Os
mais premiados espetáculos da atualidade brasileira, de grupos de prestígio
internacional, estarão na programação teatral do FIG. O teatro no FIG se afirma
como uma das melhores e maiores programações de artes cênicas do país. Serão 20
intervenções de rua, 14 debates e 21 espetáculos que abordarão o combate à
intolerância, preconceito e discriminação social. Quatro espetáculos, entre
adultos e para infância, terão acessibilidade comunicacional em libras e
audiodescrição.
A luta
contra o machismo, o racismo, o preconceito social e a lgbtfobia será
amplamente debatida nas obras selecionadas. Essa é a aposta e o olhar
curatorial para a edição deste ano. Muitas obras são protagonizadas por negros,
como o carioca Contos Negreiros do Brasil de Marcelino Freire, a revelação do teatro caruaruense Poeta
Preto e os recifenses Histórias Bordadas em Mim e Luzir É Negro. O festival
traz obras que abordarão o machismo, relações familiares e o papel da mulher na
sociedade, como o espetáculo potiguar Violetas
e o carioca Dois Amores e Um Bicho.
O que repercute falar da relação do individuo contemporâneo, sua violência e
abandono, como igualmente foca a peça cearense Baldio.
Nesta edição de 2018,
essa temática curatorial dá destaque para o teatro documentário. Obras criadas
a partir de histórias reais estarão presentes em quase toda a programação, a
exemplo da paulista para infância As Três Marias, da gaúcha Caio do Céu, a
potiguar Nuestra Senhora de Las Nuvens, a paulista Carta 1: A Infância,
Promessa de Mãe, a olindense Solo de Guerra e a recifense Salmo 91. Também
estarão nos palcos do agreste pernambucano: as peças cariocas Tom Na Fazenda,
com o pernambucano Armando Babaioff e Gustavo Vaz, e a Cia. Barca dos Corações
Partidos com o festivo Auê de direção de Duda Maia.
A
programação para a infância ganha força nessa edição, além de As Três Marias, são destaque a peça
cearense Ogroleto do Grupo Pavilhão
da Magnólia e os Clowns de Shakespeare/RN com Abrazo.
O
espetáculo Um Minuto para Dizer que Te
Amo entra na programação em
parceria com o SESC Pernambuco. Já através da
convocatória municipal de Garanhuns foi elencada a peça Amores, Partidos da Teatrupe.
Em
parceria com o Movimento de Teatro Popular de Pernambuco, serão desenvolvidas
intervenções teatrais nas ruas da cidade, em comunidades descentralizadas. As
esquetes abordam a inclusão social.
Por ter sempre poucas diretoras e
críticas nas programações de
festivais em geral, a novidade desse ano é a ação Olhares - a mediação crítica por mulheres. Elencamos artistas e
palestrantes mulheres para debater os espetáculos de teatro. Serão elas: a
artista e crítica de arte Ana Carolina Marinho de São Paulo; a artista e
diretora Danielle Martins de Farias do Rio de Janeiro; a diretora, artista e
professora Eleonora Montenegro da Paraíba; e a diretora e professora Emanuelle
de Jesus de Pernambuco. Farão ações formativas como mediadoras dos debates após
a exibição das obras, junto ao público e os artistas.
Com o
tema-homenagem “Um viva a Liberdade!” a programação teatral do
festival 2018
mantém a tradição de provocar importantes debates entre arte e política, com
obras que falam para além do mundo ficcional.
Teremos
uma edição de arte militância, que aborda a relação do indivíduo com a cidade,
a urbanidade e sua violência, a política, suas crenças, suas memórias e suas
dores. A programação falará dos territórios de afetos, das narrativas humanas e
da resistência artística diante da opressão do sistema econômico e social
dominante.
José Neto Barbosa
Assessor de Teatro e Ópera
SECULT/PE|FUNDARPE
PROGRAMAÇÃO
Abertura
oficial:
AUÊ (RJ)
Cia. Barca dos Corações Partidos
19 de julho (quinta-feira) - 18h
A peça foi
criada em processo coletivo com a diretora Duda Maia. Conhecida pela excelência
de suas obras, a companhia apresenta 21 canções autorais e inéditas em um
espetáculo que mescla teatro, dança, performance e, claro, música.
Mostra de Teatro Adulto:
NUESTRA SENHORA DE LAS NUVENS
(RN)
Grupo Clowns de Shakespeare
20 de julho (sexta-feira) - 18h
O grupo é um dos mais respeitados
do Brasil. Partindo da obra de Arístides Vargas, investiga as relações da
memória e identidade, somando também as experiências provocadas pelo golpe
militar brasileiro de 1964.
UM MINUTO PARA
DIZER QUE
TE AMO (PE)
Matraca Grupo de Teatro (SESC
Pernambuco)
21 de julho (sábado) - 18h
A peça tem
se destacado em Pernambuco. Fala da vida, morte, solidão e memória. Um homem
idoso e seu filho. Uma mulher de idade avançada e sua cuidadora. Separados pelo
Alzheimer, encontram-se através do passado para dizer eu te amo.
