Álbum da pernambucana está nas principais plataformas digitais e, em breve, ganhará versão física
Após lançar três singles, a pernambucana Laís de Assis lançou, nesta sexta (26), o primeiro disco da carreira. "Ressêmantica", que está disponível nas principais plataformas digitais, carrega a essência do feminino ancestral, em suas 13 faixas. O álbum explora novas sonoridades da viola nordestina, mas que buscam preservar o singular sotaque dessa linguagem. A maior parte das criações foram compostas e arranjadas pela própria artista. Ouça aqui.
“O disco é resultado da minha liberdade artística e criativa em relação à viola, de tudo que vivenciei na vida até chegar nele. ‘Ressêmantica’ é parte de mim que se transformou em som. Minha musicalidade vem muito disso, de incorporar vários elementos dentro do sotaque da viola nordestina, de criar essas imagens sonoras”, explica Laís, que foi encedora nacional do Prêmio Profissionais da Música 2021 na categoria Violas e Violeiros
A obra tem produção e direção musical de Yuri Queiroga, design e ilustrações de Karina Freitas e produção geral de Naara Santos. A mixagem foi realizada por André Oliveira, no estúdio Muzak, no Recife. A masterização foi realizada pelo engenheiro de áudio Homero Lotito, do Reference Mastering Studio, de São Paulo.
"Ressêmantica" no Spotify , no Deezer e no YouTube
Ciclo dividido em três ambientes
"Ressêmantica" segue um roteiro, um ciclo que propõe três ambientes diferentes, envolvidos pela viola solo, banda base de Laís e participações, que ela chama de uma “conversa sonora”.
As aberturas de cada bloco são pontuadas por poesias de Graça Nascimento, da cidade de Canhotinho, localizada no agreste de Pernambuco. “Graça é mulher potente, que deixa sua marca por onde passa. Com ela aprendo cada vez mais sobre a liberdade do eu feminino e minhas ressignificações”, exalta Laís.
Na primeira parte, as composições fazem alusões à ideia de chão, de raízes fincadas e ancestralidades, com participações das mulheres da aldeia indígena Tuxá e da cantora e rabequeira Renata Rosa. Essa abertura é representada pelas faixas “Coragem”, ‘Entre Luas e auroras”, “Mãe D'água”, ''Centelha” e ''Terra Vermelha” – primeiro single lançado por Laís, o qual conta com participação do percussionista Gilú Amaral.
A segunda trabalha com o conceito de descoberta, reconhecimento e aceitações baseadas nas músicas “Morada”, “Cortando caminho, “Frevo para um carnaval que não passou” (com participação do trombonista Nilsinho Amarante), “Ponteada” e ‘A Dama de Espadas”. Esta foi composta pelo violeiro Adelmo Arcoverde, que divide o arranjo e a interpretação da viola de dez cordas com a sua pupila.
O terceiro ambiente aborda a exploração, a “ressemantização”, a volta ao passado para ressignificar o presente, adentrar novos espaços, liberdade e experimentação com “Será sina?”, “Ressemântica” e “Uma carta para a saudade”. “Aqui eu exploro mais elementos incomuns para a viola nordestina, a ideia de liberdade. A poesia dessa parte possui uma poesia muito tensa e inquietante. Daí o ciclo se inicia de novo”, detalha a violeira e educadora.
No disco, a banda de Laís é formada por Johann Brehmer (percuteria) e Alex Santana (tuba).
"Ressemântica" foi financiado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura-PE), do Governo de Pernambuco, tendo como proponente e administradora do projeto Ana Cristina Bezerra de Melo Nascimento. Em breve, a obra também vai ganhar uma versão física.
Trajetória de Laís de Assis
Formada em viola de dez cordas (2018) e violão popular (2013) pelo Conservatório Pernambucano de Música, Laís de Assis foi aluna do professor e mestre violeiro Adelmo Arcoverde. É graduada em Música Licenciatura pela UFPE (2016), mestre em etnomusicologia pela UFPB (2018).
Participou de importantes eventos como o Festival RecBeat-SP (2021), Festival Cordas World Music-Açores, Portugal (2021), Festival Duos (2021), do Projeto Memória Brasileira-Violeiros do Brasil (2021), Sesc Jazz-Sesc Pompéia SP (2021) com Amaro Freitas e Ancestral Cumbe e da Abertura do Festival Janeiro de Grandes Espetáculos (2021).
Além do trabalho com a viola solo, Laís se apresenta com seu trio, integrado por Alex Santana (tuba) e Gilú Amaral (percussão). É ex-integrante do coletivo artístico feminino “A Dita Curva” e tem acompanhado vários artistas da cena musical pernambucana como as cantoras Isaar e Renata Rosa.
Foi professora de música do Sesc Pernambuco (2017-2020), onde coordenou alguns coletivos artísticos, dentre eles o Núcleo de Pesquisa em Música Nordestina e dirigiu o espetáculo musical instrumental “Desemudecer” do Grupo de Choro do Sesc-PE, em 2019.
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FOTOS CRÉDITO: SIDARTA
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