sexta-feira, 6 de junho de 2025

O impasse do Brasil para 2026 — nem Lula, nem Bolsonaro?

 

Foto: Nelson Almeida/AFP

Por Edmar Lyra

A pesquisa da Quaest revela um dado político intrigante: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agora empata em um eventual segundo turno não apenas com Jair Bolsonaro (PL), mas também com outros nomes da direita, como Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro, Ratinho Jr. e Eduardo Leite. Em abril, Lula ainda liderava contra todos, exceto Bolsonaro. O cenário atual aponta para uma estagnação do petista e uma movimentação estratégica dos nomes associados ao bolsonarismo.

A leitura é clara: a rejeição ao governo Lula, que já era significativa, começa a se refletir diretamente nas intenções de voto. Lula tem hoje 57% de rejeição, tecnicamente empatado com Bolsonaro, que marca 55%. Ambos enfrentam um cenário de desgaste profundo: 66% dos entrevistados não querem Lula candidato em 2026, e 65% são contra uma nova candidatura de Bolsonaro — mesmo este estando atualmente inelegível.

O que impressiona é o crescimento das alternativas da direita. Tarcísio, por exemplo, viu seu índice de desconhecimento cair de 45% para 39% em cinco meses. O mesmo vale para Michelle Bolsonaro, que já empata com Lula dentro da margem de erro. Esses dados mostram que, apesar de ainda não serem figuras nacionais consolidadas, os herdeiros políticos de Bolsonaro começam a ocupar um espaço de protagonismo — impulsionados, sobretudo, pela fadiga do eleitorado com os dois principais polos da política brasileira.

A pesquisa indica ainda que o eleitorado vive um dilema emocional: 45% dizem temer o retorno de Bolsonaro, enquanto 40% temem a continuidade de Lula. Essa divisão é um retrato da polarização que segue firme — mas sem entusiasmo. O aumento do voto branco, nulo ou da abstenção em todos os cenários também reforça esse desalento.

Se a eleição fosse hoje, Lula enfrentaria dificuldades reais para conquistar um novo mandato. E a direita, mesmo sem seu líder principal habilitado, encontra nomes viáveis para o segundo turno. O jogo está aberto, mas sinaliza que o Brasil poderá, em 2026, caminhar para um segundo turno entre velhos nomes e novas caras — todas, por enquanto, empatadas na incerteza do eleitorado. A disputa, ao que tudo indica, será menos por carisma e mais pela menor rejeição.

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