TOM NA FAZENDA (RJ)
ABGV e Galharufa Produções
22 de julho (domingo) - 18h
Um dos
espetáculos brasileiros mais respeitados dos últimos tempos. Após a morte do
seu companheiro, o publicitário Tom vai à fazenda da família para o funeral.
Descobre que a sogra nunca tinha ouvido falar dele e tampouco sabia que o
filho era gay.
AMORES PARTIDOS (GARANHUNS)
Teatrupe
23 de julho (segunda-feira) - 18h
Selecionado através de
convocatória municipal de Garanhuns. Trágico-dramático inspirado na Revolução
Praieira de 1845, que ocorreu em Pernambuco. A Teatrupe é da Universidade de
Pernambuco.
CONTOS NEGREIROS DO BRASIL (RJ)
Diverso Cultural e Desenvolvimento
26 de julho (quinta-feira) - 18h
A obra foi
escrita pelo renomado Marcelino Freire. Trata-se de um espetáculo documentário
sobre a condição real e atual da negra e do negro no Brasil; seja o jovem
estudante, o gay negro, a negra hipersexualizada pela sociedade, o menor
infrator, a prostituta e a idosa.
CAIO DO CÉU (RS)
Companhia de Solos & Bem
Acompanhados
27 de julho (sexta-feira) - 18h - com
audiodescrição e libras
Transpõe o
universo de Caio Fernando Abreu para o
palco através de diversas linguagens e traz para a cena o próprio Caio por meio
de vídeos com trechos de suas entrevistas. Um olhar emocionante e de intimidade
da gaúcha Deborah Finocchiaro.
CARTA 1: A INFÂNCIA, PROMESSA DE
MÃE (SP)
Coletivo Estopô Balaio
28 de julho (sábado) - 18h - com
audiodescrição e libras
Sucesso por
sua ousadia e poética, o Coletivo reuniu cartas sobre vidas reais. A peça foi
escrita a partir de narrativas de uma série de pessoas que passavam por
estações de trem e metrôs de São Paulo. Selecionaram três cartas e criaram
espetáculos a partir delas. A primeira conta a historia de Erick, filho de
bolivianos.
3ª Mostra de Teatro
Alternativo:
POETA PRETO (PE)
Trupe Veja Bem Meu Bem
21 de julho (sábado) - 21h
Revelação do teatro caruaruense,
a peça de Rosberg Adonai é a reverberação de um eco absurdo de uma
inconsistência poética, frenética e traumatizada pelos preconceitos e pelo peso
de ser. Expõe sentimentos, medos, constatações, se encontrando e se perdendo em
viagens cósmicas.
SALMO 91 (PE)
Cênicas Cia. de Repertório
22 de julho (domingo) - 21h
Adaptação do
best-seller Estação Carandiru, traz uma leitura muito verossímil acerca do
massacre carcerário de 1992, um dos episódios mais sangrentos da história do
país, que terminou com a morte de 111 presos. A Cia. é uma das mais atuantes de
Pernambuco.
DOIS AMORES E UM BICHO (RJ)
Notórias Produções
23 de julho (segunda-feira) - 21h
Evidenciado no teatro
carioca, a peça fala de uma família, que ao visitar o zoológico, relembra
histórias de seu passado, em especial a prisão do pai, por ter assassinado o
próprio cachorro. Este retorno é um acerto de contas entre as expectativas
familiares, as pressões sociais e a selvageria.
VIOLETAS (RN)
Cia. Violetas de Teatro
24 de julho (terça-feira) - 21h
Quem são
essas mulheres guerreiras do lar? Sonhadoras anônimas que realizam atos
cotidianos de amor e heroísmo? Conta a história da vovó Wilma, mas também é a
história da Neuma, dona Maria e de tantas outras. Como remendar a própria alma?
Mayra Montenegro se destaca por sua atuação.
LUZIR É NEGRO (PE)
Grupo Teatro de Fronteira
25 de julho (quarta-feira) - 21h
Grupo atuante do Recife. A peça é
uma investigação sobre o racismo e suas manifestações na vida de um homem negro,
nordestino, gay, candomblecista e periférico.
HISTÓRIAS BORDADAS EM MIM (PE)
AgriDoce
26 de julho (quinta-feira) - 21h
Um chá com
tareco e um aninhavar de histórias. A personagem é por acaso a própria atriz
que, sentada em um baú, conta histórias que viveu em sua vida, bebe da fonte de
uma pesquisa no griot, que oralmente inclui o público nas histórias. Estrelado
pela multiartista Agrinez Melo.
SOLO DE GUERRA (PE)
Cleyton Cabral
27 de julho (sexta-feira) - 21h
Protagonizado
pelo premiado dramaturgo, a peça trata de um homem em pé de guerra com o seu
passado e o mundo que o cerca. Um corpo que guarda o que as palavras dizem
abertamente. A guerra aqui é travada entre soldadinhos verdes e Barbies.
