terça-feira, 14 de junho de 2022

Com candidatura de Danilo em baixa, Governo articula programa para silenciar críticas da imprensa


O projeto que recria o programa Todos Com a Nota avançou na tramitação pela Assembleia Legislativa. Brevemente, o Governo do Estado poderá ressuscitar uma ferramenta valorosa para abrandar críticas da imprensa nos principais veículos da Região Metropolitana e do Interior. Tudo por causa do famoso testemunhal, valor distribuído para os comunicadores de todas as regiões divulgarem o programa, que tem o intuito (no papel) de incentivar a população a pedir notas fiscais, mas por baixo dos panos é uma mordaça enrustida.

Utilizado durante todo o Governo Eduardo Campos, entre 2007 e 2014, o Todos Com a Nota reeditou programa da última gestão Miguel Arraes (1995-1998), que no Governo Jarbas recebeu outra alcunha. A iniciativa, porém, foi encerrada ainda no primeiro ano do Governo Paulo Câmara, em 2015. Coincidentemente, as críticas ao gestor proliferaram durante os anos subsequentes, principalmente no Interior pernambucano. Tanto que Câmara perdeu mais de um milhão de votos entre 2014 e 2018. Mesmo conseguindo a reeleição em primeiro turno, sua imagem como político sempre foi arranhada.

Informações de bastidores revelaram que na última edição, o programa distribuía verbas mensais para comunicadores de todo o Pernambuco, do mais humilde blog à rádios de grande audiência. Tudo no formato de testemunhal, aquele famoso texto em que os locutores divulgavam que o Todos com a Nota era o programa criado pelo Governo de Pernambuco para incentivar a cultura da nota fiscal e aumentar a arrecadação do estado, o que seria revertido em melhorias à população.

Porém, a realidade nas profissões de jornalista e radialista sempre foi de baixos salários, e por vezes o programa pagava mais aos comunicadores do que eles recebiam do próprio veículo em que trabalhavam. Em alguns casos, esse “plus” nos rendimentos chegava a R$ 5 mil mensais por jornalista, a depender do seu status. Não é difícil imaginar que essa relação facilmente descambaria para um controle de mídia, uma censura nos moldes socialistas. Um natural cerceamento de opinião, minuciosamente operado pela Secretaria de Imprensa em conjunto com a Casa Civil. Ninguém falaria mal contra um “patrão” que lhe pagasse mais que o próprio patrão, este aqui sem aspas.

Essa realidade está prestes a voltar. E há quem esteja ávido por isso, afinal a situação está muito pior do que há sete anos, quando Paulo Câmara cancelou o programa que agora luta para recriar, a tempo para surtir efeito nas eleições, onde seu candidato Danulo Cabral ocupa a reles quinta colocação. Resta também aguardar a maquiagem que darão aos números para alegar que o programa aumentará consideravelmente a arrecadação do estado, mas também serão omitidas as cifras distribuídas para suavizar a relação do governo na imprensa. Se o governo tivesse feito sua parte, não precisaria recorrer a tais expedientes e Danulo estaria eleito com um pé nas costas. Mas como diz a sabedoria popular, trabalhar dá muito trabalho.

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