Uma eleição histórica na Alepe
A eleição da mesa diretora da Assembleia Legislativa de Pernambuco teve um desfecho atípico, mas que fora construído ao longo dos últimos dois anos. Na disputa de 2023, Álvaro Porto obteve uma vitória expressiva para a presidência, tendo Gustavo Gouveia eleito para a primeira-secretaria. Ambos obtiveram a unanimidade dos votos.
Na eleição seguinte, que seria anulada pelo STF, pesou a relação do presidente e do primeiro-secretário com os pares. Graças ao prestígio de Álvaro, não houve bate-chapa na primeira-secretaria, e tanto o presidente quanto Gustavo Gouveia foram reconduzidos. Mas a decisão judicial acabou reforçando o que ambos plantaram ao longo de seus respectivos mandatos, uma nova disputa acabou possibilitando bate-chapa na primeira-secretaria.
Enquanto Álvaro não teve adversários, Gustavo teve pela frente Francismar Pontes, um parlamentar com excelente trânsito na Casa e que canalizava o sentimento de insatisfação com a gestão da primeira-secretaria. A construção de Francismar foi algo semeado por Gustavo, onde a insatisfação dos parlamentares era latente, agravando-se quando havia um comparativo entre a postura do primeiro-secretário e a do presidente.
Ou seja, o resultado de ontem foi uma consequência do que Gustavo Gouveia fez no período. Muitos atribuem a insatisfação ao fato de os Gouveia terem se fortalecido eleitoralmente, mas se houvesse uma relação positiva internamente, fatores externos como briga por bases, por exemplo, não teriam o efeito potencializado. Talvez sequer houvesse disputa. Então o que pesou efetivamente foi efeito do funcionamento interno da Casa, sendo potencializado por outras insatisfações.
O vento soprou a favor de Francismar, que no primeiro turno já teve 22 votos contra apenas 20 de Gouveia, que vale ressaltar, contou com o apoio irrestrito do presidente Álvaro Porto, mas sua dedicação e empenho graças ao prestígio obtido na Casa tinham efeito reduzido, a consolidação da vitória dependia de Gustavo, que pela relação com os pares, acabou se prejudicando eleitoralmente.
No segundo turno, apenas com 48 votos possíveis, Francismar atingiu 26 votos contra 19 de Gustavo e três votos nulos. Atores externos não tiveram a relevância que muitos querem atribuir, mais uma vez foi provada a autonomia das relações internas. Não foi um embate de governo e oposição, mas sim entre satisfeitos e insatisfeitos com a condução de Gustavo Gouveia na primeira-secretaria.
O resultado consolidou Álvaro Porto, que mostrou ser um presidente do diálogo e das entregas, sendo um defensor institucional da Casa, e possibilitou a Francismar Pontes a oportunidade de ocupar o cargo de primeiro-secretário após quatro mandatos na Assembleia Legislativa de Pernambuco. A vitória de Álvaro e Francismar é indiscutivelmente uma vitória da relação, da confiança e da credibilidade. Os parlamentares mandaram o recado, cabe a Francismar fazer jus a confiança obtida pelos pares. Álvaro Porto, com 37 votos, provou que continua tendo o reconhecimento da Casa pela excelente gestão que faz. O resultado foi histórico e mostrou que não se pode negligenciar a política.
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