BALDÍO (CE)
Grupo Pavilhão da Magnólia
28 de julho (sábado) - 21h
Cinco atores
em quadros cênicos abordando histórias reais do próprio grupo, um dos mais
respeitados do Ceará. Temas como a morte, o estar-no-mundo, a possibilidade do
encontro, que se costuram por meio dos relatos, em uma junção de cena,
audiovisual e literatura.
Mostra de Teatro para
Infância:
ABRAZO (RN)
Grupo Clowns de Shakespeare
21 de julho (sábado) - 10h
Num lugar em
que não é permitido abraçar, personagens contam histórias de encontros,
despedidas, opressão, exílio e, porque não, de afeto e liberdade. O espetáculo
feito sem a palavra oral, inspirada em “O Livro dos Abraços”, de Eduardo
Galeano. Os Clowns de Shakespeare são reconhecidos por sua trajetória no teatro
brasileiro.
OGROLETO (CE)
Grupo Pavilhão da Magnólia
27 de julho (sexta-feira) - 10h - com
audiodescrição e libras
Uma criança
descobre que não é igual às outras e precisa aceitar essa diferença para
enfrentar a dificuldade de adaptação, lidando com o sentimento de inadequação e
com a frustração que envolvem esta descoberta. O Pavilhão da Magnólia é um
renomado grupo cearense.
AS TRÊS MARIAS (SP)
Núcleo Chicote de Língua
28 de julho (sábado) - 10h - com
audiodescrição e libras
Um dos mais
belos espetáculos para infância dos últimos tempos. A obra é o olhar de três
crianças: Maria Melancolia, Maria Alegria e Maria Faminta. Traz de forma
sensível questões sociais como: moradia, acessibilidade à bens culturais,
distribuição de renda, alimentação e o modo de vida nas periferias.
Ações descentralizadas de Teatro:
ESQUETES
DE TEATRAO DE RUA COM TEMÁTICA EM COMBATE À INTOLERÂNCIA, PRECONCEITO E
DISCRIMINAÇÃO SOCIAL (PE)
Movimento de Teatro Popular
24
a 28 de julho (terça a sábado)
20 intervenções teatrais de rua que
dialogam com bufonaria, palhaçaria, arte de rua, máscaras, elementos populares,
poesia, teatro imagem e teatro dialético de Brecht. As ações acontecem em
lugares descentralizados na cidade.
OLHARES
- A MEDIAÇÃO CRÍTICA POR MULHERES
Ana Carolina Marinho (SP), Danielle
Martins de Farias (RJ), Eleonora Montenegro (PB) e Emanuelle de Jesus (PE)
19
a 28 de julho (quinta a sábado)
Ana Carolina
é atriz, diretora e roteirista. Colaboradora na Revista Antro Positivo, com a
qual faz a cobertura de importantes festivais de teatro, como MIT-SP, FIAC-Ba,
entre outros. Formada pela SP Escola de Teatro/SP. Integra o Coletivo Estopô
Balaio de São Paulo. É atriz convidada do Chicote de Língua. No audiovisual
dirigiu, roteirizou e atuou em filmes elencados por importantes festivais
nacionais como 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, e foi vencedor do
Festival de Aruand e do Fomento do Cinema Paulista.
Danielle
Martins de Farias é atriz, preparadora de elenco e diretora. Mestranda em
Artes da Cena pela UFRJ, pós-graduada em preparação de atores pela faculdade
Angel Vianna/RJ, formada pela Faculdade CAL/RJ, pelo Studio Fátima Toledo/SP e
pelo curso de formação de atores da CAL/RJ. Cursou o CPT de Antunes Filho/SP e
a escola Angel Viana/RJ. Bolsista em direção no CAT/Funarte de São Paulo.
Fundadora da companhia Alfândega 88/RJ, vencedora do Prêmio Shell Categoria
Especial.
A professora Eleonora Montenegro tem 44 anos de trajetória teatral.
Atualmente é professora de Artes da UFPB. Possui Mestrado em Artes Cênicas pela
UFBA, Especialização em Arte Educação/Artes Cênicas pela UFPB, graduação em
Licenciatura em Educação Artística, com habilitações em Música e em Artes
Cênicas, pela UFPB. Representou o Brasil por duas vezes junto à Escuela
Internacional de Teatro de la América Latina y el Caribe, na cidade de
Concepción del Uruguay - Entre Rios - Argentina e na cidade de Bologna, na
Itália. Conta com mais de 104 trabalhos de destaque em currículo, na área de
Teatro, Cinema, Música, Televisão e Dança.
Emanuelle de Jesus
é diretora e professora. Licenciatura em Educação Artística/Artes
Cênicas pela Universidade Federal de Pernambuco, Especialização em Cultura
Pernambucana pela Faculdade Frassinetti do Recife (FAFIRE) e Mestrado em Artes
Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Curadora e
coordenadora do Laboratório de Autoria Literária Ascenso Ferreira do Sesc Santa
Rita, onde assina também a curadoria do Usina Teatral.
ASSESSORIA DE TEATRO E ÓPERA:
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