Por: Wladmir Paulino e Diario de Pernambuco
Foto: Divulgação |
O racha da Frente Popular de Pernambuco está consolidado com a disputa entre João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) no segundo turno para a Prefeitura do Recife. 'Fratura' e 'esquizofrenia política' foram as expressões utilizadas pelos cientistas políticos ouvidos pelo Diario de Pernambuco. Essa mesma origem ideológica da dupla também é o que pode dificultar na captação dos votos dos dois principais candidatos que ficaram de fora da segunda etapa: Mendonça (DEM) e Delegada Patrícia (Podemos).
O cientista político Thales Castro aponta que segundo turno é o momento de quem tem menos rejeição, mas com dois candidatos oriundos do mesmo espectro político isso tende a outro tipo de consequência, como, por exemplo, o surgimento de novos palanques.
"No segundo turno vamos ter uma esquerda fraturada, cada candidato clamando a herança da figura mítica de Miguel Arraes (governador de Pernambuco em três oportunidades, bisavô de João e avô de Marília). E toda fratura política começa a plantar sementes de fragilizações que podem surgir mais à frente", explica.
O também cientista político Juliano Domingues vê o cenário como uma espécie de esquizofrenia política, ao ressaltar o palanque comum dos partidos dos dois postulantes em nível estadual e o inevitável confronto mais aberto com o segundo turno.
"Isso deve provocar um atrito autofágico importante entre grupos da esquerda e da centro-esquerda no plano municipal, bem como uma espécie de esquizofrenia política, já que os dois partidos são aliados no plano estadual", pontua. Para ele, o cenário mais confortável para as forças progresssistas em Pernambuco seria um embate com uma candidatura posicionada mais para o centro-direita, como Mendonça ou Patrícia. Seria mais “saudável” para a esquerda/centro-esquerda enfrentar Mendonça no 2o turno. Isso incentivaria uma aproximação entre eleitores/militância do PSB/PT.
O cientista político Antônio Lucena traz outra avaliação para consolidação do racha: o aspecto vital para o PSB de comandar uma capital. Ele faz uma analogia com o oxigênio para ressaltar a importância do Recife para a legenda. "O PSB precisa muito da capital pernambucana, é como se fosse o ar para eles, pois, sem ela eles cairiam para a terceira divisão dos partidos", diz.
Estratégias
Para a segunda etapa do pleito, os cientistas têm opiniões que se complementam. Thales acredita numa pulverização dos votos de Mendonça e Patrícia enquanto Juliano vislumbra um aumento dos votos brancos/nulos e abstenções. A dificuldade maior ficaria para Marília, que precisa convencer os eleitores 'órfãos' para conseguir uma virada. Antônio vê uma tendência para Campos herdar ao menos uma parte desse eleitorado pela rejeição ao PT, ainda na esteira das eleições 2018 e a Operação Lava Jato.
Por isso, Juliano acredita que João deve apostar no discurso antipetista, já que o eleitor de Mendonça e Patrícia poderiam fazer o chamado 'voto útil'. Entre aqueles que fizerem essa opção, ela tende a ser pelo PSB, como voto útil contra o PT, uma vez que eleitores de Mendonça e de Patrícia tendem a se identificar com o lavajatismo e a se opor a uma candidatura petista.
O discurso da campanha de João Campos deve apostar, então, no anti-petismo como um voto útil".
A estratégia de Marília, com o 'peso' de representar a legenda que ainda carrega as cicatrizes do lavajatismo, seria mais difícil: convencer o eleitor socialista a mudar de opinião ou trazer para si os descontentes que se abstiveram da escolha, seja por votar branco/nulo ou não comparecer à seção eleitoral.
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