Nacho Doce | Reuters Derrotados e divididos
O Globo Por Bernanrdo Mello Franco
Na semana passada, a oposição promoveu dois atos públicos contra o governo de Jair Bolsonaro. Os protestos mostraram como os traumas da derrota em 2018 ainda dividem a esquerda. A exemplo do que aconteceu na campanha, Ciro Gomes e Fernando Haddad evitaram dividir o mesmo palanque.
Na segunda-feira, Ciro participou do ato “Direitos Já”, em São Paulo. Haddad foi convidado, mas não apareceu. Dois dias depois, o petista desembarcou em Brasília para o lançamento de uma frente parlamentar nacionalista. Desta vez, Ciro não deu as caras.
O jogo de gato e rato tem sido comum desde a posse do capitão. Os ex-presidenciáveis chegaram a se cruzar no último dia 30, na abertura de um festival de cinema em Fortaleza. O clima foi de constrangimento. Para desgosto de Ciro, a plateia saudou a chegada de Haddad com gritos de “Lula Livre”. Eles se cumprimentaram rapidamente e se afastaram.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, admite que a tensão só aumenta desde fevereiro, quando o ex-governador do Ceará bateu boca com estudantes por causa de Lula. “O Ciro e o PT ficaram quase inconversáveis. Estamos tentando evitar que isso vire uma guerra sem fim”, diz o pedetista. “O Brasil está vivendo um momento grave. É hora de ter um pouco de juízo, de pensar acima dos interesses individuais”, apela.
A disputa entre ciristas e lulistas não é o único problema a imobilizar a esquerda em 2019. No lançamento da frente parlamentar, o ex-presidenciável Guilherme Boulos, do PSOL, reconheceu que a oposição tem penado para acompanhar a velocidade de Bolsonaro.
“A cada dia, são dois ou três absurdos. Você levanta de manhã, e ele demitiu o presidente do Inpe. Quando vai reagir, ele já indicou o filho para ser embaixador. Depois, ele pauta a venda de um banco público. Neste ritmo, eles tentam paralisar a nossa reação”, disse.
Pelo visto, estão conseguindo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário