quinta-feira, 28 de julho de 2022

Ação formativa no FIG promove escuta com Povos Indígenas e de Matriz Africana

 As rodas de diálogo acontecem nos dias 28 e 29, na Casa dos Saberes (AESGA)


O Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) se notabilizou como uma das principais ações de política pública de cultura da Secretaria de Cultura de Pernambuco e Fundarpe. Sendo assim, o próprio festival se transforma num espaço para produção de conhecimentos e reflexões acerca de temas relevantes e urgentes para a cultura, em toda sua diversidade de expressões, mas também territorial.

Um dos destaques na programação formativa dos 30 anos do FIG serão os debates sobre o impacto das políticas públicas de cultura para e nos territórios e comunidades tradicionais. Esse é o eixo norteador da ação “Rodas de Diálogo com os Povos Tradicionais”, que acontece nos dias 28 e 29 de julho (quinta e sexta-feira), na Casa dos Saberes (AESGA, na Avenida Caruaru, 508, Heliópolis – Garanhuns – PE, das 14 às 18h.

O primeiro dia será com representantes dos Povos Originários (povos indígenas) e, no segundo dia, a conversa será com Povos de Matriz Africana, neste caso, representações das comunidades de Terreiros de Matriz Africana. O formato de “rodas de diálogo” acontece por entender que o protagonismo dessas comunidades no fazer cultural precisa ganhar visibilidade nas ações de políticas públicas para o setor.

“O FIG 2022, além de sua força artística e sua função primordial no fomento à cultura, está sendo também um espaço de formação, de articulação, mobilização e fomento ao debate sobre políticas culturais. As rodas de diálogo com povos tradicionais e segmentos sociais serão um espaço privilegiado para impulsionar o debate sobre as políticas públicas de cultura que valorizem e garantam a participação dos povos e comunidades tradicionais, as tradições e expressões culturais preservadas por essas”, diz Júnior Afro, vice-presidente da Fundarpe e um dos articuladores do encontro.

No primeiro dia, o encontro contará com a participação da Cacica Valquíria Kyalonã Karaxuwanassu, Cacica Dorinha Pankará, Iara almeida, do Povo Funi-ô, de Águas Belas; Jorge Silva, do Povo Pankararú de Tacaratú; Cacique Bertinho, do Povo Truká, de Cabrobó; Guilherme Magalhães (Guila Xucuru), do Povo Xukurú, de Pesqueira.

Na roda com os Povos de Matriz Africana é esperada a presença do Babalorixá Pai Ivo de Xambá; da Yalorixá, da coquista e comunicadora popular Mãe Beth de Oxum; da Professora Drª. Tereza França de Oyá; dos Babalorixás Pai Zan e Pai Ismael (ambos de Garanhuns); da ialorixá Mãe Fátima; das representantes do Conselho Estadual de Políticas Culturais de Pernambuco; de Andala Quituche (Seguimento de Cultura Popular) e Ana Paula Santana (Representante da Cultura de Matriz Indígena).

A mediação dos dois encontros será feita pelo gestor Júnior Afro, juntamente Isabelle Albuquerque, coordenadora do Núcleo Cultura Viva da Secult-PE, e Reginaldo Salvino, coordenador da Educação Escolar Quilombola, na Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco e da Coordenação Pedagógica das Oficinas do FIG.

“É um momento de escuta, queremos que os povos tradicionais em seus territórios sugiram, indiquem, digam qual é a política de cultura adequada às suas realidades. Ao final, teremos um documento e esse será o primeiro de outros diálogos que queremos fazer com representantes desses povos”, diz Reginaldo Salvino.

“Esse evento é de grande importância para nós povos indígenas, porque vivemos num país meio esquecido na questão de políticas públicas. A gente tem muita dificuldade em acessar as políticas, por conta da burocracia, de não ter pessoas que possam nos assessorar. Temos várias atividades e precisamos de projetos que possam fortalecer, na cultura, na agricultura familiar, no artesanato, principalmente, e que envolvam as mulheres”, comenta Dorinha Pankará.

“Os gestores públicos precisam ouvir os povos, as comunidades. Minha fala nesse dia vai trazer a trajetória dos povos de matriz africana na construção das políticas públicas nos últimos 15 anos. O que avançou, o que não avançou. Então vai ser um diálogo nessa perspectiva da construção de políticas para as comunidades de terreiro. A gente precisa mais do que nunca, num momento como hoje, dialogar com os povos originários e de terreiro, que construíram a cultura desse país”, coloca Mãe Beth de Oxum.

Serviço:

RODA DE DIÁLOGOS COM POVOS TRADICIONAIS

Local: Casa dos Saberes (Aesga), a partir das 14h

QUINTA (28) – POVOS ORIGINÁRIOS

SEXTA (29) – MATRIZ AFRICANA

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