas) daria para vacinar quase 20 mil pessoas. Tudo dependeria de uma decisão política para a melhor aplicação dos recursos. Afinal de contas, só para comparar, durante a Copa do Mundo do Brasil (2014) foram investidos R$ 31 bilhões no evento esportivo e não faltou dinheiro para a construção de estádios monumentais. Leve-se em conta que salvar vidas é uma coisa que não tem preço!

Ressaltamos que, nestas contas acima, citamos apenas as despesas fixas com os leitos de UTI. Mas há outros referenciais: se considerarmos, por exemplo, os exames de PCR, que custam cerca de R$ 72,00 a unidade, e que cada pessoa diagnosticada com a doença precisa fazer, no mínimo, 2 exames (quando é internada e quando recebe alta) o valor seria de R$ 144,00 por paciente. Em resumo, também um valor superior a cada dose da vacina mais barata, que é de R$ 100,00. Isto é, a vacinação custa menos do que o teste para verificar se o paciente está contaminado.

Poderíamos reunir muitos outros exemplos, mas acredito que estes já são suficientes para demostrar que não há uma impossibilidade técnica, e muito menos econômica, para o início imediato da vacinação contra a COVID-19 no Brasil. A questão econômica aponta justamente o contrário: os 7,7 milhões de contaminados pela COVID-19 representam 3,6% da população de 211,8 milhões de brasileiros. E quanto mais se demora com as imunizações mais pessoas adoecem, crescem as despesas e se desorganiza a economia por falta de segurança na atividade econômica, gerando cada vez mais desemprego e a necessidade de auxílios emergenciais para garantir a sobrevivência das famílias.

Neste momento, acredito firmemente, a questão não é mesmo nada técnica nem econômica: o que falta é decisão política! Por isso, a minha sugestão no início deste artigo: a população (por si só ou via instituições independentes) precisa fazer valer a sua voz, demonstrar a sua indignação e cobrar com todas as forças: “Vacinação Já!”

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