quarta-feira, 23 de outubro de 2024

A ascensão e a queda de Marília Arraes: o apoio de Marília tem se mostrado mais um fardo do que uma bênção

 

Marília Arraes, outrora uma das promessas mais brilhantes da política pernambucana, enfrenta hoje um cenário desolador. Sua trajetória, que começou com grande entusiasmo e apoio popular, tem se transformado numa sucessão de derrotas e decepções que afastaram líderes e aliados estratégicos em todas as regiões de Pernambuco.

Desde sua pré-candidatura ao governo estadual em 2018 até a mais recente campanha para a prefeitura do Recife em 2020 e a tentativa fracassada de se eleger governadora em 2022, Marília acumulou uma lista de insatisfações e rupturas que reverberam por todo o estado. Do Sertão ao Cais, a narrativa é similar: ex-aliados, muitos deles com forte influência local, alegam terem sido deixados de lado, sem o apoio e o diálogo prometidos. A falta de habilidade política e atenção com seus parceiros municipais é citada como um dos principais fatores para esse afastamento massivo.

Marília, que chegou a ser uma das figuras mais celebradas de sua geração, parece ter se isolado numa trajetória errática. Os relatos sobre sua liderança são desanimadores. Onde antes havia expectativa de uma nova liderança progressista, agora há desapontamento e desconfiança. Em várias cidades, lideranças que antes apostavam em seu nome agora reavaliam suas alianças, buscando novos rumos e alternativas, pois Marília traiu seus parceiros políticos nas microrregiões de Pernambuco, dentre eles Luciano Duque o atual Deputado Estadual de Pernambuco e ex Prefeito de uma cidade estratégica como Serra Talhada. Também rompeu com o atual Prefeito da cidade de Paudalho, Marcelo Gouveia Presidente da associação Municipalista de Pernambuco, que foi coordenador geral da campanha para o governo de Pernambuco de 2022, além de todos os deputados estaduais eleitos pelo solidariedade com raríssima exceção de Lula Cabral. 

O impacto dessas rupturas foi sentido nas urnas. Em diversas campanhas, desde candidaturas a prefeituras até a de governadora, o apoio de Marília tem se mostrado mais um fardo do que uma bênção. Os números falam por si: candidatos apoiados por ela enfrentaram derrotas consecutivas, e a própria Marília amarga uma série de insucessos que enfraqueceram sua influência política.

O Partido Solidariedade, sua atual legenda, conseguiu eleger apenas um prefeito no estado, que ainda enfrenta problemas com a Justiça. A ausência de um pronunciamento de Marília sobre o desempenho eleitoral de seu partido em Pernambuco, seja para prefeitos, vices ou vereadores, gera ainda mais incômodo entre seus apoiadores. Há uma clara falta de direção, o que deixa os aliados em uma posição de insegurança quanto ao futuro.

A debandada de antigos parceiros é vista como o reflexo dessa crise interna. Antigos aliados do Solidariedade, e mesmo aqueles que tinham laços políticos com Marília, preferem agora se afastar de qualquer associação com a sua liderança. A reputação de Marília se deteriorou a tal ponto que muitos veem a aproximação com ela como um sinal de derrota anunciada.

Em meio a esse cenário, a perspectiva para 2026 parece sombria. Sem amigos ou parceiros políticos significativos em Pernambuco, Marília Arraes enfrenta o desafio de reverter uma imagem pública marcada pela falta de habilidade em construir e manter alianças. A história que será escrita sobre Marília Arraes, até aqui, é a de uma promessa que não se concretizou, de uma líder que perdeu o apoio daqueles que a colocaram no mapa político.

O que resta a Marília é uma reflexão sobre os erros cometidos e a busca por uma nova estratégia, se é que ainda há tempo para isso. Afinal, na política, lealdade é uma moeda preciosa, e a decepção é um custo alto que, uma vez cobrado, raramente oferece reembolso.

Pedro Ivo, ex-vereador de Barreiros

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