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Por Edmar Lyra
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de nomear Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais pode ser considerada um dos movimentos mais equivocados de seu governo. Em vez de buscar um nome que facilitasse o diálogo com o Congresso e garantisse a governabilidade, Lula optou por uma figura que é vista com desconfiança até mesmo dentro da base governista e rejeitada pela maioria dos parlamentares.
A Secretaria de Relações Institucionais é um dos postos mais estratégicos da Esplanada dos Ministérios. O ocupante da cadeira precisa ter habilidade política, trânsito entre diferentes partidos e capacidade de negociação para garantir apoio ao governo em votações decisivas. No entanto, Gleisi é conhecida justamente pelo oposto: ideológica, inflexível e mais afeita ao embate do que ao consenso, sua presença no cargo torna ainda mais frágil a articulação política do governo Lula.
A relação entre o Planalto e o Congresso já não era das melhores. O governo enfrenta dificuldades em aprovar pautas essenciais e tem sido refém de um Congresso cada vez mais independente e pragmático. Nesse cenário, o ideal seria um nome que fosse respeitado por lideranças de diferentes espectros políticos e tivesse jogo de cintura para lidar com um Legislativo imprevisível. Ao escolher Gleisi, Lula praticamente decreta o colapso da interlocução institucional, pois entrega essa missão a alguém que coleciona desafetos e não tem credibilidade entre os parlamentares.
A tendência é que o governo enfrente ainda mais dificuldades para aprovar projetos e negociar emendas, abrindo espaço para um ambiente de instabilidade política e constantes derrotas no Congresso. A decisão revela também uma certa desconexão de Lula com a realidade política: em um momento que exige diálogo e habilidade, ele aposta na radicalização e na fidelidade partidária, em vez da governabilidade.
Com Gleisi na articulação política, a relação entre o Planalto e o Congresso só tende a piorar. E quem pagará o preço dessa escolha errada será o próprio governo, que pode ver sua base se esfarelar ainda mais nos próximos meses.
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