terça-feira, 1 de novembro de 2016

Viagem de papa Francisco à Suécia marca aproximação com protestantes


Enquanto os teólogos luteranos e católicos continuam o seu lento diálogo doutrinal iniciado há 50 anos, a ambição do papa argentino é aproximar, por meio de ações concretas, os 1,2 bilhão de fiéis católicos de seus irmãos protestantes. "É uma viagem importante" de um ponto de vista ecumênico, declarou o papa a jornalistas presentes no avião que o levou a Malmö, no extremo sul da Suécia, onde participa de uma série de celebrações.
"Devemos olhar nosso passado com amor e honestidade, reconhecer nossa culpa e pedir perdão", declarou o papa mais tarde em uma homilia, rodeado de pastores protestantes, durante uma oração ecumênica na catedral luterana de Lund (sul). A Igreja católica também homenageou a contribuição de Lutero: "com gratidão, reconhecemos que a Reforma contribuiu para dar um papel central à santa escritura na vida da Igreja", declarou Francisco em sua homilia.
Durante a cerimônia, o cardeal suíço Kurt Koch recordou "os fracassos" dos católicos e luteranos, que "provocaram a morte de centenas de milhares de pessoas". "Lamentamos o dano causado mutuamente por católicos e luteranos", acrescentou.
"Não podemos nos resignar à divisão e ao afastamento que a separação provocou entre nós. Temos a ocasião de reparar um momento crucial de nossa história, superando as polêmicas e mal-entendidos que impediram o entendimento entre nós", afirmou o papa Francisco.
Um diálogo difícil
Em um longo sermão, o pastor Martin Junge, secretário-geral da Federação Luterana Mundial, que organiza o evento, também considerou que este "momento histórico" é uma oportunidade para que católicos e luteranos "se distanciem de um passado marcado pelo conflito e a divisão". A presença do papa para lançar um ano cheio de eventos em torno Lutero (particularmente na Alemanha) despertou o entusiasmo de todos aqueles que promovem a unidade dos cristãos em um mundo cada vez mais secularizado.
Mas a iniciativa não agrada a ala mais conservadora da Igreja. No início deste ano, o guardião do dogma no Vaticano, o cardeal alemão Gerhard Ludwig Müller, havia considerado "que não existe nenhuma razão para celebrar" a Reforma, que "levou ao colapso do cristianismo ocidental".
Um encontro ecumênico em um estádio de Malmö, cujo tema central será a crise na Síria, será mais um dos destaques da visita do papa em um país que acolheu 245.000 refugiados entre 2014 e 2015.
Mais de 800 milhões de protestantes
A Igrejas protestantes se reúnem em torno de três princípios fundamentais: a preponderância da Bíblia ("a única Escritura"), a importância da fé ("a única Fé"), que se pratica de forma pessoal, e a noção de graça ("a única Graça"), que permite salvar o homem sem a noção de mérito e redenção do catolicismo. Repartidos em uma variedade de Igrejas, a quantidade de protestantes em todo mundo é difícil de avaliar. Mas o centro de pesquisas independente americano das religiões Pew Research Centre calcula, segundo relatório de 2011, que há cerca 801 milhões de protestantes.
De acordo com um balanço do Museu Virtual do Protestantismo, os evangélicos seriam 500 milhões, os pentecostais, 200 milhões; os anglicanos, 70 milhões; os luteranos, 65 milhões e os reformados 50 milhões.

(Com informações da AFP)

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