Agora, a PEC das praias visa dar a propriedade para quem está ocupando. No caso, o ínclito Flávio Bolsonaro.
Colaboração Jair Tenório((Jairzinho)
Com a PEC da privatização das praias, Flávio Bolsonaro prepara-se para dar a maior tacada de sua vida.
A história é a seguinte:
Na década de 70, a cantora Clara Nunes
conseguiu da Marinha o usufruto da Ilha da Boa Viagem, um local icônico e
historicamente relevante situado na Baía da Guanabara. Clara transformou-a em
um refúgio pessoal e ponto de encontro para amigos e artistas. A casa principal
era decorada com elementos que refletiam sua paixão pela cultura brasileira e
pelo candomblé.
Após sua morte, em 1983, o marido Paulo César
Pinheiro passou a ilha para duas senhoras que pretendiam erguer um
empreendimento imobiliário, viúvas do sócio da M Locadora de Veículos e
Transportes Turísticos, mas não cuidaram de manter em dia o foro – o pagamento à Marinha. Uma
delas morreu, a outra, já idosa, e decidiu vender a propriedade.
Em 2019, o jogador Richarlison adquiriu a
ilha, reformou e ampliou enormemente a casa.
Em 2020, Flávio foi a Angra, em evento com o
pai Jair Bolsonaro e com o Ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas, para
a inauguração de um aeroporto. Lá, conheceu e se encantou com a casa.
Aí entra na parada o polêmico advogado Willer
Thomaz, representando Flávio Bolsonaro. Através de um processo enroladíssimo,
com diversas suspeitas e acusações, conseguiu tirar a ilha de Richarlison e
passar a Flávio, através de uma decisão 2ª Vara Cível da Comarca de Angra dos
Reis, Ivan Pereira Mirancos Júnior. A alegação é que a propriedade estava com o
foro (pagamento de aluguel à Marinha) atrasado. De fato, desde 1977 os
sucessivos proprietários não haviam registrado a ilha na Secretaria de
Patrimônio da União (SPU).
Segundo reportagem do Metrópoles, embora
envolta em suspeitas, a liminar permitiu que Flávio tomasse posse da ilha. O
argumento foi o de que as senhoras não tinham pagado o foro (o aluguel para a
Marinha), embora Richarlison estivesse negociando os atrasados.
Willer conseguiu a modificação na SPU em
tempo recorde. Na época, foi acusado pelos antigos donos de haver uma
assinatura falsa na documentação entregue,
No processo, Willer sustentou que tinha um
documento assinado por Maria Allice Menna – de 78 anos, viúva de um dos antigos
donos da M Locadora – transferindo sua parte da empresa para um dos sócios que,
por sua vez, teria concordado em vender para Tomaz.
A senhora, no entanto, recorreu à Justiça em
julho de 2022 dizendo ter sido enganada para assinar o documento, e pediu a
anulação de todo o processo que permitiu a posse de Flávio no imóvel. Willer
alegava que, em outras ocasiões, ela tinha reconhecido sua assinatura.
No entanto, ela garantiu que o documento
final, que passou a Willer a posse do imóvel, tinha uma assinatura falsa. Foi
com base nesse documento que, em questão de horas, Willer conseguiu o registro
no SPU.
Imediatamente após a liminar, expulsou a
família do empresário de Richarlison da casa, com extrema violência. Segundo o
Metrópoles, durante um período de 2022, a ilha chegou a ser protegida por
homens armados de fuzis, para impedir Richarlison de voltar ao imóvel. O juiz
simplesmente transferiu a posse da mansão para Tomaz Willer e nomeou Flávio
Bolsonaro fiel depositário da Ilha da Boa Viagem, e não proprietário. A
nomeação como fiel depositário significa que ele é responsável por cuidar da
propriedade enquanto a disputa judicial sobre a posse e a titularidade da ilha
continua.
Segundo documento obtido pelo Metrópoles, o
juiz extinguiu o caso, sem julgamento de mérito, e nomeou Flávio Bolsonaro fiel
depositário.
Agora, a PEC das praias visa dar a
propriedade para quem está ocupando. No caso, o ínclito Flávio Bolsonaro.
A PEC das Praias pode ser um bom motivo para
que Ministério Público e Polícia Federal revolvam as entranhas desse estranho
negócio.
Luis Nassif
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